domingo, 31 de agosto de 2003
M.E.C., POPMUSIC E ESCRÍTICA POP
Com natural curiosidade segui com a atenção merecida, a conversa (via Homem a Dias) entre O Comprometido Espectador, Terras do Nunca e o próprio Homem a Dias, sobre música e em particular em torno da questão de dois livros escritos pelo M.E.C, até porque em post de 23 de Maio já os tinha citado, esperando agora que o próprio M.E.C possa esclarecer a questiúncula bibliófila. No entanto, aqui deixo umas referências, do que (julgo) sei:
- o livro Popmusic-Rock de Philipe Daufoy & Jean Pierre Sarton (Popmusic/Rock na versão original francesa, Éditions Champ Livre, Paris 1972) saiu no ano de 1974 pela Regra do Jogo, com tradução de Carlos Lemos. Posteriormente foi publicado (pelo menos) uma segunda edição que data de 1981 (a que tenho), onde surge um texto muito importante para os amantes a pop, pelo Miguel Esteves Cardoso, denominado "Ovo e o Novo /(Uma) discografia duma década / de rock: 1970-1980", considerado como posfácio á obra, citada.
Se o texto do M.E.C. (na 2ª edição) é importante, menor não deixa de ser o valioso ensaio dos autores franceses citados, tendo em conta os registos afectivos do período de 1974, aqui em Portugal. Daí entender-se o recurso à terminologia marxista na análise da pop music, que partindo da velha questão, bem smithiana diga-se, da distinção entre o trabalho produtivo e improdutivo, estabelece uma arqueologia da pop music rock através de questões como: a neutralização do seu poder de rebelião ou da sua poesis messiânica que revelaria, o seu posterior controlo na lógica da relação mercantil ou a perda da sua força de radicalidade/revolta, numa submissão simbólica a partir da produção de mercadoria por mercadoria, que tudo submete. Velhos tempos, diremos. [nota: o livro faz parte da bibliografia sobre musica, da cadeira de Linguagens da Comunicação, da Univ. Federal da Bahia]
Diga-se, ainda, que a segunda obra publicada pela mesma Regra do Jogo (editora do Porto) foi o excelente Free Jazz Black Power, de Philippe Carles/Jean Comolli, de 1986.
De outro modo, seria interessante referenciar algumas revistas/jornais saídos sobre o fenómeno da pop rock. Um jornal essencial foi O Memória de Elefante, publicado antes do 25 de Abril, que é hoje raro e peça de colecção. Curiosamente, do ponto de vista ideológico o jornal estava perto do "jovem" JPP, desses tempos.
- o livro Escrítica Pop / ... / Um quarto da quarta década do Rock 1980-1982, saiu editado pela Editorial Querco, Junho de 1982, 365 p.
Trata-se, como nos é dito inicialmente, numa recolha de textos escritos em Portugal e Inglaterra e anteriormente publicados n'O Jornal, O Se7e, Música e Som, etc. É um fabuloso livro de memórias musicais, paixões e (des)amores com musica em fundo. Crítica pop importante e valiosa. De muita estimação.