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sexta-feira, 29 de maio de 2009


O PREC DO DR. VITAL

Nota educativa ou repositório de curiosidades & reflexões do cardeal Mazarin que deve observar o candidato independente do mundo do sr. Sócrates e da tortura de Maria de Lurdes em quaesquer invectivas apologéticas para uso do vulgo em sessões de esclarecimento & outros logares do termo:

"Se num compromisso escrito, descobres algum risco que te possa lesar, acrescenta algumas cláusulas vagas para poderes interpretá-lo diferentemente. Por exemplo, aquando da rendição de uma cidade, promete respeitar todos os bens dos habitantes, contanto que nenhuma desordem nem rebelião se produza – sem precisar se se trata de desordens devidas à população no seu conjunto ou apenas provocadas por um punhado de indivíduos (que, de resto, podem ser pessoas da tua própria confiança). Depois, se te convier, ou se a justiça o exigir, poderás anular o teu compromisso.
Faças tu as promessas que fizeres, age sempre como acabo de te indicar: depois terás facilidade em faltar".

"Finge-te bem informado acerca de um caso de que, na realidade, não sabes grande coisa, na presença de pessoas das quais tenhas motivos para crer que estão perfeitamente ao corrente: verás que se trairão, ao corrigirem o que disseste".

in "Mazarin. Breviário dos Políticos", Guimarães, 1997.
Gravura: de Antero Valério.

sábado, 2 de maio de 2009


PORQUÊ, dr. VITAL MOREIRA?

Temos uma forte simpatia pessoal pelo dr. Vital Moreira. Quem passou por Coimbra e acompanhou a lide académica e cultural, saberá entender. Tal clarão, que circunda (ainda) a sua brilhante figura, não se apaga por trajectos pessoais e políticos (antes e depois de Abril), que só ao mesmo diz respeito: como homem livre que é. Ou não estivesse a nossa alma "cavada de trincheiras", como diria Joaquim Namorado.

O episódio insensato e intolerante que se passou na concentração (e manifestação) do 1º de Maio com o candidato Vital Moreira, que abriu telejornais e relembrou outros "esquisitos" acontecimentos – caso da Marinha Grande, Felgueiras e Matosinhos –, é absolutamente lamentável ao mesmo tempo que não desculpa ninguém.

Que o dr. Vital Moreira – vestindo a pele (na falta de outra) de candidato & propagandista eleitoral – apareça à frente de uma delegação do governo (reaccionário) do sr. Sócrates para a bênção da CGTP e reconhecimento público televisivo, sendo um comportamento bizarro (outros dirão, provocatório) da sua parte, não é impossível (como se viu) nem inesperado (como se comenta). O dr. Vital Moreira tem todo o direito de frequentar lugares, que ele mesmo violentamente enjeita. A liberdade e a democracia são isso mesmo. Que outros assim o não entendam, mesmo sendo de igual modo um agir livre, só os responsabiliza pelos seus arremedos. A cada um a sua imputação!

Por isso, neste alucinado espectáculo, ninguém está de fora. Os exaltados sujeitos que tentaram tirar esforço de Vital Moreira, extravasaram os limites da civilidade, e praticaram um acto gratuito e provocatório, que contra eles se virou. O dr. Vital Moreira, que ao longo destes anos de terror autoritário Socrático se tornou um audacioso especialista em insultos (intelectuais) e ameaças (jurídicas) a quem trabalha e, em especial, aos sindicatos, sabia naturalmente a inoportuna visita de cortesia que ia fazer. A organização da manifestação, a cargo da CGTP, de igual modo não desconhecia a crescente animosidade que Vital Moreira tem no país real, e foi totalmente imprudente e irresponsável. O dr. Vítor Ramalho, decerto obreiro desta baralhada, não fica bem na foto, mesmo que confesse a sua venerável paixão pelos trabalhadores. O sr. Vitalino Canas, a testada política do sr. Sócrates, lá apareceu ao público na sua habitual reclusão provocatória, lançando mais fogo na fogueira.

Entretanto, alguns curiosos "analistas" nas TV’s, num prosaísmo grosseiro, clamaram contra Carvalho da Silva, pelo que (não) disse, manifestando um retorno às velhas relíquias doutrinárias de antanho. A descrição deste espectáculo insano teve o seu auge numa diatribe de Carlos Abreu Amorim na RTPN, que o transformou, o que era um brilhante observador, num vulgar e trôpego comicieiro.

Esta inesperada feira, em pleno 1º de Maio, sugere que os tempos que vamos assistir vão ser de lodo e destruição. A degradação económica e política, a intolerância, a oratória pífia, impregnam os ares. Revolver as cinzas, é o que nos resta. Se ainda tivermos tempo!

domingo, 1 de março de 2009


VITAL MOREIRA, FUTEBOL & APAGÕES

Vital Moreira é profissionalmente correcto, culturalmente estimado, pacificamente democrata, mas politicamente imprudente. Ao aceitar ser cabeça de lista pelo partido do sr. Sócrates ao Parlamento Europeu, além de entrar (definitivamente) no inner circle dos seus duvidosos amigos, não faz mais que dar "cobertura científica ao reaccionarismo" [cf. Vital Moreira, Vértice, 1979, nº416] e aos "arrochos" dessa gente. Decididamente Vital Moreira "perdeu a cabeça" [ibidem] com o sr. Sócrates. Coisa já previsível ao longo dos seus desbragados escritos na Causa Nossa e pelos jornais. Nunca nenhum independente (que o seja) foi tão longe em defesa do chefe e do seu grupo de interesses.

Decerto que o "carácter compromissório" [ibidem] de Vital Moreira é diferente do catecismo de um Santos Silva ou das diatribes do aio vigilante Lello. Mas a campanha psicótica injuriosa, difamatória e a inqualificável contra os educadores – os médicos, ou a função pública em geral – e a instrução pública (que os seus textos de raiva ostentam) apresenta-o, desde logo, como um ignorante em matéria educativa. Assunto, aliás, que totalmente desconhece e não pratica. Vital Moreira, na sua especulação socrática, não entendeu ainda que mais que um ministério da educação se precisa é (aqui e na Europa) de um ministério de instrução. Coisas, absolutamente diferentes!

Curiosamente (ou não), a questão da instrução e do ensino tem atravessado o debate académico e político por toda essa Europa (vide França e Alemanha), tendo assumido um lugar central e urgente, dado a falência da instituição educativa e do modelo de ensino neoliberal - modelo esse que Lurdes Rodrigues e o próprio Vital pela paróquia defendem – e a urgência de medidas de requalificação profissional dos seus cidadãos. No Parlamento Europeu, em que trincheira ideológica Vital Moreira se colocará?

Por outro lado, a cantilena das "reformas em curso" do governo (que, de facto, são urgentes, mas ninguém vê) com que tem blindado o seu próprio discurso, mais que o seu opinioso protestatório a favor da governação, é, isso sim, o branqueamento de verdadeiras e boas reformas. De facto, como Vital Moreira um dia escreveu, andam por aí um raminho de "juristas do Estado-de-Direito" [Vértice, 1974, nº369] que se armam, quando a contestação sobe de tom, em "campeões do Estado-de-Direito" [ibidem]. Vital Moreira, em todos os assuntos da fazenda, comporta-se nesse registo.

Finalmente – já o dissemos - Vital Moreira é academicamente competente e tecnicamente insuspeito. Postulados não desprezíveis num Parlamento. Mas o seu propósito de gorjear no grupo de amigos do sr. Sócrates, não lhe vai trazer aplausos ou fidelidades. Pelo contrário, perde-se um académico e não se ganha um político. Não por sinal, os excursionistas de Espinho, pouco dispostos ao debate político, depois do futebol visto durante o decorrer do Congresso, foram virtuosos no apagão salvífico. E das trevas nunca virá luz. Como se sabe.

quinta-feira, 6 de março de 2008


O insulto do dr. Vital Moreira!

O artigalho – em tom arrogante, grosseiro, sem brilho, nem substância – do impudentíssimo dr. Vital Moreira no jornal Público [4/03/08], intitulado “Os Professores”, é uma desafronta e um evidente insulto aos docentes (de todos os graus de ensino), aos cidadãos contribuintes e suas famílias, à classe governativa e, curiosamente, é injurioso face à obra intelectual do saudoso professor Vital Moreira. A propósito da atitude & crítica fundamentada, persuasiva, de vigilância necessária e séria dos (diversos) docentes à desastrosa e infeliz política (des)educativa do governo, o dr. Vital Moreira insiste num panfleto que é mais uma sensaboria em torno das virtudes governamentais. O discurso (inqualificável) revela, entre uma curiosa e zelante psicose conspirativa, uma angústia pouco esclarecida e não resolvida sobre o problema (e importância) da educação, do ensino público, da Escola e da classe docente, do mesmo modo que está sempre oculto o "encargo da prova" feito pelos docentes (desde o início), em toda esta questão.

O expediente insidioso do dr. Vital Moreira [VM], ao considerar que a putativa "luta" [VM dixit] dos docentes se centra "na defesa de interesses profissionais", ou não fossem para VM as pouco cariciosas corporações um caso nefando pátrio, é um costumeiro e intratável pregão, com "boa" escola mas de muito atrevimento. Picarescamente, o sábio VM deixa de fora dessa arrazoada funesta, e sem a mínima reserva, a confraria dos empregados da política, as luminárias dos partidos e sua indiscreta clientela.

O piedoso VM, nesse presuntivo enxurro corporativo (em que o "arrumo" ou o critério de leitura está ausente), estabelece uma curiosa "dissidência" entre as ditas corporações (docentes, médicos, juízes, funcionários públicos em geral) e a população ou canalha. Esta, ajoelhada e vergada às "corporações" - "forças de conservação e de reacção [mais] do que mudança" (tese afinal "que não é em geral verdadeira", como se estuda em qualquer manual de história ou direito) -, veria espantada "passar" as tradicionais "reformas" (pelo que se presume, nunca consumadas), das quais eram directamente (e unicamente) "beneficiárias". Esta pouco meticulosa quanto desaprumada (o contexto field-dependent da medida argumentativa, não aparece nunca) especialidade na argumentação de VM terá os seus encantamentos entre a boçal classe política, em especial a juventude partidária, ou em algum raminho de comentadores até, mas não colhe o génio entre aqueles que estudam, conhecem e vivem a realidade do ensino e da educação em Portugal.

A composição do dr. VM, portanto, não identifica os problemas presentes da educação; não define os objectivos educacionais do governo e as metas a alcançar com a putativa "reforma"; não compreende o que é a escola, o seu espaço escolar e a comunidade envolvente; não distingue a especificidade da profissão docente entre as suas congéneres; não reconhece a importância dos muitos estudos sobre a autonomia e gestão das escolas, a avaliação de professores e alunos ou o estatuto da carreira docente; não avalia a justeza da argumentação técnico-pedagógica usada pelos professores para explicar o seu mal-estar; não é sensível à humilhação pública da classe docente; não justifica os métodos e procedimentos autistas, arrogantes e anti-democráticos praticados pelo ME; não relaciona essas práticas autoritárias e humilhantes com a ignorância existente sobre todas essas supracitadas matérias, por parte do grupo residente no ME; nem aceita a responsabilidade do seu comportamento em toda esta questão.

O dr. Vital Moreira esforça-se por saber admirar a lide da governação. Mas não basta. Tem de estudar mais, ser mais convincente, mais verdadeiro e menos injurioso. E exibir mais respeito pelos docentes deste país, alguns dos quais foram seus alunos. Para que seja ouvido e lido, com estima e consideração. Se então o merecer!

[Foto retirada do blog do meu caro amigo Ademar Santos, com a devida vénia]