sábado, 30 de agosto de 2003

À VOLTA DOS BLOGS, JORNAIS & OUTROS MAIS


- O texto (28/08) de Maria José Oliveira n'0 Público (Gazeta dos Blogues) é um exercício jornalístico curioso. A autora considera que há um debate político (e a modos que moderado ... tudo gente encantadora, é bom de ver) entre aqueles que apoda de "blogs politizados", todos bem intencionados a educar o mundo e que no seu mister esgrimem ideias para a crise, chaves e outras quinquilharias para acabar de vez com a crise da crise. Uma verdadeira e árdua "secção de pronto a pensar", digamos. Apesar de se saber que "tudo o que existe, não pode ser verdade", partimos, mesmo assim, em busca desse esperançoso corpus politikus que esses noviciados arautos proclamariam. Nada encontrámos que nos fizesse espanto, êxtase, gosto de olhar (em sentido freudiano), encantamentos redentores ou, mesmo lobrigámos, essa "crueldade lingual" que falava Pacheco. Apenas descobrimos uma "menopausa do espírito". O mito do debate/polémica nem "aparece nem desaparece: nunca acontece". Decididamente os Portas & Barrosos, os Guterres & Ferros, os Zé Fernandes ou os Graça Moura, não são de muita excitação, nem o novo melhoral contra o tédio da política caseira. Assim sendo - regressando ao texto - a prosa adocicada da jornalista leva, portanto, à consideração que o prazer displicente de outros "menos politizados", habitando na blogosfera lusitana, jaz estigmatizado à mesa do computador, pois muito mal armado está pelos Thomas Mann, Joyce, Dostoiewsky, Pessoa, Cesariny, Herberto, Gabriela Llansol, Derrida, Bourdieu, Espinoza, Giddens, Deleuze, O'Neill, Pacheco, que sei eu. Como as "massas" gostam de aparatchiks "politizados", temos de ter paciência, porque "nunca tivemos atados os tomates a nenhuma manjedoura" (Jorge de Sena). Vale!

- [sacado do Aviz]

"(...) Desconfio daqueles que vêm educar as massas e arrebanhar multidões (acho o proselitismo muito discutível). Desconfio ainda mais daqueles que se vêem investidos da missão de «acordar consciências» para pôr toda a gente a discutir e a «debater». Aqui deixamos o que queremos e só somos julgados por isso. Acho bem que existam blogs que citem, citem, citem, que exponham as suas paixões e que escondam os seus amores. Tudo se nota, quando é escrito. Escrever profundamente é mostrar os lugares da paixão (a paixão, a divergência, o ressentimento, o amor, a delicadeza, a tranquilidade), mas só quando se quer. Muitas vezes é só insónia. Só perguntas: e a noite, o que é? — por exemplo." (FJV)

- " (...) o factor mais importante para explicar muito do que se passa hoje no Iraque não é a "ocupação" americana do país, mas sim a verdadeira revolução social e política que esta provocou – o fim do poder hegemónico da minoria sunita face à maioria chiita". [in Abrupto, com o JPP em versão marxiana sobre "o poder". As saudades que eu já tinha!]

- "(...) Assim como grandes repórteres investigativos podem ser cronistas sofríveis, o facto de que tenho o poder de inaugurar minha página na Internet não deve me levar a concluir que tenha alguma coisa a dizer. Já vi ótimos comentaristas culturais que, deixados a sós com seu brinquedo, o blog, transformam-se em Narcisos pueris (...)". [via A Carta Roubada]

- um "blog optimista sobre o Benfica", eis o Nietzsche & Schopenhauer. Daqui, do castelo altaneiro nas margens do Mondego, mando um forte e caloroso abraço [via Aviz]

- para especialistas curiosos: "Schwarzenegger's Sex Talk", in The Smoking Gun