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terça-feira, 19 de agosto de 2003

SÉRGIO VIEIRA DE MELLO



... um cidadão do mundo, que trabalhou e lutou em defesa dos refugiados, do cidadão sem terra e sem alma, na defesa dos Direitos Humanos, morreu hoje em Bagdade vítima de um cobarde e vil atentado terrorista. O seu exemplar e brilhante trabalho em defesa do processo democrático de Timor Leste foi a sua última batalha, ganha por todos os amantes da liberdade e do respeito pelos direitos do Homem. Doutorado em Filosofia e Ciências Sociais pela Sorbonne, SVM foi um exemplo de um trabalho que a ONU pode e deve fazer, sem vassalagens, nem tibiezas, com todo o espírito de tolerância. Que descanse em paz!

"Yo diría que el primero es hacer una agenda de derechos humanos que no divida los pueblos, los estados, sino una que los una. El tema de derechos humanos no puede generar separación entre pueblos y estados. Al contrario, los debe unir. Lo que conocemos como "Derechos Universales". No es materia fácil. Desafíos más específicos...hay muchos. El problema de los derechos económicos y sociales, en otras palabras el problema del desarrollo, de la pobreza, el fenómeno de las migraciones, que está causado por la pobreza, el problema de los derechos de la mujer...importantísimo y de la violencia contra la mujer; el problema de la discriminación racial; de las nuevas formas del antisemitismo que es un monstruo que siempre reaparece desgraciadamente y esta nueva tendencia a raíz de lo que pasó el año pasado, que yo llamaría de "Islamofobia," de generalizar y de acusar a priori grupos, sociedades, religiones, y muchos más. Lo que tendré que hacer es priorizar porque existe el peligro de diluir la atención y los pocos recursos de los que disponemos".

"Hay que recordar que lo que pasó el 11 de septiembre fue un acto abominable. Entonces la lucha contra el terrorismo es una necesidad y hay que respaldarla. Eso no debe llevar a ciertos excesos como por ejemplo el de definir cualquier forma de oposición, cualquier forma interna de distensión hasta de resistencia como terrorismo. En otras palabras, generalizar el concepto de terrorismo e incluir en él cualquier forma de divergencia de opinión política. Y en segundo lugar las medidas que se tomen para combatir el terrorismo, no deben nunca afectar lo que hemos alcanzado en estos últimos siglos en términos de democratización de nuestra sociedad porque es eso lo que los terroristas quieren: destruir las estructuras de los estados democráticos"

[Entevista da CNN a Sérgio Vieira de Mello, 20 de Agosto 2002]

"Até as guerras têm suas leis. Ninguém deve ser privado arbitrariamente da vida. Ninguém deve ser detido arbitrariamente e não se deve submeter ninguém à tortura. Todo indivíduo tem o direito à presunção de inocência" [Sérgio Vieira de Mello]

HORROR EM BAGDADE

O atentado terrorista que atingiu a sede das Nações Unidas no Iraque, é um acto bárbaro sem qualquer justificação e merece a mais viva repulsa. Sérgio Vieira de Mello e os seus companheiros têm toda a solidariedade de qualquer cidadão do mundo. O cobarde acto terrorista que atingiu a delegação das Nações Unidas, num país em perfeito desespero pela miopia política e a revanche criminosa da actual administração americana depois do 11 de Setembro, demonstra que o terrorismo não se combate meramente com estratégias militares e de ocupação, à revelia dos direitos humanos e da cidadania mundial. Ocupar um país nunca foi um política seria e honesta e só a estratégia belicista e imperial Bushiana não quer ver tal. Como bem disse Rohan Gunaratna ao Publico do dia 17 de Agosto último, "a luta contra o terrorismo tem de ser multidimensional, travada por múltiplas agencias e múltiplos países", sendo necessário "usar meios políticos, ideológicos, económicos, sociais e meios de informação" para esse combate. Dentro do respeito pelas diferenças de cultura, pela defesa da participação democrática e na mais estrita obediência aos princípios do humanismo e do direito internacional, afinal tudo aquilo que os EUA e a clique dos seus amigos não fazem nem pretendem seguir.