Mostrar mensagens com a etiqueta Mario Saa. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Mario Saa. Mostrar todas as mensagens

sábado, 27 de junho de 2009


MÁRIO SAA (1893-1971)

"Mário Paes da Cunha e Sá [Mário Saa] nasceu no dia 18 de Junho de 1893 nas Caldas da Rainha, fazendo parte de uma das famílias da elite económica e social do concelho de Avis. Na altura do seu nascimento, o pai de Mário Saa (nome literário) exercia as funções de notário e sub-delegado no julgado de Óbidos, residindo nas Caldas da Rainha.

Em 1895, a família volta para o concelho de Avis e o seu pai constrói, quatro anos depois, o Monte de Pero Viegas, onde Mário Saa residiu quase toda a vida. Recebeu formação no colégio de S. Fiel, em Louriçal do Campo (Beira Baixa), no Liceu de Évora e, em 1913, era aluno do Instituto Superior Técnico. Sabemos, através da revista Presença (n.º19,1929), que em 1917 continuaria a frequentar esta instituição. No ano seguinte inscreveu-se no curso de Sciencias Mathematicas na Universidade de Lisboa e, em 1930, no curso de Medicina desta mesma Universidade.

A vida de Mário Saa dividiu-se entre a administração agrícola das suas propriedades e a investigação e produção literária. De acordo com o perfil dos intelectuais do seu tempo interessou-se por temáticas distintas, publicando várias obras e numerosos artigos em periódicos. Dedicou-se à filosofia, à genealogia, à geografia antiga, à poesia, à problemática camoniana, às investigações arqueológicas, e mesmo à astrologia e à grafologia.

A investigação que realizou sobre vias romanas resulta na sua obra de maior vulto. Os seis volumes de «As Grandes Vias da Lusitânia» são produto de mais de 20 anos de investigações e prospecções arqueológicas e constituem, ainda hoje, uma obra de referência para os investigadores. Conjuntamente com a arqueologia, Mário Saa destacou-se, também, no panorama da poesia portuguesa das décadas de 20 e 30. Publicou com assiduidade na revista Presença e privou com os grandes poetas e intelectuais da época no âmbito da boémia literária da Brasileira do Chiado"

"A Biblioteca da FAPT [Fundação Arquivo Paes Teles] possui todas as obras da autoria de Mário Saa e, também, o conjunto bibliográfico que foi adquirindo, recebendo e conservando.
É constituída por mais de 10.000 volumes, entre monografias, periódicos (revistas, jornais, boletins e almanaques) e obras de referência (dicionários e enciclopédias), com datas de edição que remetem, maioritariamente, para o período entre os finais do século XIX e terceiro quartel do século XX.

Uma parte deste acervo bibliográfico, onde prevalecem temas como a história, a arqueologia, a antropologia, a etnografia, a política, o direito, a fotografia e a agricultura, foi herdada de António Paes da Silva Marques, tio de Mário Saa e deputado da 1.ª República.

O espólio documental de Mário Saa espelha a sua obra literária e os seus interesses intelectuais, profissionais, culturais e pessoais. É composto pelos manuscritos do autor, por correspondência, documentos biográficos, contratos, recortes de imprensa, folhetos, prospectos e convites, etc. A organização da primeira parte deste conjunto documental decorreu na década de 80, foi efectuada na Biblioteca Nacional e está disponível para consulta na Fundação. A segunda parte, constituída principalmente por correspondência, encontra-se em fase de organização e poderá ser disponibilizada na medida em que as condições técnicas do seu tratamento o permitirem"

in Fundação Arquivo Paes Teles, Travessa da Igreja, Ervedal (Avis).

MÁRIO SAA - AS GRANDES VIAS DA LUSITÂNIA (50 ANOS DEPOIS)

Itinerários Romanos do Alentejo. Uma releitura de "As Grandes Vias da Lusitânia - O Itinerário de Antonino Pio" de Mario Saa, cinquenta anos depois, por André Carneiro, Colibri.

"As Grandes Vias da Lusitânia, cujo primeiro volume foi publicado em 1956, constitui uma das obras mais controversas da bibliografia portuguesa de temática arqueológica. Ao longo de seis volumes o seu autor, Mário Saa, apresenta os itinerários romanos da Lusitânia, misturados com interpretações fantasiosas, contradições, opiniões polémicas ou constantes re-escritas dos trajectos apresentados que em muito confundem o leitor e obrigam a reformular os seus conhecimentos. A sua obra é paradoxal, um objecto raro em tempo de formalismos cinzentos. Mas por esse motivo o seu contributo nunca foi devidamente avaliado. Cinquenta anos depois, é tempo de procurar, no terreno, o que viu Saa, olhando para os testemunhos e procurando enquadrá-los no quadro de conhecimento sobre os itinerários romanos no território alentejano. E é tempo também de perceber tudo aquilo que já não se vê porque foi destruído pelo passado recente, aquele que já nos distancia tanto de Saa que já não nos permite reconhecer o que o autor viu. E assim compreendemos a dimensão da perda, o modo como a paisagem dramaticamente se alterou neste curto espaço de tempo, e o modo como o que havia ficado do passado já não se consegue encontrar. Ou já é tão diferente". [ler AQUI]

quinta-feira, 11 de junho de 2009


LUIZ DE CAMÕES

"Nascer para viver, e para a vida
Faltar-me quanto o Mundo tem para ela …
E não poder perdê-la,
Tendo-a tantas vezes, já, perdida!
"

Luiz de Camões

Foto: capa d'As Memórias Astrológicas de Camões, de Mário Saa, 1940

segunda-feira, 8 de setembro de 2003

ELIEZER KAMENEZKY [n. 7 de Setembro 1888 - 1957]



Eliezer Kamenezky, judeu russo, exilado em Lisboa, onde se estabeleceu como alfarrabista na Rua D. Pedro V, foi poeta e também pessoa que frequentava os meios literários e artísticos da cidade. José Malhoa fez-lhe o retrato, que vem na edição de Alma Errante. Fernando Pessoa foi seu amigo e prefaciou aquele seu livro, de 1932, com um dos textos mais importantes sobre a Maçonaria, os Judeus e os RosaCruzes. António Lopes Ribeiro fê-lo actor de cinema no filme a Revolução de Maio, onde figurava um bolchevista russo" [in, A procura da Verdade Oculta /Textos Filosóficos e Esotéricos, prefácio e notas de António Quadros]

Era, portanto, amigo de Fernando Pessoa que lhe prefaciou o livro "Alma Errante" (1932), sendo que tal texto introdutório ao livro de Eliezer Kamenezky é demasiado importante para passar despercebido. De facto, parece ser o primeiro texto em torno da problemática maçónica que FP publicamente escreveu. Yvette Centeno diz-nos ("Fernando Pessoa/O Amor/A Morte/A Iniciação") que faria parte de um projectado livro intitulado Átrio. As considerações de Pessoa em torno das origens da maçonaria são aí debatidas, expressando o poeta uma não correspondência evidente entre o judaísmo e o maçonismo. Curiosamente, um amigo seu e colaborador da Orpheu – Mário Saa – num livro "amaldiçoado" ("A Invasão dos Judeus", 1924) considera a origem judaico de FP via Sancho Pessoa, natural de Montemor-o-Velho. Ora, as linhas finais do prefacio ao livro de Eliezer (1932, note-se), são de alguma perplexidade, pois FP diz que, "nenhum judeu seria capaz de escrever este prefácio", o que levanta a questão de saber, afinal, passados oito anos do texto de Saa, que pretendia FP afirmar nessa sua demonstração de não ligação entre a maçonaria, os rosacruzes e a “conspiração judaica”? Ou houve alguma cumplicidade entre os dois?


Obras a consultar:

Alma Errante (prefácio de Fernando Pessoa) - Eliezer Kamenezky, Lisboa, Emp. Anuário Comercial, 1932
Fernando Pessoa/ O Amor/ A Morte/ A Iniciação Yvette Centeno, Regra do Jogo, 1985
Fernando Pessoa e a Filosofia Hermética Yvette Centeno, Presença, 1985
A Procura da Verdade Oculta /Textos Filosóficos e Esotéricos – Pref. António Quadros, E.A., 1986
O Pensamento Maçónico de Fernando Pessoa Jorge de Matos, Hugin, 1997