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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008


O Tolo

"... Tolo bom é aquele que faz o que lhe mandam, que é bem inclinado mas que, tirado desta carreira, tem cabeça de pedra e cal e nada mais compreende. Sempre muito metido consigo, pede o que necessita, não faz prejuízo aos outros e alguns há que até se condoem da pobreza alheia (...)

Tolo manso é aquele que não só não faz mal mas até nada faz; foge de tudo, de nada entende; come se lho dão; tudo para ele é novo; não tem na terra pena nem glória e, finalmente, vive reduzido ao pasmo de uma criança de dois anos (...)

Tolo por arte é o que tem mais juízo, porque justamente vive no mundo como a espadana na borda do rio que, quando é mais forte a corrente de água, dobra-se para ir com ela e quando esta não lhe chega, novamente se endireita e torna ao seu antigo estado (...)

Tolo presumido é o que morre nas mãos da sua vaidade, cuida que em toda a parte mata caça mas como não conhece o alvo, gasta debalde toda a sua pólvora. Em tudo fala, em nada acerta e até é tão confiado que presume saber o que lhe é vedado a ele e aos mais homens (...)

Tolo que em tudo se mete, tem a cabeça como uma selha de eirozes vivas. Andam-lhe as ideias sempre a ferver e a saltar. Se tem a mania de Picador é pouca a cerveja preta que vem de fora para as quedas que dá. Se presume de valente leva mais maçadas do que leva o milho na eira (...) Fala muito e sempre a quebrar o fio do falamprório, como linha podre quando se dobra (...)"

[José Daniel Rodrigues da Costa, in O Espreitador do Novo Mundo, 1802 (?), aliás, in O Almocreve de Petas, Lisboa, Estúdios Cor, 1974]

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

O ALMOCREVE DAS PETAS NAS ARCADAS DO TERREIRO DO PAÇO


"Não há sitio em Lisboa que mais dano cause ao espírito publico do que a arcada do Terreiro do Paço. O Almocreve das Petas [de José Daniel Rodrigues da Costa] parece que fez ali estalagem onde amarra e arraçôa a récova dos seus gordos carapetões. Quem pretende andar bem estribado nas novidades do dia, vai lá, escolhe um boato, bifurca nele a imaginação, chouta de grupo em grupo, espalhando o boletim da arcada, e ao cabo de alguma horas está a cidade inçada de carapetões, que são a praga de Lisboa (...)

Iremos ouvir mil petas,
Quando mais o sol se empina,
Vendo acérrimos jarretas,
Junto a Santa Catharina.
Argumentando em gazetas
"

[Alberto Pimentel, in Vida de Lisboa, 1900]

domingo, 21 de dezembro de 2003

"DAS PETAS O ALMOCREVE ..."





















"Das Petas o Almocreve é obra tua.
Bem se vê, Daniel, na frase e gosto:
Adiça três de Abril ou seis de Agosto,
É de quem vende rimas pela rua..."

[Bocage, numa "farpa" a José Daniel Rodrigues da Costa, autor do Almocreve das Petas]

sábado, 17 de maio de 2003

ALMOCREVE DAS PETAS

O título de Almocreve das Petas, deve-se, tão somente, termos ficado encantados, in illo tempore, com o periódico do mesmo nome ["O Almocreve de Petas ou a Moral Disfarçada da Vida"], publicado em 1798 por José Daniel Rodrigues da Costa, natural de Leiria, ao que se sabe em Colmeias [30/10/1757, informação de Mestre Inocêncio], que é ainda de grande estimação e bastante curioso. Mais tarde, sob direcção de Couto Brandão surge em 1910, "O Almocreve das Petas" da qual só conhecemos um simples exemplar, bem mais fracativo.

Escreveu ainda, o tal José D. Rodrigues da Costa, alguma pérolas como: "Jantar imaginado com sobremeza, café e palitos, dado em meza redonda, na casa de pasto do Desejado, sendo cozinheiro o Pensamento e freguezes Gente de diversos paladares ..." - decerto dedicado ao abominável J. C. das Neves, o papa-almoços ; "Papéis contra papéis, ou Queixas de Apollo para açoute de máos poetas" - dirigido certamente ao pregador Pedro Mexia; e muitos livros e opúsculos que indicaremos se nos der gozo e tivermos pachorra.