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sábado, 24 de maio de 2003

ANOTAÇÕES SOBRE DECADÊNCIA


Em tempos, num alfarrabista, apanhei uma dissertação em filologia românica de A. Machado Pires, com o título sugestivo, «A ideia de decadência na geração de 70». Trabalho de excepcional qualidade, com vastas referências bibliográficas sobre um tema da cultura portuguesa muito importante. Lembrei-me de voltar a ela, dada a correspondência possível com a situação cultural e política que hoje existe no País e em todos nós. Melhor meio não encontro que fazer a recolha, a partir do trabalho atrás citado, deste tema que tantos escritores e homens de letras recorreram e que hoje parece regressar em força.

«Decadência provém do latim medieval decadentia (o termo não existe no latim clássico), com os sentidos de 'deterioração', 'ruína', 'ir-se abaixo', 'colapso' (confronte-se com o ingl. breakdown, existindo também neste idioma decadence, decline e decay com sentidos semelhantes). Em última análise, decadência prende-se ao verbo lantino cadere, 'cair'; o prefixo DE inculca a ideia de 'de cima para baixo' (cfr. c. o ingl. breakdown), isto é, 'cair na vertical', 'cair acelerada e irremediavelmente', deteriorar-se até à ruína ou à extinção. Decadência opõe-se a progresso (não será, de resto, por acaso, que a decadência como categoria de análise histórica se aviva no século XIX, quando a ideia e a crença no progresso se desenvolvem fortemente). Progresso implica caminhar par a frente, criar nocas condições, melhorar (ou pelo menos supor que se melhora). Decadência significa retrogredir, deteriorar-se o que era bom, piorar (...) [pag. 4-5]