segunda-feira, 15 de maio de 2006
Emily Dickinson [1830 - m. 15 Maio 1886]
I died for beauty but was scarce
Adjusted in the tomb,
When one who died for truth was lain
In an adjoining room.
He questioned softly why I failed?
"For beauty," I replied.
"And I for truth, - the two are one;
We brethren are," he said.
And so, as kinsmen met a night,
We talked between the rooms,
Until the moss had reached our lips,
And covered up our names.
[Emily Dickinson - voz de Glenda Jackson:
I died for beauty but was scarce]Castpost
Leilão de Livros e Manuscritos - 23, 24 e 25 Maio 2006
Realiza-se nos próximos dias 23, 24 e 25 de Maio - Hotel Roma, Lisboa, pelas 21 horas - um Leilão de Livros e Manuscritos, sob direcção de Luís Burney (Calçada do Combro, 43-47, Lisboa). 1124 peças, raras, esgotadas ou curiosas de Arte, Bibliografia, História, Literatura e Monografias Regionais. A não perder.
Algumas referências da 1ª noite: Actas. Congresso Internacional de História dos Descobrimentos, 1961, VII vols / Almanaque Alentejano (coord. Fausto Gonçalves), 1943-1964, VII vols / Obras de Nicolau Tolentino de Almeida, 1968 (pref. de A. O'Neill) / Miscellanea, de Miguel Leitão de Andrada, nova ed. correcta, 1867 / Obras de Ruy de Andrade [Garranos, O Burro, O Cavalo Andaluz] saídas no Boletim Pecuário / A 'raça Alter' e a reconstituição do indigenato cavalar português, por José Caldeira Areias, 1942 (sep.) / Arquivo das Colónias: publicação oficial e mensal, 1917-1931, V vols / Diálogos de Dom Frey Amador Arraiz ..., Coimbra, 1604 (2ª ed.) / Memoria Historica da Antiguidade do Mosteiro de Leça chamada do Balio ..., de António do Carmo Velho de Barbosa, 1852 / Estudos Heráldicos e Archeologicos, por Inácio de Vilhena Barbosa, 1874-75, II vols / Noticia Histórica do Corpo Militar Académico de Coimbra, de Fernando Barreiros, 1918 / Real Fabrica de Vidos da Marinha Grande, por Carlos Vitorino da Silva Barros, 1969 / Traçado e Construção das Naus Portuguesas do século XVI, de Eugénio Estanislau de Barros, 1933 / Chronica do Emperador Clarimundo ..., de João Barros, 1742 / Da Ásia de João de Barros e Diogo Couto. Nova edição, 1778-1788, XXIV vols / Dictionnaire raisoné d'Equitation, de F. Baucher, 1833 / Bibliografia do Rio de Janeiro, de viajantes e autores estrangeiros, de Paulo Berger, 1964 / Diccionario Bibliographico Brazileiro, de Augusto Victoriano Alves Sacamento, 1970 (reimp.), VII vols / Chronica de Cister ..., de Fr. Bernardo de Brito, 1720 (2ª ed.) / Manuel di Libraire et de l'Amateur de livres ..., de Brunet, 1922, Vi+II vols / Da Vida e da Morte dos Bichos, por Henrique Galvão et al, V vols / Cadernos de Literatura, XV vols / Os Lusíadas, de Luis de Camões, 1956 / Notas para a Historia do Jornalismo em Elvas, de António José Torres de Carvalho, 1931 / Apontamentos para a Historia Contemporânea, por Joaquim Martins de Carvalho, 1868 (ref. à Maçonaria e a Ordem de S. Miguel da Ala, imprensa de Coimbra, etc) / Cântico do país emerso, de Natália Correia, 1961 / Corografia portuguesa e descripçam topográfica do famoso reino de Portugal ..., do Pe. António Carvalho da Costa, 1706-1712, III vols / Ensaio Económico sobre o commercio de Portugal e suas Colónias ..., por José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho, 1794 / Ditames e Ditérios, por Alfredo da Cunha, 1929-33, III vols
[continua]
sexta-feira, 12 de maio de 2006
Já tomou o seu ... Carrilho hoje!?
"Podem encontrar-se coisas obscenas em todos os livros, exceptuando no anuário dos telefones" [G. B. Shaw]
Ao que parece a Blogosfera indígena contraiu a doença "Carrilho". É só acompanhar o grupo florido & zeloso dos comentaristas habituais e observar os reparos íntimos que discorrem sobre o affair Carrilho - putativo prof. de filosofia, deputado, ex-ministro da Cultura e ex-candidato à CML. Todos tomaram, em doses ponderosas, um delicioso Carrilho, para mais tarde recordar. Bravo!
Pelo testemunho dos nossos intelectivos bloguistas, presume-se que o livro (Signo da Verdade) do dr. Carrilho vendeu como pãezinhos quentes: compraram e leram (à maneira de Marcelo e sem embargo de vista) à grande e ... à Lisboa! A bicha de compra estava, pois, proibitiva. Há público para tudo nessa paróquia educada, onde todos são letrados, artistas, negociantes de selos (para as fiancés, evidentemente), filósofos (daqueles em que o corpo caminha sempre à sua frente) ou meros comediantes. Curiosamente nessas ocasiões, salta sempre o Freud (que habita em cada um) e um Carmona-Presidente, com galões de marechal e tudo. O indígena da blogosfera impressiona sempre.
Pouco importa que o dr. Carrilho seja, ele-mesmo, um jornalista, pois só (como diz Millor Fernandes) se reconhece um quando ele "está falando mal do jornalismo". E o bloguista instruído não pode tudo topar. Tem de dobrar os cotovelos em torno do teclado, esquecer o requinte de malvadez que lhe quebranta a alma pastoral e lavrar qualquer coisita, desde que diga mal da personagem da semana. E hoje o figurão é o dr. Carrilho. Ricardo Costa, o anão político com mais contactos por m2 na lusa-esfera, já tinha soletrado a infamante opinião sobre o dr. Carrilho: "Nem para delegado de turma era alguma vez eleito!". A blogosfera, assim vigorada, seguiu o anão. Implacável!
Uma dúvida extraordinária subsiste: o que significam as palavras proferidas por Emídio Rangel!? A que propósito! E com que fundamento? Dão-se alvíssaras a quem o explicar! O programa segue dentro de momentos. Se deixarem!
quarta-feira, 10 de maio de 2006
10 Maio de 1933 - Berlin
"Era um dia toldado e chuvoso. E toldada estava, apesar dos cânticos e dos uniformes, a disposição dos estudantes. Os métodos dos novos senhores ainda não eram no fundo bem os seus. Eles sabiam que não só se podem amar livros, como também odiá-los. Que se queimem livros publicamente em virtude de uma ordem era coisa que ainda tinham de aprender. Era evidente para todos, sem excepção, que hoje davam um espectáculo inesquecível e execrável a todo o mundo civilizado. Um espectáculo que haveria de ficar indelevelmente registado nos anais da Humanidade. E talvez sentissem também que a sua marcha era uma marcha voluntária através do jugo imposto! Eram eles precisamente que nunca deveriam ter iniciado este passo de carrasco! Goebbels fizera emanar uma palavra de ordem para a ralé, mas não a deixou executar pela plebe, mas pela elite! Era um caso diabólico não convincente, mas a seu gosto. Com o auto de fé de hoje pôs termo à liberdade de escritores, os estudantes alemães executaram as suas próprias pretensões de uma futura liberdade de opinião. O crime que cometeram nesta noite foi ao mesmo tempo um suicidio antecipado ..." [Nota: "o relato de Erich Kastner refere-se à queima dos livros que teve lugar em 10 de Maio de 1933 na Praça da Ópera em Berlin"]
[Erich Kastner: Podem queimar-se livros?, 1947 - in 'A renovação da literatura de expressão alemã na primeira década do pós-guerra (1945-1955)', de Ludwig Scheidl, Ed. Colibri, 1998]
Leilão da Biblioteca de Bernardino Ribeiro de Carvalho - Hoje
Termina, hoje à noite, pelas 21 horas, no Amazónia Lisboa Hotel (Trav. Fábrica dos Pentes, 12/20, Lisboa) o valioso Leilão da Livraria de Bernardino Ribeiro de Carvalho, a cargo de Pedro de Azevedo, que (como sempre) apresentou um Catálogo absolutamente deslumbrante e de extrema utilidade bibliográfica. A não perder.
"[Bernardino Ribeiro de Carvalho] nascido em 1846, na freguesia de Cabaços, concelho de Alvaiázere, viria depois para Lisboa trazido por um tio, Bernardino José carvalho, que no comércio de importações e madeiras exóticas conseguira uma apreciável fortuna. Foi tal o grau de identificação que entre ambos se estabeleceu que o associou aos seus negócios e lhe deu em casamento uma das filhas, D. Maria Cristina de Carvalho. E essa actividade comercial viria a ocupá-lo de tal maneira que nela labutou até 1910, na do seu falecimento.
Dispondo certamente dos meios de fortuna assim adquiridos e animado sobretudo pela paixão dos livros, era assíduo frequentador de alfarrabistas e leiloeiras, visto que no seu espólio bibliográfico se encontram vaias espécies adquiridas na venda das livrarias do Visconde de Juromenha (1887), dos Marqueses de Pombal (1888), de José da Silva Mendes Leal e Jorge César de Figanière (1889), dos Condes de Linhares (1895) e de José Maria Nepomuceno (1897), entre certamente várias outras.
As compras que por essa e outras vias foi fazendo revelam, ao simples exame dos títulos, um conhecimento, um bom gosto, um apreço pelos livros de maior raridade e alguma preferências temáticas [Camoniana, Viagens marítimas, Arte de Cavalaria, Restauração, Orações Fúnebres e Constituições Sinodais, Invasões Francesas, Lutas Liberais, Bom-senso e Bom-gosto, Obras de José Agostinho de Macedo, Manuscritos, etc] que dele permitem traçar um completo perfil de bibliófilo ..."
[Aníbal Pinto Castro, in prefácio ao Catalogo da Biblioteca de Bernardino Ribeiro de Carvalho, 2006]
terça-feira, 9 de maio de 2006
Neno Vasco
Publicou: Reclus, Evolução, Revolução e Ideal Anarquista, (trad. N.[eno] V.[asco]), Biblioteca Sociológica, S. Paulo, 1904 / Geórgicas: ao trabalhador rural, Terra Livre, Lisboa, 1913 / Da Porta da Europa (factos e ideias: a questão religiosa, a questão política, a questão económica 1911-1912), Bibl. Libertas, Lisboa, 1913 / A Concepção Anarquista do Sindicalismo, Editorial A Batalha, Lisboa, 1923 (ed. póstuma??.); 2ª ed., Afrontamento, Porto, 1984
Peças de Teatro: Greve de Inquilinos: farça em 1 acto, Editorial A Batalha, 1923 / Pecado de Simonia, 1907
Colaborou em diversos periódicos: A Batalha; A Lanterna (S. Paulo); A Obra; Aurora (Porto); Germinal (Lisboa); Guerra Social (Rio de Janeiro); O Amigo do Povo; O Diário de Porto Alegre; Sementeira; Terra Livre; Voz do Trabalhador
Bibliografia sobre Neno Vasco: Adriano Botelho - Alguns Traços Biográficos de Neno Vasco, A Ideia, nº 2, Novembro, 1974, pp.12.17 / Almanaque d'A Batalha 1926, pref. Maria Filomena Mónica, col. Raízes, Edições Rolim, Lisboa, s.d. / António Ventura - Anarquistas e Socialistas em Portugal. As convergências possíveis (1892-1910), Edições Cosmos, Lisboa, 2000, p. 305 / Daniel Aarão Reis Filho - Minha pátria é o mundo inteiro: Neno Vasco, o anarquismo e as estratégias sindicais nos anos 10, Univ. Federal Fluminense / Edgar Rodrigies - O despertar operário em Portugal (1834-1911), Editora Sementeira, Lisboa, 1980, p. 238 / Edgar Rodrigues - Os Libertários (José Oiticica, Maria Lacerda de Moura, Neno Vasco, Fábio Luz), Achiamé / João Freire - Neno Vasco, anarquista, Diário Popular, Lisboa, 2.10.1980.
Locais: Neno Vasco / Em torno do jornal O Amigo do Povo: os grupos de afinidade e a propaganda anarquista em São Paulo nos primeiros anos deste século [Edilene Teresinha Toledo] / Edgar Rodrigues e o Movimento Anarquista no Brasil / Imprensa Operária / Memória anarquista do Centro Galego do Rio de Janeiro (1903-1922) / Indisciplina e Iconoclastia: sobre sociabilidades de anarquistas na Primeira República brasileira
Neno Vasco [n. 9 Maio 1878-1920]
Gregório Nazianzeno Moreira de Queiroz Vasconcelos, aliás Neno Vasco, nasceu em Penafiel, a 9-5-1878. Seguiu para o Brasil (S. Paulo) aos 8 ou 9 anos de idade, em companhia do pai e madrasta, tendo regressado de novo a Portugal, para casa dos avós paternos (Amarante). Aí acabou o liceu, tendo-se matriculado depois na Faculdade de Direito, onde "teve como companheiro e amigo íntimo o inspirado poeta Teixeira de Pacoaes" (foi amigo de Faria de Vasconcelos e de António Resende), tornando-se bacharel em 1901.
Em 2 de Março de 1901 subscrevia, em Coimbra, um folheto - A Academia de Coimbra ao Povo Portuguez - onde se reclamava contra as arbitrariedades da polícia. Neste mesmo ano começou a sua colaboração no jornal O Mundo, jornal republicano que se publicava em Lisboa, sob a direcção de Mayer Garção. Parte em seguida para o Brasil (fins de 1901) e, em contacto com anarquistas italianos toma conhecimento profundo da obra de Henrique Malatesta, que o influencia profundamente e com quem se corresponde. As suas ideias, "concepções" e "prelecções" literárias são modificadas a partir daí. Disso é sinal, quer o que diz sobre o livro Catedral (de Manuel Ribeiro) quer o que refere (na Sementeira) sobre literatura, revolucionários e literatos, a propósito da morte de Octávio Mirbeau.
Assim, durante a sua permanência no Brasil [casou com Mercedes Moscovo, em 1905, filha de emigrantes espanhóis e de família de raízes anarquistas] desenvolveu uma intensa actividade de propaganda, fez escola e deixou muitos seguidores do seu ideal. Edita em S. Paulo [com Benjamim Mota, Oreste Ristori, Giulio Sorelli, Tobia Boni, Ângelo Bandoni, Gigi Damiani, etc], em 1902, o Amigo do Povo [de 1902 a 1904, nº 62], que teve na sua génese alguns dos principais intervenientes do movimento anarquista brasileiro, bem como um conjunto apreciável de mulheres que tomam em reflexão a questão da "emancipação" feminina [refira-se a intervenção de Neno Vasco na refutação da tese de Emílio Zola acerca da fecundidade]. Em 1905, ainda em S. Paulo, edita o periódico A Terra Livre com Edgard Leuenroth, Moscoso e outros [nº1, 1905 até 8 de Junho 1907; depois reaparece no Rio de Janeiro, até Julho de 1908, passando novamente a S. Paulo até Maio de 1910].
[Nota: no Brasil militaram, à época e logo depois, vários anarquistas de origem portuguesa: Adelino Tavares de Pinho (comerciante do Porto e prof. da Escola Moderna no Brasil), Marques da Costa (do jornal O Trabalho), Manuel Cunha, Diamantino Augusto, Amílcar dos Santos, Raul Pereira dos Santos, José Romero, etc]
Após a proclamação da República em 1910, Neno Vasco regressa a Portugal [algumas ref. dizem que foi expulso do Brasil]. Em 1911, mais concretamente, a 11, 12 e 13 de Novembro de 1911 realizou-se o 1º Congresso Anarquista Português, em que participa. Em 1912, com Lima da Costa, lança a colecção 'A Brochura Social' (edita-se 2 obras), participa em diversos encontros anarquistas (Conferência Anarquista de Lisboa, 1914), publica no semanário de Pinto Quartin, Terra Livre, o folheto "Geórgias: ao trabalhador rural", colabora nos cursos dados aos Jovens das Juventudes Sindicalistas, nos cursos d'O Germinal, desentende-se com Emídio Costa (em 1914, por motivos de estratégia face à guerra), foi amigo de muitos que militaram no movimento anarquista português.
Morre, de tuberculose, a 15 de Setembro de 1920, em S. Romão de Coronado (Trofa), pobre e anarquista. Refira-se que na «cidade de Nova Iguaçú, Estado do Rio de Janeiro, existe desde 1976 um edifício com o nome 'Pr. Neno Vasco'»
[continua]
3º Aniversário do Mar Salgado
"... dá sempre um 'Bom dia!' ao pessoal do estaleiro.
Uma palavra é, às vezes, a melhor argamassa ..." [A. O'Neill]
Já não se comemoram anos como antigamente. A vidinha está um ninho de rios leitosos. Pois! Até entre os marinheiros há uma pressa de partida que impressiona. Andam sempre com o cabo de amarração no espírito e o olhar oculto. Ah, maldito futebol. Hirra, infecto défice. Psiu! ó coisas lindas que o mar desvela. O que faz falta, mesmo, é "uma mulher no mar alto". Só assim o tempo de aniversário nasce todos os anos.
A equipa operativa do Mar Salgado fez 3-Anos-3. Aos marujos ... parabéns!
segunda-feira, 8 de maio de 2006
3º Aniversário do Abrupto
"Este retrato vosso é o sinal
ao longe do que sois, por desamparo
destes olhos de cá, porque um tam claro
lume não pode ser vista mortal ..." [Sá de Miranda]
O Abrupto fez 3 anos, de muita estimação. E, portanto, inspira fogosos amargos de escrita a alguns bloguistas, pouco resistentes à dose de 'libertinagem' estética, literária & política com que invade a blogosfera lusa. O Abrupto, assim atirado ás malvas em nome de agendas pessoais e lestos julgamentos, embora mais roufenho & áspero que o habitual, é um blog de notável encantamento e grande complacência.
O Abrupto tem 3 anos. De boa memória. O Abrupto-independente-do-mundo é Pacheco Pereira mais 'a sua circunstância'. Com tranquilidade no olhar, prazer de escrita, memória e inteligência, o valimento é incontornável. Parabéns!
O Velho de Belém
"O Expresso publicou ontem uma notícia inesperada, inconcebível, quase absurda (...) De que se trata? Segundo o Expresso, o dr. Cavaco, Presidente da República, não só pensa que a situação económica portuguesa está 'condenada' até 2010, mas nem sequer tem a certeza de que ela 'melhore' depois disso. Ou seja, pode mesmo acontecer que não 'melhore' nunca (...)
Convém não esquecer que o dr. Cavaco se candidatou a Belém declarando que não se 'resignava' à decadência económica do país, que pretendia restaurar a 'confiança' na sua força e no seu futuro e que a eleição dele era a 'última oportunidade' de parar e de inverter o declínio de uma década e o crescente afastamento da 'Europa'. Quem acreditou nisto, dito e redito com emoção e ênfase, votou nele. Se o dr. Cavaco acha agora que a queda vai continuar e que ele vai assistir de Belém, inerme e calado, a um desastre inevitável, perdeu qualquer legitimidade politica. Se alegar, como de costume, que não conhecia a situação, arruína para sempre a sua velha imagem de seriedade e competência. E se atribuir à sorte e ao mundo as desgraças de Portugal, a desculpa habitual do desespero, não convence ninguém.
Por outras palavras, no fundo, o problema é este: sabia ou não sabia o dr. Cavaco o que esperava e o que esperava o país? Se não sabia, nada o desculpa. Mas se, de facto, sabia, o objectivo da campanha presidencial foi, desde o princípio, o de premeditadamente iludir os portugueses. Nos dois casos, não há explicação que o salve (...)
[Vasco Pulido Valente, in O Velho de Belém, jornal Público, 7/05/2006]
domingo, 7 de maio de 2006
Uma anedota de equipa, uma direcção gabarola
"cão azeiteiro nunca bom coelheiro" [Adágios]
Acabou (graças, senhor!) o campeonato de futebol. O nosso coração é filho de Coimbra e da Figueira da Foz. Somos regionalistas. Não vamos em provocações. Não andamos em rebanho. Só um néscio poderia seguir esses propagandistas fendidos, os senhores Luís Filipe Vieira e José Veiga. Um dupla de sovados, bufaneando de grandes dirigentes aos indígenas alienados (que os há). Por isso, aqui estivemos em Coimbra a acompanhar a nossa Briosa, com o ouvido tenso no Naval. E fomos felizes. Viva!
A copiosa derrota do grande Benfica, tirando a frivolidade de ter uma equipa modesta e sem ardor "macho", não é insignificante. A vassourada feita no início da época aos jogadores campeões, acamou jogadores e associados. A gabarola direcção do Glorioso, sem serviço que se visse de utilidade e empenho, é palavrosa antes de ser profissional; a equipa técnica tem ritmo confuso e desesperançado, transpira uma angústia frequente; o balneário, sempre muito público e publicado, é bonito nas suas camisolas vermelhas, mas fora disso, a jogar, é um ajuntamento de meninas a tricotar, sabe-se lá o quê. O abuso de alguns desses jogadores trajarem a camisola encarnada, é um sacrilégio incompreensível. Um atentado à inteligência. Que só a mediocridade da dupla Vieira & Veiga, entendem. E alguns fundamentalistas do nosso querido glorioso.
Cabeças célebres e chapéus originais
" ... O chapéu dá personalidade. Um homem nu com o chapéu na cabeça, é alguém. O que seria de Napoleão se não tivesse usado chapéu? O que lhe deu celebridade? Foi o braço ao peito, a caixa de rapé, o caracolinho na testa? Ninharias! O que o tornou famoso foi o chapéu ..." [Arnaldo Leite, in O Tripeiro, nº1, Maio de 1950]
Figuras (esquerda para a direita): Anselmo de Morais, Brito e Cunha e Conde de Samodães
Anselmo Morais: "Grande chapéu, grandes barbas e grande jornalista. Chamavam-lhe «o Anselmo d'A Actualidade», por ser director e proprietário dum diário com aquele título. Homem de actividade e iniciativa, fundou a Imprensa Portuguesa ..." [Arnaldo Leite, ibidem]
Brito e Cunha: "Original chapéu, lembrando sueste de homem do mar. Figura simpática. Cônsul da Itália. Pai de Nuno Brito e Cunha, charmeur da eterna juventude e um dos poucos monóculos que ainda aparecem pelas ruas da Invicta" [idem, ibidem]
Conde de Samodães: "Chapéu de lustro, já sem lustro, num homem ilustre. Penante de seda todo arrepiado, como pelo de gato, quando lhe surge pela frente atrevido fraldiqueiro (...) Pingos de cera, pingos de rapé e rios de inteligência" [idem, ibidem]
Livros & Arrumações - Bibliografia de António Sérgio
A separata da revista Vértice, Coimbra, 1971, dos números 319-320, referente à Bibliografia de António Sérgio, de autoria de A. Campos Matos, é uma "recolha" importante, percorrendo as obras, traduções, selecções e notas de António Sérgio, bem como recolhe os seus escritos em Revistas e Jornais Literários [Águia, A Vida Portuguesa, Atlântida, Pela Grei, Revista de Educação Geral e Técnica, Seara Nova, Homens Livres, Lvsitania, Revue de Geneve, Pim Pam Pum, Claridade, Descobrimento, Sol Nascente, Revista de Portugal, O Diabo, Síntese, Revista do porto, Guia de Leitores, Vértice, Ver e Crer, Mundo Literário, Aqui e Além, Portucale, Camilana & Vária, Ler, Lusíada, Unicórnio Bicórnio Tricórnio Tetracórnio e Pentacórnio, Educação Social, REvue Bleu, La Revue Mundiale, Revista Portuguesa, Boletim da Sociedade Luso-Brasileira do Rio de Janeiro, Anhembi, Boletim Cooperativista, Ocidente, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Revista Americana, Jornal de Letras e Artes, Agros, Revista de Guimarães, Literatura e Arte, Vida Mundial, Arquivo Coimbrão]. A consultar.
sábado, 6 de maio de 2006
[Questão Financeira Resolvida ou Orgia Política]
"O sentimento e a voz publica ... mostram que o paiz se considera em circumstancias extremamente criticas... que a crise é principalmente interna, e que provem de duas causas, que são a desordem financeira, e a immoralidade política,... causas que nos ultimos annos tem actuado com tal violencia, que parece que estamos em completa orgia politica ...".
[in Questão Financeira Resolvida ..., de J. Barbosa Leão, 1868, via Boletim da Livraria Moreira da Costa]
"O sentimento e a voz publica ... mostram que o paiz se considera em circumstancias extremamente criticas... que a crise é principalmente interna, e que provem de duas causas, que são a desordem financeira, e a immoralidade política,... causas que nos ultimos annos tem actuado com tal violencia, que parece que estamos em completa orgia politica ...".
[in Questão Financeira Resolvida ..., de J. Barbosa Leão, 1868, via Boletim da Livraria Moreira da Costa]
Boletim Bibliográfico da Livraria Moreira da Costa
Acaba de sair o Boletim do mês de Maio da Livraria Moreira da Costa (Rua de Avis, 30, Porto). Pode ser consultado on line.
Algumas referências: Cartas Físico-Mathematicas de Theodozio a Eugénio. Para servir de Complemento à Recreação Philosofica, por Teodoro de Almeida, 1784-1799, III vols / Figuras Literárias do Porto, de A. Magalhães Basto, 1947 / Instituições de Medicina Forense, de José Ferreira Borges, 1832 / Húmus, de Raul Brandão, 1917 / O Imposto e a Riqueza Pública em Portugal, por Bento Carqueja, 1898 / Obras de Augusto Carvalho (O Brasil. Colonização e Emigração, 1875 / Estudos sobre a Colonização e Emigração para o Brasil, 1874) / Delictos da Mocidade, de Camilo Castelo Branco, 1889 / Doutrinas da Igreja Sacrilegamente Offendidas, pelas Atrocidades da Moral Jesuitica, que foram expostas no Appendix do Compendio Histórico?[ref. Pombal e Companhia Jesus], 1772 / As Instituições de Metafysica. Accomodadas para uso dos principiantes, ..., por António Genuense, 1806 / Horácio (Arte Poética de Q. Horácio Flacco ... Em Portuguez por Candido Lusitano, 1778) / Pátria, de Guerra Junqueiro, 1896 / Analyse do Orçamento ou a Questão Financeira Resolvida ..., de José Barbosa Leão, 1868 / Tratado da Paz Interior em quarto partes, pelo ... Capuchinho da Provincia de Guienna (Ambrozio de Lombez) trad. Francez por [P. Theodoro de Almeida], 1783 / João Franco e o seu tempo, de Rocha Martins, s.d. / Compendio de Civilidade ..., de Joaquim Lopes Carreira de Mello, 1839, III vols / Miscelâneas Várias / Memorias do Bom Jesus do Monte em Braga, por Diogo Pereira Forjaz de Sampaio Pimentel, 1861 / Cozinheiro Moderno, ou a nova Arte de Cozinha, de Lucas Rigaud, 1826
quinta-feira, 4 de maio de 2006
Tom Zé - Hoje na Culturgest às 21,30 h
Noite boa & caprichosa, ligeiramente tingida de Tom Zé. Eis a promessa que se passa de ouvido em ouvido. Hoje, na Culturgest, vamos ouvir a voz e a doce confusão, em atmosfera tropical, do desempoeirado e deslumbrante Tom Zé. O génio deve ser bem colhido que as paixões inflamam. Tome nota.
Tom Zé - A FelicidadeCastpost
O Mecenas
"Espiava nas montras a figura que não tinha e continuava com a figura que fazia" [Alexandre O'Neill]
O periódico das graças de José Manuel Fernandes, alma falante do jornalismo indígena, que galvaniza os corações neoliberais e o peito persuasivo de donzelas com idades de casar, está com uma "má performance" financeira. É bom de ver que a ventura de José Manuel Fernandes é não ser pago por objectivos, como o ex-comunista Mário Lino exige à canalha do sector público. Pelo contrário, tem sido, por essa admirável sociedade de cavalheiros da Sonaecom, alimentado como um aristocrata, o que lhe permite dirigir as notícias do gentio pela fechadura neoliberal, que transporta com enlevo, independentemente dos proveitos financeiros do grupo.
A bondade de José Manuel Fernandes reside em exigir, com instinto paternal, para os outros aquilo que o bom senso demandaria para si. Na verdade, os magnates indígenas têm sempre uma servidão curiosa para com os intelectuais. Mesmo os analfabetos. Pelo que se sabe, nem um reparo lacrimoso do infatigável mecenas Belmiro de Azevedo se avista. Porque será assim é coisa que o velho Marx nunca nos disse. E a esmola continua. Em frente J.M.F.!
quarta-feira, 3 de maio de 2006
José Olympio [m. 3 Maio 1990]
" ... a livraria de José Olympio, no Rio de Janeiro, onde se encontravam escritores e artistas de opinião progressista. Carlos Drummond de Andrade chega a sugerir que a orientação socialista da literatura brasileira entre 1935 e 1937 deve ser compreendida como resultado dos bate-papos da rua do Ouvidor nº 110 (...)
Na década seguinte, a editora José Olympio contribuiu para que os anos 1940 fossem denominados 'a idade de ouro da tradução no Brasil'. O editor contratou escritores profissionais para traduzir, o que assegurava que todos os textos estariam bem escritos e que os trabalhos seriam feitos com cuidado e com preocupação, uma vez que tradutor devia pensar na própria reputação como escritor. José Olympio é tido por Hallewell como o principal editor brasileiro na década de 1930 e no início dos anos 1940" [ler aqui]
"José Olympio Pereira Filho nasceu em Batatais, interior de São Paulo, em 1902. Aos 16 anos, chegou à capital levado pelo sonho de ser promotor. Com a ajuda do padrinho, o governador Altino Arantes, conseguiu trabalho na Casa Garraux. Este emprego mudaria completamente a sua vida e o mercado editorial brasileiro. Designado para a seção de livros, conheceu toda a intelectualidade da época - Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, entre outros - e acabou se apaixonando pela atividade. Em 1931, comprou o acervo do escritor e jurista Alfredo Pujol e fundou a Livraria José Olympio Editora, que viria a transformar-se em ponto de encontro de políticos e intelectuais" [ler aqui]
Locais: Paixão pelos livros, um sentimento em comum / História do Livro no Brasil / Correspondência de Raquel de Queiroz com José Olympio
Entre a tesura de boca de Hugo Chávez e o raminho liberal afectado de Lula da Silva, não fica recostado o índio Evo Morales. O presidente da Bolívia diz-nos que soou a hora de cumprir a sua promessa eleitoral. Daí que, em caminhada apressada, vai de decretar a nacionalização dos hidrocarbonetos e o que mais adiante se verá. Estratégia para consolidar o poder ou um qualquer genuíno sentimento pátrio, de um radicalismo indígena há muito extinto, ainda ninguém o pode saber. Porém, desde a primeira hora, que tudo estava documentado.
É verdade que somos piedosamente poupados aos cantos & juras solenes dos devotos da política. É verdade que o que se diz hoje em qualquer paróquia militante, amanhã é puro equívoco. É, absolutamente, verdade. E aí está o eng. Sócrates & os seus antecessores, para provar essas minúcias da política. E daí, evidentemente, que os garganeiros lusos, com a candura viçosa com que nos brindam cada dia, mostrem alguma perplexidade buliçosa. Não estão habituados a tais afoitezas. Compreende-se.
Mas nada disto, porém, vaticina o que quer que seja de proveitoso, sensato ou inovador. Não bastava a guerrilha económica surda entre a Rússia e a União Europeia, o espectáculo degradante do Iraque ou a putativa frente de guerra no Irão, que a lista é infindável, para, além dos efeitos que a medida de Evo Morales provoca na especulação bolsista, surgir agora, noutro lado e noutros paragens, novas ameaças regionais tendo como pano de fundo o petróleo. Sempre a mesma narrativa. Sempre a mesma irracionalidade. Até quando?
Locais: A Petrobras e a Bolívia [Folha S. Paulo] / Bolívia não negociou porque 'não tinha que fazer isso' [Estado S. Paulo] / É o 1º ato de esquerda desde a queda do Muro de Berlim [Folha S. Paulo] / El Gobierno español expresa su preocupación e insta al diálogo [El Pais] / Las petroleras a favor y en contra de analizar con Bolivia los efectos de la nacionalización [Los Tiempos] / Lula, Morales, Chávez e Kirchner se reúnem 5ª em Foz do Iguaçu [Estado S. Paulo] / Presidente da Petrobras diz que ato pode levar a "situação dramática" [Folha S. Paulo] / Texto completo del decreto de nacionalización [La Nacion] / Un golpe de efecto para consolidar poder [La Nacion]
quinta-feira, 27 de abril de 2006
Alexander Scriabin [1872 - m. 27 Abril 1915]
«A descoberta, em 1905, da teosofia, uma doutrina espiritualista fundada por Helena Blavatsky (1831-1891), também conhecida por Madame Blavatsky, marcá-lo-ia muito, e influenciaria as suas composições. Começa a sua 'ascensão em direcção ao sol', e o trabalho naquela que ambicionava que viesse a ser a sua obra máxima, Mysterium, uma 'grandiosa síntese de todas as artes', uma 'concepção multimedia apocalíptica', que deveria ser tocada nos Himalaias» [in Desnorte]
Para ouvir: The Music of Alexander Scriabin
Locais: Alexander Nikolayevich Scriabin / The Music of Alexander Scriabin / Alexander Scriabin / Scriabin Society / Alexander N. Scriabin / Theosophical Music / Helena Blavatsky
"Bem-aventurado o homem privado"
[Sebo Baratos da Ribeiro - Copacabana, Rio de Janeiro]
«Dizemos como Benjamin [Walter ..., Desempacontando a minha biblioteca; um discurso sobre o coleccionador", in Rua da Mão Única, São Paulo, 1987] 'a existência do coleccionador é uma tensão dialéctica entre os pólos da ordem e da desordem. Naturalmente, sua existência está sujeita a muitas outras coisas: a uma relação muito misteriosa com a propriedade (...), a uma relação com as coisas que não põe em destaque o seu valor funcional ou utilitário, a sua serventia, mas que as estuda e as ama como o palco, como o cenário do seu destino'. E assim continuamos: 'Renovar o mundo velho - eis o impulso mais enraizado no coleccionador ao adquirir algo novo'. 'Bem-aventurado o coleccionador!' Bem-aventurado o homem privado»
[Aníbal de Bragança et al, in O Consumidor de Livros se segunda mão. Perfil do cliente de sebos]
Gramsci [1891 - m. 27 Abril 1937]
"... in this imbalance between theory and practice there was an inherent danger" [Antonio Gramsci]
"... Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que 'viver significa tomar partido'. Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade (...) Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes (...)
Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram (...) Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a actividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento" [aqui]
Locais: International Gramsci Society / Selections from the Prison Notebooks / On Education / Praxis and the Danger: The Insurgent Ontology of Antonio Gramsci [Bruno Gulli] / O Futurismo Italiano (carta a Trotski)
segunda-feira, 24 de abril de 2006
PREC - "Põe, Rapa, Empurra, Cai", nº zero
"A liberdade é como uma 'corrente de ar', dizia André Breton, e, para cumprir o seu papel, essa corrente de ar deve começar por varrer todos os miasmas do passado ..." [B. Péret, in PREC, 2005]
Saiu o número zero do "jornal para ler e não para olhar", com a bênção do colectivo do P[õe] R[apa] E[mpurra] C[ai] e textos de Vítor Silva Tavares, João Bernardo, Jorge Silva Melo, Miguel Serras Pereira, João Mesquita, Sanguenail, Eduarda Dionísio, Benjamin Péret, entre muitos. Datado de Novembro de 2005, o PREC depois de ter debutado nas Caldas da Rainha (e bem), Lisboa e Porto, apresenta-se em papel suave, como deve. Como Saint Just, "cada um combate por aquilo que ama: eis aquilo a que se chama falar de boa fé". Para continuar, dizem. Assim se espera.
À venda na livraria Artes & Letras.
Bibliomanias: actualização - Sebos do Rio de Janeiro
"No Rio de Janeiro, destacavam-se a Livraria Kosmos e a Livraria São José, de Carlos Ribeiro, onde a gente permanentemente tinha bons encontros intelectuais e se defrontava com fortes tentações. Como a melhor forma de se livrar de uma tentação é ceder, não é difícil imaginar quantos livros vieram de lá aqui para casa.
Havia livrarias menores, mas de bons livreiros, como a de Tancredo de Barros Paiva, autor do Dicionário de Pseudonymos [1929], até hoje uma referência obrigatória e do qual tenho um exemplar autografado, e a Livraria Santana, na rua do Carmo, onde comprei uma colecção completa da revista O Novo Mundo, publicada em Nova York, na década de 1870, por José Carlos Rodrigues. Havia outros sebos que publicavam, aos domingos, anúncios de página inteira no Jornal do Comércio, que me punham a postos ao telefone logo cedo na segunda-feira ... Muitas vezes o esforço valeu a pena.
Um livreiro importante da rua São José, na primeira metade do século XX, foi J. Leite, conhecedor de bibliofilia como nenhum outro do Rio, que tinha a livraria creio na rua São José nos anos 60 e aos poucos cessou a sua actividade. As livraras da rua São José, aliás, não resistiram à especulação imobiliária. Todas funcionavam em prédios antigos, que forma vendidos a Walter Cunha, também livreiro mas que fez fortuna com os imóveis, não com os livros, embora fosse um livreiro de porte. Ele mantém uma livraria na rua da Assembléia e, segundo a lenda, tem na Tijuca um depósito com cerca de um milhão de livros" [José Mindlin, in Memórias Esparsas de uma Biblioteca, Escritório do Livro, 2004]
Fotos: Cláudio Coimbra e Ernani Duarte que pertencem à Livraria "Mar de Histórias", situada em plena Copacabana. A última é de José Alberto Tomaz Vieira, da Biblio & Arte, especializada em livros e fotos de Portugal.
sábado, 22 de abril de 2006
Parabéns sr. Jorge Nuno Pinto da Costa
O F.c.P. é o novíssimo campeão nacional de futebol. Estes tempos viciosos são, de facto, calamitosos. O edifico inteligente do futebol indígena pariu um extraordinário campeon e com todo o merecidamente, diga-se!
O F.c.P. é bem ministrado de jogadores: contámos para aí 2 ou 3 de reputada validade futebolística. Entre eles o melhor guarda-redes do Mundo e, cientificamente provado, da cidade do Porto: o jovem Vítor Baía. Curvemo-nos ... mas à cautela. Depois está composto dos mais genuínos e distintos árbitros da paróquia lusa. Parabéns sr. António Garrido. Longa vida! Com assombro piedoso, tem o campeon luso, um enternecido treinador que, caindo no regaço dos associados da Ribeira d'Invicta, confessa ... ter estimado os mimos & outras futilidades tripeiras com que foi, confessamente, agraciado. Assim não há equipas multidisciplinares que resistam. Impressionante, este Adriaanse.
Literariamente (futebolisticamente falando) tem o F.c.P. um rol de devotos intelectuais, dos mais invulgares intelectos nativos, que deslumbram e maravilham nos exemplos de hooliganismo que exalam. Manuel Serrão impressiona. Francisco José Viegas faz inveja. Maria José Rita alenta. Pinto da Costa, esse grande campeon da poesis, está, por seu lado, em toda a parte. E ofusca o poetismo do futebol nacional. Hoje, decerto, nos balneários, leu uma ode elegíaca à Maria Elisa e releu aos incréus a parábola costumeira do apito dourado. Está de parabéns. E nós por ele. Deo Gracias.
O Valor do Livro Antigo em Portugal
Prestes a sair do prelo, direccionada para os amantes dos livros (e com cabedal para isso), está a extraordinária obra, "O Valor do Livro Antigo em Portugal", de autoria de João Figueiredo Pereira e de José Ferreira Vicente.
Nesta publicação, em edição bilingue, curiosa e muito importante, pretende-se apresentar a "valorização do livro antigo de autores portugueses e estrangeiros com publicações de interesse para Portugal. Contém também a mais completa bibliografia dos mesmos autores, alguma vez publicada".
A obra, absolutamente notável, "será publicado em vários volumes, cada um dos quais abordará primeiramente um século". O primeiro volume "trata dos livros e manuscritos de autores nascidos até ao século XVI. Sendo bilingue (português e inglês), destina-se a ser distribuído por todo o mundo". Obra importante para os bibliófilos e especialistas do livro antigo. Consultar on line.
Leilão de Biblioteca - 2ª noite, 27 Abril
Algumas referências da 2ª e última noite: Dedalus, Portrait de l'artiste jeune par lui-même, de James Joyce, Paris, 1924 [1ª ed. francesa] / Portugal Illustrated, do Revd. W. M. Kinsey, 1829 / Historia Politica e Militar em Portugal, por Latino Coelho, II vols / A Barba em Portugal, de J. Leite de Vasconcelos, 1925 / Etnografia Portugueza, Leite Vasconcelos, 1933-88, X vols / Erro Próprio, de António Maria Lisboa, s.d. / Lusitânia. Revista Estudos Portugueses, dir. Carolina Michaellis de Vasconcelos, 1924-27, X numrs / Descripção Histórica e Economia da Villa e Termo de Torres-Vedras, de M. A. Madeira Torres, 1861 / Vários Lotes de Manuscritos (Espólio da Casa dos Condes de Sabugal e Óbidos/ Espólio Tavares Proença / Vila de Serpa / Miguelismo / Rui de Pina: Crónicas de Don Duarte, Afonso V) / Chronica do Muito Alto, e Muito Esclarecido príncipe D. Sebastião ..., por D. Manoel de Menezes, 1730 / Crónica de Palmeirim de Inglaterra ..., de Francisco de Moraes, 1786, III vols / Obras de Alexandre O'Neill (As andorinhas não tem restaurante, 1970 / Persiana para janela de Maluda, 1984, etc.) / Revista Oceanos, nº1 ao nº 49 / Ordenações e Leis do Reino de Portugal publ. 1603, Coimbra, 1774 / Porto Poema da Serra d'Arga, de António Pedro, 1948 / Contos vermelhos, de Soeiro Pereira Gomes, s.d. / Esteiros, idem, 1941 / Praça de Jorna (des. Álvaro Cunhal), 1976 / A Maçonaria, por Fernando Pessoa, s.d (1ª ed. do celebre opúsculo) / Quaderni Portoguesi, vol 1 a 3 (imp. revista para a historia do Surrealismo português) / Desaparecido, de Carlos Queiroz / Jornal do Caso República (recolha de jornais), nº 1 (29 Maio 1975) ao nº 10 / Diálogo entre um padre e um moribundo, do Marquês de Sade, 1959 (ed. Contraponto de Luiz Pacheco) / Historia da Fundação do Real Convento e Seminário de Varatojo, por Manoel Maria Santíssima, 1779-80, II vols
Algumas referências da 2ª e última noite: Dedalus, Portrait de l'artiste jeune par lui-même, de James Joyce, Paris, 1924 [1ª ed. francesa] / Portugal Illustrated, do Revd. W. M. Kinsey, 1829 / Historia Politica e Militar em Portugal, por Latino Coelho, II vols / A Barba em Portugal, de J. Leite de Vasconcelos, 1925 / Etnografia Portugueza, Leite Vasconcelos, 1933-88, X vols / Erro Próprio, de António Maria Lisboa, s.d. / Lusitânia. Revista Estudos Portugueses, dir. Carolina Michaellis de Vasconcelos, 1924-27, X numrs / Descripção Histórica e Economia da Villa e Termo de Torres-Vedras, de M. A. Madeira Torres, 1861 / Vários Lotes de Manuscritos (Espólio da Casa dos Condes de Sabugal e Óbidos/ Espólio Tavares Proença / Vila de Serpa / Miguelismo / Rui de Pina: Crónicas de Don Duarte, Afonso V) / Chronica do Muito Alto, e Muito Esclarecido príncipe D. Sebastião ..., por D. Manoel de Menezes, 1730 / Crónica de Palmeirim de Inglaterra ..., de Francisco de Moraes, 1786, III vols / Obras de Alexandre O'Neill (As andorinhas não tem restaurante, 1970 / Persiana para janela de Maluda, 1984, etc.) / Revista Oceanos, nº1 ao nº 49 / Ordenações e Leis do Reino de Portugal publ. 1603, Coimbra, 1774 / Porto Poema da Serra d'Arga, de António Pedro, 1948 / Contos vermelhos, de Soeiro Pereira Gomes, s.d. / Esteiros, idem, 1941 / Praça de Jorna (des. Álvaro Cunhal), 1976 / A Maçonaria, por Fernando Pessoa, s.d (1ª ed. do celebre opúsculo) / Quaderni Portoguesi, vol 1 a 3 (imp. revista para a historia do Surrealismo português) / Desaparecido, de Carlos Queiroz / Jornal do Caso República (recolha de jornais), nº 1 (29 Maio 1975) ao nº 10 / Diálogo entre um padre e um moribundo, do Marquês de Sade, 1959 (ed. Contraponto de Luiz Pacheco) / Historia da Fundação do Real Convento e Seminário de Varatojo, por Manoel Maria Santíssima, 1779-80, II vols
sexta-feira, 21 de abril de 2006
Leilão de Biblioteca - Dias 26 e 27 Abril
Organizado pela Livraria Antiquária do Calhariz, sob direcção de José Manuel Rodrigues, realiza-se nos dias 26/27 Abril, pelas 21 horas, na Casa da Imprensa (rua da Horta Seca, 20, Lisboa) um Leilão de uma Distinta e Valiosa Biblioteca de Obras de Grande Interesse Histórico e Literário, dos Séculos XVI ao XX.
Algumas referências da 1º Noite: Álbum de Cintas de Charutos (princ. sec. XX) / A Scena do Odio, de Almada Negreiros, 1915 / Nome de Guerra, de A. Negreiros, s/d (1º ed.) / Historia da Igreja em Portugal, por Fortunato de Almeida, 1967-71 / Cancioneiro do Ribatejo, de Alves Redol, 1950 / Espólio. [Conto a favor dos Bombeiros de Vila Franca de Xira], de Alves Redol, s/d (raro) / Anais da Academia Portuguesa de História, 1940-59, XIV vol / Luz da Liberal e Nobre Arte da Cavalaria, de Manuel Carlos de Andrade, 1971 / Mercúrio Philosophico Dirigido aos Philosophicos de Portugal, de Francisco António, 1752 / Arquivo de Bibliografia Portuguesa, dir. Lopes de Almeida, 1955-70, 70 numrs / Asas, de J. Carlos Ary dos Santos, 1952 (1º ed. do 1º livro autor) / Aventura. Revista dir. e ed. por Ruy Cinatti, Lisboa, 1942, II numrs / Bibliotheca Lusitana, de Diogo Barbosa Machado, 1954-67, IV vols / O Bibliófilo Aprendiz, por Ruben Borba de Moraes, São Paulo, 1965 (1ª ed.) / Cadernos de Poesia (vários numrs e lotes desta import. publ. lit.) / Caliban, revista literária publicada em Lourenço Marques, dir. de João P. Grabato Dias e Rui Knopli, 1971, III numrs / Obras de M. Cesariny Vasconcelos raras e valiosas (Antologia Surrealista do Cadáver Esquisito, 1961 / As Mãos na Àgua a Cabeça no Mar, s.d. / Burlescas, Teóricas e Sentimentais, 1972 / Jornal do Gato, 1974 / Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos, Impr. Libanio da Silva, s.d. / etc...) / Cidade Nova. Revista Cultura Coimbra, 1949-61, 33 numrs / Borda D'Alma Narrando Alusivamente ..., de Ruy Cinatti, 1973 / Obras de Natália Correia (A Madona, 1968 / Aconteceu no Bairro, 1946 / Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, s.d. / Grandes Aventuras de um Pequeno Herói, 1946 / O Encoberto, 1969) / Critério. Revista mensal de cultura, Lisboa, 1975-76, VIII numrs / Tratado de Direito Civil, por Luiz da Cunha Gonçalves, 1929-39 / Ainda, de Saul Dias, 1938 / As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Diniz, Ed. luxo, c. ilustr- Roque Gameiro, s.d. / Centenary 1859-1959 de Sir Arthur Conan Doyle, 1959 / Obras de Eça Queiroz (Contos, 1902 /15 vols da Edição do Centenário das Obras Completas, 1946-48) / Jornal de Critica Literária, por Franco Nogueira, 1954 (ensaios de crit. lit.) (raro) / Graal (revistas). Dir. de António Manuel Couto Viana, 1956-57, 13 numrs / Grifo (imp. antologia org. pelo grupo surrealista de Lisboa), 1970 (raro) / Obras raras de Herberto Helder (Apresentação do Rosto, 1968 / Electronicolirica, 1964 / Flash, 1987 / O Corpo o Luxo a Obra, 1978 / Oficio Cantante, 1967 / Photomaton & Vox, 1979 / Vocação Animal, 1971)
[continua]
terça-feira, 18 de abril de 2006
Uma vela dia 19 de Abril: para que a memória não nos atraiçoe
Lembra-nos Nuno Guerreiro como é frágil a memória dos homens. Como a remissão, muito para além das tremendas paixões de cada qual, dificulta a nossa sempre presumida liberdade. A nossa ilustrada cidadania. O nosso manual de sobrevivência é sempre uma curiosa dissimulação, um temerário retiro argumentativo, sem inteligência, decência, nem memória. Somos todos uns eruditos domésticos, entre os nossos pares.
Tudo isto a propósito da convocação (pois, é disso que se trata) para nos associarmos, sem sacrifício de espécie alguma a não ser o que dita a consciência, à evocação desse ignominioso massacre de judeus, que há 500 anos enlutou a nossa memória. O miserável espectáculo de antanho tolhe a mão, não apenas dos antigos fanáticos mas também dos novos "humanistas". A deserção de alguns revela quão longe ainda está a dignidade do homem. Existem objecções muito menos virulentas.
Acender "uma vela simbólica por cada uma das vítima" dos tempos idos de 1506 é afirmar que ainda não estamos "gastos", entre o desvario da vida e o desespero dos homens. Porque a memória "pejada de memória" assim evocada, sendo trágica e chorada até, não nos vai deixar submersos por novos senhores ou novas causas. Que aí estão à bater-nos porta. Mais cedo que tarde.
[De outro modo, o infame acontecimento assinala, pelo menos para alguns, o começo da decadência do reino de Portugal. A ideia presente, em alguns historiadores, que a razão primeira que originou a posterior expulsão dos judeus (com novas cenas aterradoras, como relata Pinheiro Chagas, na História de Portugal) se deveu à paixão doentia de D. Manuel por D. Isabel (filha dos Reis Católicos, noiva do "malogrado" príncipe D. Afonso), dado ter cedido ao pedido da princesa como consentimento para o casamento, é curioso mas não pode explicar tudo. Mesmo entre a corrente dita tradicionalista ou esotérica (vide António Telmo) persiste a questão. Mas isso é outro assunto, que fica para um dia qualquer, mas que convém, talvez, recordar]
Justificativo contra o aborrecimento ou ditos sobre a ausência
"Depois destas noites frias o sol acalenta.
Faz fumegar alguns ângulos ..." [Fiame H. P. Brandão]
Estes trabalhos passados que nos confiaram, enfim, cegaram-nos. A liberdade em pecado, ou desejo de bem servir, tem virtudes antigas que nem a caridade do Cardeal Stafford faz tremular. Estamos, decididamente, embriagados de prazer. Olhem, Vossas Mercês, como a água, terna de cuidado, rega o areal. Os festejos, do alvorecer da aurora ao pôr-do-sol descoberto, são purificadores. Semear primaveras não é caminhada poética. Nem repouso estimado. Mas pode ser o jardim da terra, quando a água acode assim ... a modos que cavalgar uma égua. Evidentemente, só para sabedores encartados.
Posto isto, interrompido o veraneio caprichoso da vida boa e que os nobres deputados indígenas há muito promoveram, chegou a vez de socorrer outras missões. Com o desespero de não termos acompanhado (em pormenor & pormaior) os serviços pátrios do inefável Alberto Costa, nem o beneficio escolástico perseverante do prof. Marcelo; forçados, por motivos ínvios, a não acompanhar o alto trajecto futebolístico da equipa do apito dourado (salve, Pinto da Costa!) e não prescrevendo a generosidade do Glorioso no seu abraço continuado à lagartagem d'Alvalade; eis que estamos de volta à paróquia lusitana. E continuamos "senhores do nosso domínio". Bem entendido!
Assim, para não prejudicar, de todo, o efeito visual do cliché acima revelado, para que a noute seja singular & a nossa estremecida ufania musical não desespere e nos não estorva de vez, para cavaleiros ilustrados & conquistadores fulminados, eis, em jeito mui respeitável, a nossa exaltação profana
Stephen Merritt - What a Fucking Lovely DayCastpost
segunda-feira, 10 de abril de 2006
Fundação Calouste Gulbenkian - Hoje, 17,30 m
"Há muito estavas longe
Mas vinham cartas poema e notícias
E pensávamos que sempre voltarias
Enquanto amigos teus aqui te esperassem ..." [S.M.B.]
"Correspondência" entre Sophia Mello Breyner e Jorge de Sena, é apresentada hoje, pelas 17,30 m, na Fundação Gulbenkian, com publicação da nova editora "Guerra e Paz". Um livro purificador, convidativo, único.
Viver é preciso!
"o que me salva a vida, é que cada dia faço pior" [Picasso]
A turba doméstica, sempre mais corpo que espírito e falha de ideias novas, tem em Correia de Campos a sua mais sólida e virtuosa revelação. Este espantoso devoto da pureza da vida & mandatário para o apuramento da raça indígena, anunciou há dias, em espírito de filantropia para afastar o tédio governamental, a viril proposta de "proibir o fumo nos recintos públicos fechados". E para todo o sempre.
Temendo o charivari da canalha, acrescentou Correia de Campos qualquer coisa assombrosa, sobre a necessidade da "defesa dos trabalhadores" (um mimo ministerial, assaz enternecedor) contra a relaxação moral dos fumadores & outros lascivos cidadãos. Com a infabilidade costumeira e os conspícuos zeladores da saúde à ilharga, o prior de Sócrates para a vida eterna, além da reprimenda dada aos vassalos, avançou com o plano espirituoso de abrir excepções, neste seu vigoroso exercício contra os pecadilhos do tabaco, dizendo que em áreas com mais de 100 m2 "poderá haver áreas de fumadores desde que separadas fisicamente das restantes". Excelente o humor da personagem.
O ministro instruído do bem, deliberadamente esquece que não lhe compete controlar a vida pessoal do gentio, já que para isso existem os Costa (António & Alberto). E, se em inteligência graciosa & inebriante anda saudoso dos bons tempos do cantado "mercado" mui liberal, só tem de reconhecer que o empresário privado terá todo o direito a escolher se pretende que o seu estabelecimento seja frequentado por fumadores ou por não-fumadores. E os consumidores farão o resto. Mande, pois, com toda a ambição na esfera pública do Estado e deixe a ruína para os íntimos. Para que a sua presumida legislação tenha algum sentido pedagógico.
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