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terça-feira, 20 de julho de 2010

ALMA MATER DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA - NOVAS OBRAS DIGITALIZADAS



"Encontram-se disponíveis na página da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra um conjunto assinalável de documentos, iconografia, cartografia, livros, jornais, epistolografia, música manuscrita e impressa e manuscritos que ficaram agora em livre acesso ao grande público.

A Alma Mater, da Universidade de Coimbra, permite agora aceder também a um conjunto de documentos depositados na Biblioteca Geral (cerca de quatro mil documentos, publicados na sua maioria antes de 1940, aos quais correspondem perto de 500 mil imagens) a que somente alguns investigadores tinham acesso, mas que agora digitalizados ficam ao alcance de um clique.

Um dos conjuntos disponibilizados é a República Digital, onde é possível encontrar diversos jornais e publicações muito úteis para a História do Movimento Republicano, seja em Coimbra e no respectivo distrito. Ficaram disponíveis 41 jornais e revistas, donde se destacam o Almanach da República. Distrito de Coimbra, de 1913; Azagaia (1891-1892); o Clarim das Ruas (1897); A Corja (1915); O Dever (1908); A Evolução (1876-1877); A Evolução (1881-1882); O Grito do Povo (1910); Pátria (1906); Portugal (1896); República Portuguesa (1873); O Raio (1894); Resistência (1916-1918); O Trabalho (1870); O Ultimatum (1890); Voz do Porvir (1897).

Por outro lado, do espólio de Belisário Pimenta foram digitalizadas um conjunto de 67 negativos de fotografias que mostram a época e a região.

Ficaram também acessíveis 60 livros dos meados do século XIX a meados do século XX. Entre as obras digitalizadas destacamos: as Teses de Filosofia Natural (1876) e a Teoria Matemática das Interferências (1876), de Bernardino Machado; um caderno manuscrito de Belisário Pimenta sobre a Maçonaria; A Universidade de Coimbra (1908), de Bernardino Machado; A Questão Académica de 1907: Memórias ao correr da pena (1908-1911), de Belisário Pimenta.

Uma iniciativa que não podemos deixar de elogiar e de divulgar junto de todos aqueles que nos acompanham no interesse pela História e Cultura do nosso País"

Saúde e Fraternidade
A.A.B.M.

via ALMANAQUE REPUBLICANO

domingo, 15 de outubro de 2006

TEATRO DOS ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA


TEUC - Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra

A Ilha dos Escravos (Marivaux): encenação de Luís de Lima, Coimbra, 1969

"Rio-me das regras e não vejo nisso grande mal; o nosso espírito não merece, muitas vezes, que lhe prestemos tanta atenção" [Marivaux]

segunda-feira, 24 de novembro de 2003

RAMALHO ORTIGÃO [1836-1915]



Ramalho Ortigão [1836-1915]

Nasce no Porto a 24 de Novembro de 1836

"O viajante sente ao entrar na Figueira [... da Foz], no tempo dos banhos, uma impressão semelhante à que se experimenta penetrando nos gerais da Universidade em dia lectivo. É a impressão do lente, do pedagogo, da aula. Tem-se uma espécie de terror mesclado de tédio. Há uma atmosfera especial de pedanteria, de rigor e de troça. Aspira-se vagamente o cheiro dos sapatos e das velhas batinas gordurosas na aula quente e fechada. A fisionomia dos doutores, de uma grave expressão enfática, guindada e oca, as cabeleiras dos estudantes aparatosamente penteadas, os ares dogmáticos de uns, misturados com os ares patuscos de outros, um tom geral de prelecção ou de desfrute, uma tonalidade especialmente afectada na pronunciação, um desgarre peculiar de gestos e maneiras, tais são as principais notas que caracterizam a população de Coimbra. (...)

Antigos estudantes reprovados, velhos cabulas incorrigíveis, de cabelos cheios de caspa, e a barba por fazer, o rosto macilento e sombrio, as unhas e os dentes sujos, os sapatos acalcanhados, passam chupando o cigarro e arrastando no macadam coberto de papeis rasgados a ponta da capa enodoada e rota. Os professores, habituados pela antiga organização da Universidade a exercerem sobre o aluno um poder quási ilimitado, afeitos à bajulação, à pusilanimidade, à subserviência dos escolares, caminham majestáticamente com a determinação imperiosa de quem mandará cortar a cabeça dos estrangeiros que se não ajoelhem na passagem deles e das suas famílias ..."

[Ramalho Ortigão, in As Praias de Portugal]

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (VII)



Sociedade de Theatro da Rua da Calçada (1824) - Era uma "sociedade de curiosos", que davam espectáculos num "prédio da Rua da Calçada", hoje Ferreira Borges. [in, Conimbricense, 1905]

Sociedade do Theatro Trovão (1825) - "De 1825 para 1826, foi construído nas casas de José António Rodrigues Trovão, na extremidade da Rua Sargento-Mor, com frente também para o Caes, um dos melhores theatros particulares que houve na cidade". [ibidem]

Sociedade Philomatica de Coimbra (1827) - "Constituída por alunos de Sciencias Naturaes, foi fundada no mez de Maio de 1827". Tinha por objecto o estudo dos diferentes ramos das ciências naturais. [ibidem]

Sociedade do Theatro de Mont'Arroio (1828) - Em casa de José Pedro Velhoso [ibidem]

Sociedade dos Divodignos [Divodigus] ou Divodis (1828) - Era composta, na quase totalidade, por estudantes liberais - o seu presidente era Francisco Cesario Rodrigues Moacho -, e de onde saíram os estudantes que participaram nos assassinatos e ferimentos aos lentes e cónegos [Jeronymo Joaquim de Figueiredo e Mattheus de Sousa Coutinho, foram os lentes mortos], no dia 18 de Março de 1828, além de Condeixa [sítio do Cartaxinho]. Tinham as reuniões na Rua do Loureiro, em umas casas pequenas do lado esquerdo logo acima do Arco de D. Jacintha" [in, Apontamentos para a História Contemporânea, p. 93]. Tinham os Divodignos "uma constituição, uma lei orgânica, que prescrevia a obrigação de actos violentos, e nestes, até o assassinato" [cf. Alberto de Sousa Lamy, in A Academia de Coimbra 1537-1990]

Segundo um elemento pertencendo à sociedade [conta Joaquim Martins de Carvalho] faziam os Divodigus as assembleias num casarão quase subterrâneo, sito nos Palácios Confusos. Foi, aí, que se resolveu a trama de Condeixa, isto é, o cumprimento da deliberação de tirar do caminho de Lisboa os "membros das duas deputações " que levavam felicitações ao rei d. Miguel.

Assistiram a essa sessão dos Divodignos, 200 académicos liberais, tendo sido sorteados 13 deles para o cumprimento da missão. Segundo Joaquim Martins de Carvalho [op. cit], os membros dos Divodignos que "desfecharam as armas" foram: Delfino Antonio de Miranda e Mattos [de Barcelos], Bento Adjuto Soares Couceiro e Antonio Correia Megre.

Perante a descoberta ocasional do crime ocorreram populares e uma força de Cavalaria, que ali passava, pondo em debandada os Divodignos. Foram presos e enforcados [cf. Joaquim de Carvalho, op. cit, p. 96] nove deles [Bento Adjuto Soares Couceiro, Delfino Antonio de Miranda e Mattos, Antonio Correia Megre, Domingos Barata Delgado, Carlos Lidoro de Sousa Pinto Bandeira, Urbano de Figueiredo, Francisco do Amor Ferreira Rocha, Domingos Joaquim dos Reis e Manuel Inocêncio  de Araújo Mansilha]. Foram conduzidos para Lisboa e do processo resultou na sentença [muito contestada juridicamente] de morte por "enforcamento" no dia 20 de Junho de 1828, no "cais do Tejo, a Santa Apolónia" [cf. Lamy, op. cit].

Ainda segundo J. Martins de Carvalho evadiram-se os quatro restantes [diga-se que José Germano da Cunha, nos "Apontamentos para história do Concelho do Fundão" (Lisboa, 1892) diz-nos que foram enforcados 10 dos membros dos Divodignos e que escaparam 3, referindo: Bernardo Nunes, o padre Bernardo Antonio Ferreira e Francisco Sedano Bento de Mello], registando Martins de Carvalho os seguintes:

Antonio Maria das Neves Carneiro (do Fundão, e que acabou por ser enforcado em 1830), Francisco Sedano Bento de Mello (Caldas da Rainha), José Joaquim de Azevedo e Silva (Lisboa) e Manuel do Nascimento Serpa (falecido na Misericórdia de Lagos, com o nome de "Fresca Ribeira"- ver obra citada e, principalmente, o Capitulo XII, "Sentença  que condenou à morte os 9 estudantes enforcados a 20 de Junho de 1828"; do mesmo modo, consultar os "Grande Dramas Judiciários", de Sousa e Costa; idem para Oliveira Martins, in Portugal Contemporâneo, vol I.; ou Teófilo Braga, "História da Universidade de Coimbra", tomo IV; tb Camilo Castelo-Branco, in "O Retrato de Ricardina".

[texto com aditamentos vários]

domingo, 23 de novembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (VI)


Outra Loja Maçónica ao Arco de Almedina (1821) - "Vem citada nas «Memórias de Garrett», por Francisco Gomes de Amorim. É possível certa confusão com a anterior, mas como a casa citada por Amorim não é a mesma a que se refere Joaquim Martins de Carvalho (nos «Apontamentos para a História Contemporânea) ... Segundo Amorim: a citada associação, fundada ou ajudada a organizar por Garrett, era em casa de Jacques Orcel, livreiro ao Arco de Almedina". Corria que era a Loja da Carbonária [in, Conimbricense, 1905]

Sociedade dos Amigos das Lettras (1821) - Patrocinada pelos irmãos Castilho, sendo presidente o pai, dr. José Feliciano de Castilho, lente da Faculdade de Medicina. Pertenciam Garrett, Joaquim António de Aguiar. Eram públicas as sessões. [ibidem]

Loja Maçónica da Rua do Norte (1823) - Estabelecida nas casas da Rua do Norte, onde morava o dr. António Nunes de Carvalho, que pertenciam à Imprensa da Universidade. Dela faziam parte muitos lentes e doutores. De referir que durante o Governo Constitucional de 1820/30, as sociedades secretas eram toleradas sem que sofressem as perseguições de tempos anteriores. Com a "queda do sistema liberal, no fim de Maio e principio de Junho de 1823, chegou a hora das provações dos liberais". Foi então em 1823 que se dissolveu a Loja Maçónica da Rua do Norte. "No dia 14 de Julho de 1823, pela meia-noite, Manoel do Rosário Curado, mestre alfaiate desta cidade, servindo de Juiz do Povo na ausência do efectivo, com o seu escrivão Bento dos Santos, mestre sapateiro, acompanhado de 60 a 80 homens do povo armados de diferentes armas, dirigiram-se às casas da Rua do Norte, em que morava o dr. António Nunes de Carvalho, e onde supunham que havia uma loja maçónica. Ali visitaram e examinaram miudamente todas as salas, quartos, varandas, lojas, móveis, roupas, papeis e livraria e nada encontraram" [ibidem]

Sociedade do Theatro do Pateo do Castilho (1824) - Sociedade dramática, de que faziam parte os filhos de Feliciano de Castilho, situada em casa do dr. Feliciano de Castilho, ao Arco de Almedina, no chamado Pateo do Castilho. [ibidem]

sábado, 22 de novembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (V)


Sociedade do Theatro da Rua de Coruche (1818) [in, Conimbricense, 1905]


Sociedade Maçónica da Rua dos Coutinhos (1819) – Reunia nas casas pertencentes ao Visconde da Bahia, "do lado esquerdo quando se caminha da Sé Velha", onde habitava o Padre Joaquim Cordeiro Pereira, que tinha sido vigário em Eiras e prof. de Latim no Collegio das Artes. Diz o Conimbricense, que a Loja sofreu uma busca da policia, tendo-se encontrado a urna onde se encontrava as listas para votação dos cargos, e apenas face à desenvoltura do vizinho do lado direito da rua (negociante António de Oliveira e Sá), amigo do Padre Couceiro, evitou um desfecho trágico, porque misturou na urna o nome de pessoas importantes e "pronunciadamente realistas", o que levou as autoridades a desistirem. [ibidem]


Sociedade Secreta dos Jardineiros (1820) – Era também chamada, «Sociedade Keporática» (képoros – jardineiro) e estava estabelecida numas casas na Rua do Cabido, pertencentes a José Guedes Coutinho Garrido. Foram as casas arrendadas, em 1820, por três estudantes: Manoel Gomes da Silva, 3º ano de Medecina, do Porto, e conhecido pelo nome de Chicara (mesma alcunha do pai); António Fortunato Martins da Cruz, 2º ano de Medecina, tb do Porto; Thomaz Aquino Martins da Cruz, irmão do anterior e no 2º ano jurídico (foi mais tarde governador civil de Coimbra, juiz de direito em Estarreja e juiz da relação do Porto). Ora, assustados com os acontecimentos políticos de 1823, decidiram tirar todos os objectos da sociedade, que estavam na sala de reuniões, e lançaram-nos numa cisterna existente no pátio das referidas casas, entregando as chaves ao Padre Cordeiro (vide associação anterior). Acontece que, o proprietário das casas veio para Coimbra, acompanhado com os filhos (para fazerem exame de latim), e descobriu os objectos depositados na cisterna das casas. Participou ou Juiz, o qual com o corregedor e provedor da comarca, procederam ao "exame" dos tais objectos, e para satisfazer a curiosidade dos habitantes mandaram espalhar no pátio da Sé Velha tais descobertas, tendo havido forte afluência do povo.

Um dos fundadores da sociedade foi um estudante brasileiro, natural da Bahia, Francisco Gomes Brandão (que parece que mudou o nome no Brasil para Francisco Gé Acayaso de Montesuma. Os acontecimentos foram muito comentados, tendo havido muitas publicações sobre o assunto, alguns com "disparates" à mistura, como os folhetos do Padre João Duarte Beltrão.
Ao que parece, pertencia à sociedade Almeida Garrett, segundo carta publicada na Gazeta de Lisboa de 26 de Junho de 1823. [ibidem]


Loja Maçónica ao Arco de Almedina (1821) - Existiu uma Loja nas casas ao Arco de Almedina, que pertenciam ao próprio Juiz de Fora José Corrêa Godinho, depois Visconde de Corrêa Godinho. "Como a entrada pelo lado do Arco de Almedina é muito publica, serviam-se os IIr. da Loja, para entrar para ellas, de uma pequena porta que está num muro na Rua de Sobripas, e que por meio de uma comprida escada que desce pelos quintaes, dá comunicação para as ditas casas". [ibidem]

quinta-feira, 20 de novembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (IV)


Sociedade do Theatro da Rua das Figueirinhas (1810-1834) [in, Conimbricense, 1905]

Sociedade Dramática dos 40 (1813) - Tratava-se de uma associação de académicos com 40 sócios, que foi proibido dado as ideias liberais da peça "Bruto" de Voltaire [ibidem]

Sociedade do Theatro da Rua da Calçada (1813) - Na casa do relojoeiro João Pedro, na (hoje) rua Ferreira Borges. [ibidem]

Sociedade do Theatro da Sé Velha (1817) - Funcionava na casa onde habitava o cónego Manuel José Coutinho, ao largo da , em frente ao lado principal da Igreja. [ibidem]

Sociedade de Theatro da Rua dos Coutinhos (1817) - Entre 1817/1818, Coimbra era frequentada por entusiastas das ideias liberais, com fortes aspirações de mudança. Entre eles figurava Almeida Garrett. Ora, muitos dos que foram proibidos pela peça "Bruto", acima citada, estabeleceram-se na Rua dos Coutinhos, na casa pertencente à família Coutinho. Mais tarde fundaram aí em 1817/18, uma Sociedade Maçónica a cargo do padre Joaquim Cordeiro Pereira. Em 1817/18 faziam parte do teatro, Garrett, Joaquim Sanches e José Maria Grande. De referir que Garrett apresentou, duas tragedias: «Lucrécia» e «Xerxes» [ibidem]

Loja Maçónica Sapiência (1818)- No dia 18 de Outubro de 1817, foram enforcados em Lisboa Gomes Freire de Andrade e seus companheiros. Outros liberais promoviam novas conspirações, dirigidas por Manoel Fernandes Thomaz, no que resultou o movimento de 24 de Agosto de 1820. Caiu o governo, dando lugar a um governo liberal.

Esta Loja Maçónica reunia-se perto do Colégio Novo e a ela pertenceram muitos doutores, como Manoel de Serpa Machado, João Alberto Pereira de Azevedo, Sebastião de Almeida e Silva e António Pinheiro de Azevedo. Este último seria mais tarde vice-reitor da Universidade, renunciando às ideias liberais, tornando-se "um pronunciado absolutista". Ainda pertencia à Loja, um respeitável e rico comerciante de nome Francisco da Silva Oliveira. Como curiosidade, diga-se que não era permitido admissões de estudantes, sendo que havia um só, o estudante de Medicina José Maria Lemos, dado ser parente do Bispo D. Francisco de Lemos. [ibidem]

quarta-feira, 19 de novembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (III)


Arcádia Conimbricense (179...) - Com o nome de Arcádia apareceram várias sociedades literárias, que adoptavam o nome de um pastor. Sobre esta pouco se sabe, apenas que é referida nas poesias de António Soares de Azevedo [in, Conimbricense, 1905]

Sociedade do Theatro da Rua Nova (1800) - Foi constituída nas casas com frente para a Rua da Sofia, por alguns académicos, e foi dissolvida pelo vice-reitor José Monteiro da Rocha [ibidem]

Novo Rancho (1803) - O mesmo vice-reitor, José Monteiro da Rocha, participava (a 20/09/1803), que se tinha formado "um rancho ou súcia de estudantes vadios e libertinos, que de dia em dia engrossava mais e era temível". Consta que foram presos perto de dezoito, sabendo-se que tinham mensageiros e sinais de convocação, bem como existia uma casa "onde se juntavam de noite a comer e a dançar com meretrizes e dai tomados de vinho e armados, infestavam toda a cidade". [ibidem]

Sociedade do Theatro da Rua de Coruche (1804)

2ª Sociedade de Theatro da Rua Nova (1806)

Sociedade do Theatro da Brôa (1806) - Era constituída por estudantes que residiam no colégio então chamado da Brôa, que ficava ao fundo da Rua dos Loyos, com frente para a Rua do Rego de Água. [ibidem]

terça-feira, 18 de novembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (II)


Rancho dos 12 (1737)

Passados quinze anos da setença de morte ao estudante do Rancho de Carqueja, Francisco Jorge Ayres, eis que surge em Coimbra um Rancho de 12 estudantes, que "praticando tais excessos obrigaram a Mesa do Desembargador do paço a dirigir provisão ao Juiz de Fora". [in, Conimbricense, 1905]

Sociedade de Sciencias Naturaes e Económicas (178...)

Diz o Conimbricense, que não há "indicação de quem fossem os fundadores desta sociedade e a sua data de fundação". Ao que se sabe, Balthazar da Silva Lisboa, "doutor em leis" assegura que a sociedade se formou em Celas, após a criação da Regia Academia, portanto à volta de 1780. Esta Associação era uma "sociedade de mancebos patriotas, que desejando ser úteis à Pátria, se destinavam a trabalhos nos diferentes ramos da filosofia, divididas em quatro classes": História Natural, Agricultura, Arte e Comércio [ibidem]

Theatro da Rua dos Coutinhos (1785)

Constitui-se uma sociedade de curiosos em 1787, e um teatro na Rua dos Coutinhos, "do lado direito quando se sobe, na casa das famílias deste nome, onde existiu posteriormente - de 1822 a 1826 - a Imprensa do Reitor da Sé Catedral, Padre Manoel Nunes da Fonseca". [ibidem]

Theatro do Collegio de S. Bento (1786)

Patrocinado pelos monges do mesmo colégio. [ibidem]

segunda-feira, 17 de novembro de 2003

ASSOCIAÇÕES DE COIMBRA (I)


 
Associações de Coimbra ( I )

A Irmandade dos Clérigos Pobres de Coimbra (1530), ao que diz o Conimbricense, pode "considerar-se como uma associação de socorros mútuos", sendo que a data citada se refere ao "mais antigo compromisso" da instituição em causa. Fundada na Igreja da Sé Velha, passou depois para a paróquia de S. Cristóvão, e em 1905 tinha sede na Igreja de S. João de Almedina. Além de prestar socorros médicos e farmacêuticos, fornecendo subsídios a doentes e impossibilitados, tinha como lugar central o culto da Virgem, "especialmente no mistério da sua Apresentação".
[In, Conimbricense, Ano 1905]


Rancho de Carqueja (1720)

Ao que se sabe, no ano de 1720/21, estudantes da Universidade de Coimbra formaram uma sociedade a que se deu o nome de Rancho de Carqueja. Tal nome vinha do facto de, com carqueja, terem queimado a porta das casas de João de Sequeira. Sabe-se que os membros dessa associação "praticavam os maiores atentados na cidade, estando os habitantes e as autoridades em terror permanente". Como a questão não se resolvia, D. João V mandou no dia 20/02/1721, um regimento de cavalaria e outro de Infantaria "tomar as portas da cidade", tendo-se procedido a buscas nas casas dos principais mentores da associação. O seu chefe era Francisco Jorge Ayres, que foi condenado á morte e degolado em Lisboa (para onde forma enviados os membros do grupo), "sendo a sua cabeça espetada num pinheiro e trazida para Coimbra, sendo exposta na Praça de S. Bartolomeu". Camilo C. Branco, no 1º volume de "Noites de Insomnia" (1874), deu "ao Rancho o nome de Rancho de Carqueja, dado fazer parte um facínora de Viseu, chamado Carqueja”, embora “erradamente como demonstrou o estudioso e antiquário Martins de Carvalho." [ibidem]

quinta-feira, 13 de novembro de 2003

O REGRESSO DOS LENTES


"Serás flagelado por estar certo e por estar mal, e dói de ambas as vezes - mas nunca tanto quando a certeza te assiste" [Hunter Thompson]

Entendamo-nos: as revindicações do estudantariado fazem rir. Já antes o dissemos. Mas, a confiar no que é dito, parece que a rapaziada de Coimbra, em recreio prolongado, corre tudo a cadeado, feliz no incêndio dos seus corações. Frenéticos, depois de copiosa noite pela Alta, instalam-se perplexos junto à Porta Férrea, em acampamento suspicaz. Ah! que a poesia se deve fazer madrugando e dar vida por uma ideia, pode ser uma luzidia questão. Anuncia-se, pois, tempos difíceis em Coimbra, que a liberdade pode ser "como uma corrente de ar", mas já não se pode dizer que está tudo por fazer.

Porém, não se trata, aqui, de aceitar ou não a luta dos estudantes universitários, pois não cabe a nós "decretar que é apenas aqui ou ali que ela pode brilhar". Mas somente assinalar o regresso dos Lentes à vetusta Universidade, vindos do aconchego das suas tocas, para dar a lição num corps-a-corps de muita pedagogia, com direito a patrocínio radiofónico e com vários clichés à mistura, à sombra da velha Universidade. Que lição a de João Loureiro, que saudades de Coimbra!

Vede o espectro do lente a pairar sobre a Academia, ali junto à Porta Férrea. Vede o insólito da prelecção do Lente nesta outonal tribuna, sem que se vislumbre qualquer movimento nas bancadas corridas, nem se ouça qualquer manifestação nas coelheiras atulhadas - como garantem os jornais e as rádios. Vede! E nós a estremecer ... de espanto! Que saudade dos mysterios de Coimbra!

domingo, 9 de novembro de 2003

JOSÉ DÓRIA [1824-1869]



n. em Coimbra a 9 de Novembro de 1824

"Dotado de grande capacidade musical, foi afamado tocador de viola e o introdutor do fado em Coimbra, na opinião de Luís Moita, em O Fado, canção de vencidos

O fado de Coimbra, diz Joaquim de Vasconcelos, se célebre era, mais celebre ficou, pela viola de José Dória (...)

«Sobre a viola, denominada vulgarmente, de arame, é que ele começou a estudar, se concentrou a sua atenção. O seu alento artístico tinha encontrado o instrumento necessário ... Ouvimos a sua viola, as suas Canções Peninsulares, o seu Fado, enfim, tudo nos pareceu um sonho, uma coisa fantástica (Joaquim de Vasconcelos, Os Músicos Portugueses, vol. I, Porto, 1870).
[diz Luís Moita]

«O fado de Dória, que não conseguimos encontrar e que suponho esteja perdido para a reconstituição do alvorecer do Fado de Coimbra, seria, talvez, uma melodia agradável, debuxada por caprichosas variações, sabiamente dedilhadas na viola; ... Coimbra e a sua Academia, todo esse cenário onde Camilo concebera, em época pouco recuada, a figura estúrdia de Guilherme Lira, iam emprestar ao Fado, um manto de luar, certa aristocratização e elegância que, fortemente vincadas, com o rolar dos tempos, dariam à canção dolente uma característica formal tão distante, já, da feição lisboeta, que os fadistas da capital viriam a apelidá-la de ópera..." [in, O Despertar, 11/5/1966]

sexta-feira, 7 de novembro de 2003

O SENADO DA VERGONHA E OS DRIBLES DE SEABRA DOS SANTOS



"Um pé na margem direita, outra na margem
esquerda e o terceiro no rabo dos imbecis
" [J. Prevert]

Entre a romagem ao portal de S. Bento, abandonadas as aulas bafientas, e a miséria da vida quotidiana na Universidade de Coimbra, fiquemos pela excitação do seu Senado Universitário, tomado agora como altar de piedosos exercícios democráticos. Cante-se, pois, os inesquecíveis dribles de Seabra Santos perante o domesticado quórum do Senado, que a bola nunca esquece e o futebol é que educa. E anote-se este novo milagre cívico de votações à sorrelfa, pois que a paixão da educação tudo permite e a pedagogia assim o exige. E diga-se: se Coimbra é uma lição, o seu Senado é a oração sapientíssima, o compêndio do cidadão; e como redil doutoral, só pode encantar pelas liturgias nostálgicas do passado. Para que um dia vos lembreis.

Na vida admirável do estudante, "o ser mais universalmente desprezado" depois de colunista, deputado, futebolista e bloguista, a crise da universidade reside na sempre eterna poeira das propinas, um recreio de grande excitação. Incapaz de propor algo de perfeitamente noviciado, a actividade radical do estudante universitário assenta nesse moinho de vento do "não pagamos", o pronto a carpir do estudantariado. Julgando-se tanto mais livre quanto maior o simulacro das suas preces e clamores, o estudante cede às grilhetas da autoridade e "chega tarde demais a tudo".

É, pois, com admirável condescendência e uma ingenuidade enternecedora que, amortalhados entre as quatro paredes da sala de aulas, atentos e veneradores ao desfiar da cultura dos mestres, nunca ousam denunciar o enorme tédio das inenarráveis aulas dadas por cavalheiros que tem do pedagógico a noção de um discurso às mulas da parada.

Em paga dessa respeitabilidade, eis o declarado desprezo dos Seabras Santos no seu Senado e as pragas dessa eminência parda da Nação que dá pelo nome de José Manuel Fernandes. Para que um dia vos lembreis.