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domingo, 30 de março de 2008


Arreganhar o dente

"O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente

Gente que seja decente
nem docente
nem docemente
nem delicodocemente

Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente

Gente que enterre o dente
que fira de unhas e dente
e mostre o dente potente
ao prepotente

O que é preciso é gente
que atire fora com essa gente"

Ana Hatherly

quinta-feira, 21 de agosto de 2003

POESIA EXPERIMENTAL - NOTA FINAL


"É preciso dizer rosa em vez de dizer ideia
é preciso dizer azul em vez de dizer pantera
é preciso dizer febre em vez de dizer inocência
é preciso dizer mundo em vez de dizer homem ..."

[Mário Cesariny]

"Toda a palavra começou por ser experimental. Toda a crítica começou por ser experimental. Toda a arte começou por ser experimental. Deveremos admirar-nos se agora nos vêm propor uma "poesia experimetal" - nós que, aliás, vivemos num tempo que se quer, como nenhum outro se quis, de purificações, de redescobertas, de restituições, de progresso, de aventura?" [Arnaldo Saraiva]

"Um poema concreto é para ver mais que para ler, no sentido convencional do verbo ler" [Melo e Castro]

" (...) vivemos numa época de investigação. E não é só isso: os resultados dessa investigação são objectivados pela experiência. É, pois, também uma época experimentalista. Ora a poesia tem de reflectir essa mentalidade, tem de ser experimental, entrar mais pelos sentidos que pelo sentimento. É precisamente esse o fim desta poesia. Preocupa-se do poema como objecto (...) Todo o processo poético tem de ser submetido a um despojamento de tudo o que é acessório. Assim a poesia experimental ergue-se contra a poesia convencional (...) O poeta convencional só se apercebe do espaço que o rodeia. O poeta experimental ocupa o espaço com a sua poesia, sendo muitas vezes o próprio poema quem faz a definição do próprio espaço que ocupa (...)" [Maria J. Mota Fonseca]

[Anotação] Cronologia pós período 1962/1969:

1973 - Antologia da Poesia Concreta em Portugal, Assírio & Alvim (14 autores + entrevista a Haroldo Campos, com prefácio de Melo e Castro e José Alberto Marques) // Exposição de Poesia Concreta Internacional, organizada pelo Goethe Institut, com uma secção portuguesa

1977 - Alternativa Zero (trabalhos de Ana Hatherly, Melo e Castro e Salette Tavares] // Anima – espectáculo-acção de textos visuais na SPA // Representação da Poesia Experimental (sob direcção de MC) na XIV Bienal de São Paulo

1978 - Ana Hatherly participa no 'Graz Meeting of Artists and Art Critics' // Série de programas sobre arte de vanguarda na RTP (19 programas) com realização de Ana Hatherly

1980 - Exposição Colectiva de Poesia Experimental na Galeria Nacional de Arte Moderna // Presença na Bienal de Veneza

"O meu trabalho começa com a escrita – sou um escritor que deriva para as artes visuais através da experimentação com a palavra. A Poesia Concreta foi um estádio necessário (...)" [Ana Hatherly]

"O utente do poema que se aperceba das informações de que for capaz. Por isso e para isso aqui se experimentam os objectos e as pessoas em actos vulgares muito simples deliberadamente fora do seu contexto organizado, quotidiano - redescobrindo o caos com as vossas mãos - experimentando" [Melo e Castro]

[in, PO-EX textos teóricos e documentos da poesia experimental portuguesa, Ana Hatherly & E. M. de Melo e Castro, Moraes, 1981]