sexta-feira, 27 de outubro de 2006


Flash desportivo: o eng. do Tenta

Não, não se trata de qualquer maledicência com Aquele (genuflexão!) que dá pontapés certeiros em programas eleitorais & outras graças menores. A nossa maldade, de facto, não anda distraída, apenas supinamente espinhosa. Portanto, deixemos o cómico eng. Sócrates no seu alegre despautério e falemos do eng. do Penta, o inefável Fernando Santos, e das suas alegres conversetas em família, lá para os lados da Grande Catedral.

Por mísera falta de leitura inducativa (assim mesmo), caiu-nos entre dedos essa bíblia do futebol indígena, noutros tempos bem regada por eruditas personagens lusas, que com fatuidade se chama, A Bola. Trabalho rijo de leitura, dado o oráculo futeboleiro pátrio ser sempre admirável de nebulosidades narrativas. O periódico da populaça do futebol é arrebatado de estilo, ameno com as corruptelas clubísticas, fero nos refrãos populistas, brioso & rendilhado de engenho. Enfim, um assombro de jornalismo, a fazer corar de inveja a rapaziada, dita, de referência. Lá dizia Bocage: "Musas, falai, nem todos podem tudo".

Acontece que o pranto último do eng. do Tenta oferecido aos adeptos do Glorioso na semana passada e castamente citado pela A Bola, sobre a subtileza arbitral (ou milagre oftálmico) que feriu o sr. Carlos Xistra e o levou a ser acometido da estranha doença dos cartões (cartolinas, para os iniciados), despertou a curiosidade da populaça. A nós e ao público, nem por isso. Vimos harpejar, em várias conferências de imprensa, o eng. Santos. E bem vestido estava de turbulência ética ou desportiva. O homem, afinal, mesmo eng. que seja, tem raciocínio. Mas não é original.

De facto, temos ideia (acontece aos melhores) que o eng. do Penta sabe bem mais, que a esqualidez lamecha que testemunha. Afinal, quando andou extraviado pela toca das Antas, a soldo desse Grande Português (genuflexão!) Pinto da Costa, ensinaram-no como "tosquiar" putativos adversários. São muitos anos de tirocínio azul na lide de afecto & devoção pela arbitragem. Portanto, eis o dogma do apuro do sistema. E que deve fazer pensar o neófito (José) Veiga, entretanto colhido em conversas dúbias ao telefone, que seria melhor restar mudo e quedo. E do mesmo modo, a ilustre & perpétua dupla Vieira & Vilarinho, Lda, novos sobas do nosso e vosso SLB.

Assim, quer o eng. Santos fazer o obséquio e aclarar o que decorou e sabe das maleitas & escapadelas arbitrais engendradas nas Antas, que nós desconhecemos de todo. Muito obrigado. Agradecido. Viva o Benfica! (momento de pura poesis).

Anarchist Bookfair

segunda-feira, 23 de outubro de 2006


Arrumações - Vynil, CD's e Cassetes Piratas

Hoje estamos ... assim. Com desejos invocados, mesmo que errantes de gratidão. A noute venturosa tem um perfume de mulher que nos arranha de dentro, com cuidado, docemente. Trabalhos corporais. Ilustrados de luzes, campos de olhos doces, sem qualquer prudência & mando.

À nossa princesa ... Mayra Andrade - Comme S'Il En PleuvaitCastpost

Boa noute!

PREC



PREC- "Pensa, Rosna, Estica, Corta", nº 1

"quem faz o PREC fá-lo por gosto"

Aqui demos conta do lançamento do número zero do P[õe] R[apa] E[mpurra] C[ai], datado de Novembro de 2005. Jornal encorpado, papel de copiosa qualidade, leitura & textos contra o esquecimento e gozo. E anda, por aí, muito disso. De momento, ao que se sabe, saiu o nº1. O lançamento em Coimbra do P[ensa] R[osna] E[stica] C[orta] será no Teatro Académico Gil Vicente, dia 6 de Dezembro, pelas 18 horas. Hora celestial!

sábado, 21 de outubro de 2006


Boa noite, Ursula K. Le Guin [n. 21 Outubro 1929]

"Alguma vez pensaste nos vários mundos, nos homens e animais que os habitam, nas constelações dos seus céus, nas cidades que constroem, nas sua canções e modos de vida? Tudo isso se perdeu, tudo, tal como aconteceu com a tua infância. O que é que realmente sabemos da época em que fomos grandes? Uns poucos de nomes de mundos e heróis, uma baralhada de factos que tentámos coligir numa espécie de história ..."

[Ursula K. Le Guin, in A Cidade das Ilusões]

Locais: Ursula K. Le Guin's official website / Ursula K. Le Guin / Ursula K. Le Guin: uma biobibliografia

kultura & crise

um homem parou à minha frente e quiz à viva força vender-me a sua própria cabeça. trazia-a debaixo do braço e sangrava como um sol cortado muito perto. insistiu que era um artista: precisava de viver e sustentar o futuro e comprar uma camisa em rebaixa. e também que já não tinha inspiração nem faca e garfo
confesso que foi terrível e dum horror completo. mas
por sorte apareceu um polícia ou um santo (não me recordo muito bem) que resolveu legalmente o assunto

[António Aragão, in textos e pretextos, Loreto 13, nº2, 1978]

[O economista no Diário de Lisboa]

"Excelente, na sua cautela e lucidez, o artigo habitual do economista no Diário de Lisboa. Sem dúvida que o problema português é um problema de reforma fiscal no regime de taxa progressiva, que permitisse um maior rendimento aliviando o maior número, e uma questão de redistribuição da grande propriedade e da compulsão do investimento. De outro modo não é possível elevar o nível de um país que não é economicamente um país de investimentos coloniais, mas um país de rendimentos egoístas, aos quais o governo cria, à custa da restante população (à qual se dão lavadouros e futebol), o melhor dos mundos possíveis."

[Jorge de Sena, Diário do Tempo das Evidências, 9/03/1954. Jorge de Sena escreveu este diário no tempo em que era "secretário do Eng. Carmona, presidente da Comissão para o estudo das ligações entre Lisboa e a margem sul do Tejo" - in Nova Renascença, nº 32/33, 1988/89]


A senhora Ministra da Educação

quinta-feira, 19 de outubro de 2006


Solidários com os professores - parte II

Noutro registo, menos paciente ou virtuoso (se quiserem) e sem inocência, porque cansados estamos de alguns escribas do eduquês, que tão chorosos andam aos pés da senhora ministra da educação e da política socrática para o ensino, continuamos, porque "há pessoas que são como aviões no ar: / precisam de muita gente a apoiá-los de terra" [O'Neill]

Considerando a originalidade do pensamento dos respeitáveis amigos da ministra, que aplaudem freneticamente o charco de contradições presente na proposta de alteração do ECD, há que confessar que o registo conceptual que expandem não é o mesmo. O saco ministeriável colhe, desde os despeitados da escola que culpam qualquer professor (a "sintomatologia do abandónico" é bem real), os empastados da política (caso do vendedor televisivo Miguel Sousa Tavares), maviosos ex-responsáveis governativos (o malfadado Grilo está em todas), o cacho de uvas liberal (assombrados pela provisão da coisa pública), uns tantos aliterantes da prosápia anti funcionário-público, a nauseabunda cáfila partidária (atenção! genuflexão e gorjeio ao dr. Sócrates!) & outros vaidosos figurinos do funcionalismo público universitário. A divertida opinião de tantos seria ternurenta, se tivesse substância argumentativa. Ou, mesmo, se tivessem estudado, conceitos e práticas educativas, entre o folguedo das suas putativas afirmações. Mas nada disso, em geral, se verifica. Simples perfídia.

Dos oradores assinalados, de onde partem os mimos com que escorcham os docentes e as suas revindicações? Ponto de parte a bondade de alguma análise romântica de graciosos comentaristas, deixando de vez excitantes caricaturas vindas de néscios, resta a frescura arrancoada pelo grupo, perfumada de intriga caseira, dos amigos da senhora ministra. Um ajuntamento curioso, cujo lindismo teorético acampa aqui, alardeia ali ou segrega acolá. De comum, a carícia de serem todos socialistas e terem, ainda, os primeiros o enlevo de pertenceram à notável ourivesaria do regime, o ISCTE, onde pontifica a senhora ministra. Diga-se, desde já, que esse registo nunca foi escondido. Muito bem.

Dir-se-ia que a estes últimos mancebos se exigiria uma argumentação conceptual e trabalho teórico, sociologicamente falando, mais robusto e estruturado no campo e problemática da sociologia da educação, identificando o papel da Escola, a sua dimensão comunicacional (relação pedagógica, organização do espaço e relações de mando e poder), traçando as necessárias competências do acto educativo e sua interdependência em contexto escolar, a representatividade, legitimação e poder dos seus clientes, bem como os recursos exigidos para uma gestão e administração mais dinâmica e autónoma da Escola. E depois, evidentemente, sem jogos de linguagens (à maneira de Wittgenstein) partir para "tricotar" a relação funcional da Escola e o processo "produtivo", na lógica modernizadora da reorganização e reestruturação do sistema educativo. Depois disso, um possível e aceitável conceito de profissionalização para os docentes, poderia ser esculpido, bem como o seu estatuto.

Tais enquadramentos, absolutamente necessários para qualquer conversação séria sobre a análise em causa (reformulação do ECD), esbatem-se sempre por estes exaltados sociólogos, em aplicações recheadas de automatismos neotayloristas, privilegiando-se a máxima racionalidade economicista, decalcada de processos e técnicas de "management", e onde a Escola é tomada como uma qualquer "organização formal" sem "construído cultural". A performance assim proposta configura, sem brilho algum, uma ilusória decomposição do político no domínio do tecnocientífico, o que remete, em último lugar para o fim das ideologias. Mas isso é outra história.

Daí que a colorida argumentação resida, apenas, no fulminar dos incautos leitores com uma barragem de dados estatísticos (aqui, tais escolásticos, simulam um Medina Carreira vergastando números infindáveis, esquecendo qual é a questão em debate) que acabam por escancarar a faccis do indígena. Eles são vencimentos luxuosos que auferem os docentes, acompanhados por mapas, tão vigorosos como irreais, da putativa desbunda financeira do ensino educativo não-universitário, necessariamente a encolher. Pouco mais dizem, a não ser, por certo, acompanhar a hilariante teorização do eng. Sócrates, à rapaziada acofiada dos jornais e em resposta à pretensão dos professores de não aceitarem as cotas para efeitos de mérito avaliativo, quando declara: "Nem todos os jornalistas chegam a editores". Fulminante! Ao que parece a escola argumentativa do dr. Pinho está a tornar-se uma praga. E um desastre! Enfim ... é a vida!

Solidários com os professores

Já, aqui e aqui, prescrevemos o que vai resultar a movida iniciada pelo trio virtuoso & exuberante do Mi(ni)stério da Educação. A saber: a destruição total do ensino e da educação no país. A implementação do renovado ECD, que daí resulta, irá conduzir (mais do que já está) ao caos educativo.

Alguns exemplos mais: aumento da conflitualidade entre os diversos corpos escolares (a avaliação sendo feita por todos, não é por ninguém); persistência de graves insuficiências científicas e pedagógicas na Escola, quer pela via da nova estrutura hierarquizada pretendida (docentes de diferentes disciplinas, em sede de área curricular/departamento, a darem putativo apoio científico e pedagógico uns aos outros, é de um total nonsense e puro disparate) quer pela inexistência de acções de formação de profs com características científicas (não há dinheiro para acordos com as faculdades respectivas, nessa matéria, nem o eduquês ministeriável permitiria tais aventuras, decerto bem "perigosas"); a presença de constantes litígios entre os docentes, sendo que os professores (os não-titulares) terão todo o trabalho e os titulares farão exercer a autoridade (que em muitos casos, quer cientifica quer pedagógica, é nenhuma), o que contraria a linha orientadora esboçada pela ministra para o aparecimento de dois tipos de docentes (na altura, obrou a senhora ministra que os profs mais antigos deviam trabalhar mais, daí a proposta avançada); impedimento, real e objectivo, de docentes excelentes atingirem o topo (e a chefia da gestão pedagógica escolar) dado que o mérito anunciado pela ministra se sagrar em 1/3 do corpo docente, fazendo com que a Escola seja entendida (aliás como seria de esperar vindo de quem tal pensou) como a tropa, onde a velhice é um posto, independentemente da real valia científica e pedagógica de cada um. E haveria muito mais a registar. Fiquemos por aqui.

Estará tudo bem? Evidentemente que não, aliás nunca esteve. Mas as pretensões da ministra tornarão tudo ainda pior. É difícil construir, sabe-se bem, mas para destruir é bem mais fácil. E, certo é, que alguns se afadigam muito bem. Mesmo que seja a coberto da paranóia do défice.

Resulta desta inquietação, muito nossa, que a educação e o ensino, pela demagogia dos vários e alucinados ministros (alguns ex, com audácia, dão entrevistas a jornais, como nada se tivesse passado), pela indiferença dos pais e educandos (que querem mais, é que lhes guardem os filhos), apoiados pelo oportunismo partidário (em todos os governos foi sempre assim) e formatado pelo amigueiro corporativo mais demagógico, dizíamos nós que a educação, restará um espectáculo medonho, onde a interdependência entre o ensino, a aprendizagem e a avaliação estarão a saque. Onde, o prodígio instrutivo destes anos tantos de eduquês e os objectivos educacionais que lhe correspondem, incidirão, doravante, no exercício da mera "passagem administrativa" (para efeitos estatísticos da UE) e onde o rigor, o esforço, o trabalho e a avaliação não serão encarados, como deviam. Triste maldição, a nossa.

[continua]

terça-feira, 17 de outubro de 2006


Livraria Artes & Letras - Catálogo

... assim mesmo se pode ler na capa do último Catálogo da Livraria Artes & Letras, dado à luz pelo estimado livreiro antiquário do Largo da Trindade, 3-4, Lisboa. 1809 peças à venda, versando Antropologia, Enologia, Bibliografia, Culinária, Gastronomia, Vinhos, Direito, Ensaio, Filosofia, História, Lisboa, Literatura, Literatura Africana, Mar, Marinha & Pesca, Música, Teatro e Ultamar. O site está em remodelação, pelo que a espera ... desespera.

Algumas referências: Malaposta, de Azinhal Abelho, 1945 / Poema primeiro, por António Aragão, 1962 / Na senda da poesia, de Ruy Belo, 1969 / vários de António Botto [Cantares, 1928, 2º ed. / Ciúme. Canções, 1934 / O meu amor pequenino, 1934 / The Childen's book] / O Pobre de pedir, por Raul Brandão, 1931 / Memória descritiva, de Rui Cinatti, 1971 (mais 3 outros do mm autor) / A Área. Ode didáctica na primeira pessoa, por João Pedro Grabato Dias (aliás ps. de António Quadros), 1971 / Mar Alto, de António Ferro, 1924 / Agiológico rústico. Santos da minha terra, de Tomas da Fonseca, 1957 / Engrenagem, de Joaquim Soeiro Pereira Gomes, 1951 / A Torre de Babel ou a porra do Soriano seguida de as musas, por Guerra Junqueiro, 1979 / A Pata do pássaro desenhou uma nova paisagem, de Manuel de Lima, 1972 / É proibido apontar. Reflexos de um burguês, de José Rodrigues Miguéis, 1964 / Lote de Wenceslau de Morais (ref. Aquela tremenda gargalhada, 1954, etc.) / O segredo do Ouro Preto e outros caminhos, de Vitorino Nemésio, 1954 / Lote de Luiz Pacheco (ref. Critica de Circunstancia, 1966, O libertino ...) / Paquita, de Bulhão Pato, 1894 / Antologia de poemas portugueses modernos, 1944 (ed. por Fernando Pessoa e António Botto em 1929) / Sobre Sade diga-se que (plaquete Surrealista assim. por António José Forte, Ricardo-Dácio, Bruno da Ponte, Manuel de Castro, Ernesto Sampaio e Virgílio Martinho) / Obras de Eça de Queiroz (ed. centenário), XV vols / Espólio, de Alves Redol, 1943 / Lote de José Carlos Ary dos Santos (ref. Insofrimento in sofrimento, 1969) / Lote de Mário Cesariny Vasconcelos / In Memoriam de Ferreira de Castro, 1976 / Portuguese hebrew grammars and grammarians, por Moses B. Amzalak, 1928 / Sousa Viterbo e a sua obra, de Victor Ribeiro, 1915 / Poemas, de Reynaldo Ferreira, 1960 / Terras do sol, e da febre ?, por Julião Quintinha, 1932 / Arqueologia e História, X vols, 1922-32 / Historia da Expansão Portuguesa no Mundo, de António Baião, 1937-40, III vols / Da reorganização social dos trabalhadores e proprietário, por João Bonança, 1875 / Economia Política, de Bento Carqueja, II vols, 1926 / Cartas Políticas, por João Chagas, 1908-10, V vols / A verdade Monárquica, de Alberto Monsaraz / Lote de António Sardinha (ref. A Epopeia da Planície, 1915) / Figuras Gradas do Movimento Social Português, por Alexandre Vieira, 1959 / Nobreza de Portugal e do Brazil, por Afonso Eduardo M. Zuquete, 1960-61, III vols / Crime de cárcere privado. A censura medica pelo Tribunal da Boa-Hora, por José de Castro, 1909 / Tradições populares e vocabulário da Guarda, por A. Gomes Pereira, 1912 / Obras de Júlio de Castilho (A Ribeira de Lisboa; Lisboa Antiga Bairros Orientais; O Bairro Alto de Lisboa) / O Carmo e a Trindade, de Gustavo de Matos Sequeira, 1939-41, III vols / Colecção de Leis sobre a Pesca desde Março de 1522 até Janeiro de 1891 / Angola (Para uma nova política), de Henrique Galvão, 1937

segunda-feira, 16 de outubro de 2006


Arrumações - Vynil, CD's e Cassetes Piratas

Ainda não caímos no sono fútil ou bodas de Sócrates, em que o politicamente acertado é uma astúcia simplória que muitos cantam, nos jornais, em frementíssimas palavras. Não nos tresmalhamos na mísera cantata dos estouvados do bem público. Assistir ao dr. Pinho metendo os pés pelas mãos na economia, não nos aborrece, na medida que a inteligência não é inspiração sua. Observar o eng. Sócrates a cogitar aos indígenas da rosa, em raids patrulhados pelo país, não nos impressiona nada. Com Salazar ou Cavaco, o canibalismo era o mesmo. Entender a Ministra da Educação é tarefa que não desejamos ao nosso melhor arqui-inimigo. Não há pedagogia que aguente. E descobrir o S.N.S. sobre a farpela branca do dr. Correia de Campos é elogio demasiado para nós. Preferimos sempre os originais, a todos estes formadores.

Por isso, deixamos aos críticos do dr, Cavaco Silva, Ferreira Leite, do embotado dr. Vítor Constâncio, do dr. Barroso & dr. Lopes ou aos néscios aduladores destes exquisitos socialistas no governo, a improvisação das discursatas de apoio ou esconjuração. Estes últimos extraordinários 30 anos são prenhes de luminárias de estatura moral minguada. Por isso os escombros são de boa qualidade.

Por cá, nesta nossa botica, a rebeldia (agora coisa pecaminosa para uns) é um pergaminho que se usa com vaidade. Nada por cá está amodorrado. O nosso rosário ainda é esse sonho, iradíssimo, do desejo de viver. Porque, como diria Ernesto Sampaio: "O cómico é a impotência". Vate retro!

Assim, para os inocupados da retórica, para aqueles que fatigados de toda a laudatória ainda sorriem, para admiradores de outras musicalidades que em tempos acariciaram o tempo & a pedido de várias famílias e alguns filhos varões, eis de fugida para ritmar gramáticas perdidas de 77 ... o

G.A.C. (Grupo de Acção Cultural) - Ir e VirCastpost


Eu sou
o mais boquiaberto
dos ministros

Estas finanças
doem
como um calo.

Estas finanças
devem ser um galo
cantando o ouro
que urinam
as crianças

Estas finanças
devem ser um falo
ubérrimo Brasil
de esquálidas
donzelas.

[Armando da Silva Carvalho, Cinco Almas Triviais, in Os Ovos d'Oiro, 1969]


... dizem - alguns indígenas - de Sócrates.

domingo, 15 de outubro de 2006


Revista Sema

Sema (Primavera de 1979 e Junho 1982), revista de muita memória, foi uma publicação trimestral de artes e letras, sob direcção de João Miguel Barros e Maria José Freitas, de que saíram 4 números. Todos de muita estimação.

"A divulgação, a critica, a polémica: sim, mesmo que façam ferida. Fundamentalmente, a intervenção no âmbito das letras e das artes. Numa palavra: da sensibilidade ..." [nº1]

Apresenta um rol notável de colaboradores [Al Berto, Álvaro Lapa, Almeida Faria, Ana Hatherly, António Areal, António Maria Lisboa, Carlos Eurico da Costa, Carlos Nejar, Cruzeiro Seixas, Melo e Castro, Eugénio de Andrade, Ernesto Sampaio, Fernando Martinho, Helder Moura Pereira, João Miguel Fernandes Jorge, Jorge de Sena, José Augusto França, José Bento, Jorge Fallorca, Luís Miguel Nava, Manuel Hermínio Monteiro, Maria Estela Guedes, Mário Henrique-Leiria, Nuno Júdice, Pedro Oom, Philip Larkin, Raul Carvalho, Vítor Silva Tavares ... entre muitos]. Referência em especial ao nº1 (Sobre as Vanguardas, dossier Surrealismo em Portugal), nº2 (Cultura e Contracultura), nº3 (Revistas Literárias) e nº 4 (As Perspectivas Actuais da Cultura Portuguesa).

TEATRO DOS ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA


TEUC - Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra

A Ilha dos Escravos (Marivaux): encenação de Luís de Lima, Coimbra, 1969

"Rio-me das regras e não vejo nisso grande mal; o nosso espírito não merece, muitas vezes, que lhe prestemos tanta atenção" [Marivaux]

quinta-feira, 12 de outubro de 2006


O sindicalista

João Proença, o sindicalista que foi possuído pelo amor aos trabalhadores, vive eternamente alapado às saias do poder político. Nada o demove dessa superior monomania, que de tão graciosa e visionária o transformou no ungido do bric-a-brac governamental. João Proença, o sindicalista que congelou a ho(n)ra operária, ass(ass)ina tudo de cruz. Não precisa de ler, de sentir, de reflectir, de fazer contas. Abaliza tudo de rajada. Ontem, hoje e amanhã, eis João Proença, o sindicalista das lamentações sindicais. Aquele que não tem alma nem vida própria. Aquele que carrega sempre a caneta para os benignos acordos da "concertação social" e que, no fim, morre sempre, com gosto, às mãos dos seus putativos inimigos. Como um herói de um filme negro, o sindicalista da UGT, prenhe de glamour e um sorriso perpetuamente triunfal, sempre a despontar por debaixo da sua fornecida testa sindical, declara servir "a classe". Esforçadamente! Com zelo de antigo cliente. Daí o tamanho do sorriso conceptual que exibe. Os óculos espirituais que ostenta são, inteligentemente, para despistar o patronato. Há ali folgados exercícios venatórios. Tudo puro intelecto.

Sem estranheza alguma viu-se, o João, assinando "acordos históricos", com o bom do eng. Guterres. Aqueles que garantiam a "sustentabilidade financeira da Segurança Social até ao final do século XXI". E Paulo Pedroso, a pensar no prefácio ao livro de René Passet, "Ilusão Neoliberal" (ed. Terramar), abonava, então, que era "uma reforma que visa melhor protecção social, com um futuro mais sólido, garantido nas condições económicas e sociais previsíveis pelo horizonte de um século e com uma situação positiva de pelo menos 40 anos". Os indígenas choraram de comoção. Desde os tempos imemoráveis em que o glorioso Benfica foi campeão europeu, nunca se tinha visto tamanha euforia.

Há poucos dias, agora com o compadre Sócrates pela mão, o mesmo João presenteou a canalha lusa com novos acordos de sustentabilidade da Segurança Social. Tudo envolto nas encomiásticas frases costumeiras. José Manuel Fernandes, intimo do poder, aplaudiu. Van Zeller marcou almoço no Tavares. E o próprio Medina Carreira pavoneou, imediatamente, dois papers curvados de números e forneceu um triste obituário ao jornal Público. A bravata do João, não poderia ser melhor. Que venha à próxima! Viva o sindicalismo!