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quarta-feira, 30 de julho de 2008


Edições Livraria José Olympio Editora

Fui advogado da Livraria José Olympio Editora durante muitos anos, de 1935 a 1960, iniciando os trabalhos com o preparo do contrato da locação da sala na Praça XV de Novembro, edifício da Bolsa, no mesmo prédio em que o Valadão [prof.e advogado Haroldo Valadão] e eu tínhamos escritório, pois o José Olympio vinha da Travessa dos Barbeiros. Houve depois uma acção de renovação de contrato da loja da Rua do Ouvidor, esquina de Avenida, onde estava instalada a livraria (...)

José Olympio, o maior editor brasileiro dos últimos anos, foi o editor de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, José Lins do Rego, Gilberto Freyre, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Luís Jardim, Herman Lima e muitos outros, e nunca houve qualquer acção para cobrança de direitos autorais, porque a firma cumpria rigorosamente suas obrigações. Lá conheci todos os autores da época, e nos almoços de quarta-feira (depois às sextas) conversávamos muito. Houve até um caso curioso de Guimarães Rosa: ele entregou originais com o título de Terceiras Estórias, quando só tinha publicado as Primeiras Estórias, e alguém, no almoço, perguntou pelas 'segundas'. O Daniel Pereira, director da Casa, declarou: 'O Rosa falou meia hora explicando o porquê das terceiras sem as segundas, e eu não entendi nada'. Em seguida, o Rosa saiu-se com esta explicação: "Vocês conhecem o Plínio Doyle, que não está satisfeito enquanto não tem um papel na mão para a sua colecção. Ele pediu os originais das ‘Segundas Estórias’ para ler e agora não quer devolver porque já estão no seu arquivo”. Com essa resposta todos riram e o Rosa não explicou nada. As “Segundas Estórias” não existem e o Paulo Rónai, ao preparar uma nova edição das Terceiras Estórias, para que não houvesse confusão, deu-lhe o título de Tutaméia ...

[Plínio Doyle, in Uma Vida, Edições Casa Rui Barbosa, 1999]

terça-feira, 29 de julho de 2008


José Olympio: o Editor e Sua Casa

Em breve teremos o prazer de folhear o admirável e curioso livro sobre José Olympio Pereira Filho e a sua "Casa", a estimadíssima Livraria José Olympio Editora. Trata-se da edição feita pela "Sextante" [a cargo de Geraldo Jordão Pereira, filho de José Olympio] e organizada por José Mário Pereira: "José Olympio: o Editor e Sua Casa”. São mais de 400 páginas de imperecível saudade sobre o livreiro e a sua casa editora, que foi uma das mais importantes em língua portuguesa e principal ponto de encontro literário do Rio de Janeiro. A Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, fará uma exposição sobre o evento.

Do registo estimado da "Casa" (Rua do Ouvidor 110, Rio de Janeiro), como era conhecida a Livraria de José Olympio, em boa hora feito por José Mário Pereira revela-se a exuberância e a riqueza do acervo da sua Livraria, como se poderá ver pela reprodução de mais de 500 capas, quase sempre magnificas, com desenhos de Portinari, Tomás Santa Rosa, Cícero Dias, Oswaldo Goeldi, Luís Jardim e outros tantos mais. A "Casa" que segundo José Mindlin "abriu caminho para escritores que no tempo se tornaram grandes nomes na literatura brasileira" publicou obras de Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz, Machado de Assis, Jorge Amado, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Gilberto Freyre, Rubem Braga, entre muitos. E daí que no livro a sair se possa também entender as relações de amizade e cumplicidade entre o Editor e os seus autores, tais as referências expressas. Coisa rara, nos tempos de hoje.

Nós, que há alguns anos, em vaidade bibliómana, coleccionamos (graças Ricardo! graças Manel!) obras publicadas pela linhagem da Livraria José Olympio Editora - não só pela raridade das suas obras mas também pela riqueza e excelência das suas capas - lá estaremos para lhe prestar a merecida homenagem.