terça-feira, 29 de julho de 2003

VÁRIAS

* O Bridge dá cabo de um tipo. Quanto mais se joga (e perde) mais se quer continuar. No dia seguinte lá se anda a teorizar sobre as partidas, o maldito carteio, a não-voz do parceiro. Temo ficar a falar sobre bridge do mesmo modo que o Pedro Mexia discorre sobre o eterno feminino, tal o estado de neurose compulsiva verificada.

* Tenho ideia, que vi a Charlotte na TV. Se foi, então a Bomba faz parte daquela beleza convulsiva que falava Breton, isto é, está entre a erótico-velada e o mágico-circunstancial. E o gato Varandas, que saberá disso?

* Voltando ao Mexia, o porfiado crítico da poesis está decididamente reaccionário. Aquele post sobre a TSF é subscrito integralmente pelo Alberto João. Tal como ele, o Mexia vê vermelhos em todo o lado. Suspeito que a falta de pratica na sua confessada heterossexualidade, resulta tão somente de um excesso de investimento sádico-oral das palavras, no seguimento da analogia em Melanie Klein, entre o investimento genital e a fala, o canto ou a pena. Ora essa crueldade lingual (Luiz Pacheco dixit), por sinal ferozmente reaccionária, será decerto uma luxúria na crítica literária, mas não deixa de ser um forte obstáculo a praticas bem mais libidinosas.

* Como almocreves, somos sensíveis a textos sobre azémolas, ou gado asinino. Temos especial ternura pelos equus asinus. É que os jumentos são a nossa perdição, principalmente se forem bem aprumados. Temos almocrevados alguns, bem preciosos, sabendo sempre que é mais difícil ser livre do que puxar uma carroça (Virgílio Ferreira dixit). Assim, perante prosa tão adocicada no Publico sobre o burro mirandês, ficámos extasiados. Celeste Pereira, a jornalista do nosso encantamento estará para sempre nos nossos corações. E, já agora, viva a AEPGA e a associação cultural Galandum.

* Mário Nunes, vereador da Cultura da Câmara de Coimbra, é uma excelente pessoa, mas excede-se por vezes. Aquela de afirmar que a Feira de Antiguidades de Coimbra, "é uma das melhores a nível nacional" porque tem "qualidade" e é "onde se vende mais", é demasiadamente excessivo. A Feira de Coimbra é uma feira franca curiosa, mas frequentada por um grupo de vendedores (?) que em momento algum sabem o que estão a fazer, a não ser tentar enganar o neófito das velharias. Então a rapaziada dos livros, todos bem iletrados, é de uma tristeza infinita. Nessa feira, como se calhar noutras ao longo do país, qualquer soit-disant vendedor de papéis velhos se julga um antiquário de prestimosos e devotados favores. E assim, atiram-nos com 75 E por um qualquer Campos Júnior, todo esfarelado e maltratado. Dizem que é muito antigo e raro. Ora nem uma coisa nem outra sequer sabem o que é. Esse rol de gente que vende gato por lebre, com ar de intelectual assumido, destrói o mercado do livro antigo. Como alguns verdadeiros antiquários-alfarrabistas o fazem, também. Afinal, porque haveria de existir excepções? Não estamos em Portugal?