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sexta-feira, 31 de julho de 2009


LIBERDADE RESPEITOSA

Paulo Querido organizou uma joeirada conferência – le dernier cri de idolatria ao poder – que mostrou arrumados bloggers à volta do sr. primeiro-ministro, radiantes do prodígio e mimados pelo agasalho. Tão inolvidável evento foi curioso de seguir, evidentemente ex-post, dada a natureza do choque tecnológico em curso.

E o que se passou nesse alpendre modernista? Ao que nos dizem, supõe-se que o sr. Sócrates se deixou folhear (docemente) numa sala (cantina da LX Factory), sóbria e à moda antiga, por consagrados génios da política indígena e outras tantas intelectivas eminências da bloguística paroquial. Nesse armazém de sabedoria ou sessão de esclarecimento o mistério para nós era saber o que fariam ali tão pasmados bloggers, como se de expositores de tratassem, fora do mau génio do seu teclado ou affaire tecnológico. Temos para nós (salvo veneráveis excepções) que se aos bloggers lhe tirarem o habitat natural, a costumada convicção ou erudição do blogger deixa de o atormentar e o seu reportório torna-se manso e sombrio. O que se verificou, piedosamente.

Depois, se a cenografia era fechada se bem que envolvente, os detalhes épicos desse inolvidável espectáculo foram esclarecedores. Um curioso grupo de delegados, que desconhecíamos que existissem fora das sedes partidárias ou do governo, apadrinhou a redacção do sr. Sócrates com prosa migada e palavras sem dor. Desses, que entrados na vida pública capricham no serviço, registe-se, pelo assombro do nervosismo e comicidade teatral, o marçano do ministério da educação de Lurdes Rodrigues, o jovem Hugo Santos Mendes (seguir todo o enredo aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). Se na sua obra na Sociologia da Educação, onde o rapaz está matriculado, nada consta de excitante, já a inteligência do moço para dar recados ou conselhos ao sr. Presidente do Conselho é total. Curiosamente, Paulo Querido, o mestre-de-cerimónias, pelo que aqui se lê, conhece o intelecto do jovem Hugo tão bem como perfilha a ignorância do sr. Sócrates nos assuntos da governação. Só por tal audácia Paulo Querido pode dizer que a acção de propaganda foi um sucesso. Subscrevemos.

Em minúcia, o que se viu foi uma peça de fancaria governamental, um arraial saloio de meninas e meninos bem comportados a interpelar o admirável leader. Todos em "liberdade respeitosa". Todos dispostos à excitante ventura de fazer uma pergunta ao sr. presidente do conselho. Mas que se tratasse de uma, soi-disant, blog conferência é puro arroto semântico. Que nos desculpem.

terça-feira, 20 de maio de 2003

BLOG PARA O EXPRESSO, JÁ!

Na blogosfera caiu um manifesto petulante de sabedoria e prenhe de seriedade, dada à lux como resposta a um artigalho intitulado «Pacheco Pereira agita a Web» no Expresso, pelo Paulo Querido. O agitprop incompreensível, porque revelador do perfil de altar iluminado e iluminante que o bando dos oito nos lança sobre a forma de choro desvalido, torna-se assim o novo melhoral para a azia jornalística existente no burgo, e de que, curiosamente, os subscritores se afastam como o diabo da cruz. Assinam, todos muito arrumadinhos, os da A Coluna Infame, Blog de Esquerda, Blogue dos Marretas, O País Relativo, Cruzes Canhoto, Prazer_Inculto, Valete Fratres!, O Intermitente.

A coisa não seria de espantar, se a excitação demonstrada pelo bando militante não fizesse a ponte entre a direita engraçada e a esquerda festivaleira. Sem empacho algum, desatam num chorrilho de postumeiras vontades sobre jornais e jornalistas, seguindo o farol da tradição que «inimici sui amicum nemo in amicitias sumit», no que foi acompanhado imediatamente por outros blogs, todos eles numa de «amicus fidelis». Afinal se pretendiam dizer mal do amigo Pacheco Pereira, porque não passaram a publicidade, e deram por bem empregada a pena?

Afinal que tinha o artigalho de Paulo Querido, que é bem melhor jornalista que xadrezista, assim tão bizarro? Acaso não é verdade, que a entrada do Pacheco na blogosfera agitou a dita? E não nos é referido, ao longo do texto, que PP foi recebido com fidalguia e com a etiqueta devida? E será que, de facto, não vem PP «reforçar qualitativamente uma blogosfera de expressão portuguesa»? Ou era só para bater no Expresso, tecendo mandas aos do DN sempre bestialmente governamental e a esse jornal de extrema direita, que é hoje o Independente?

Ora parece que a furibunda diatribe do bando, assim atirados como gato a bofe contra Paulo Querido, é mais uma pose de magister a dar uma de lição de blogar, que outra coisa qualquer. E vindo de um Lombas, agora bolinando entre a teimosia de querer ser conhecido pelo Luiz Pacheco da direita e a chateza de não saber se Paulo Portas mentiu ou não ao tribunal; ou de um fogoso mercador de poesia, de nome Mexia, que calcorreia o rincão natal a dar desvairadas meta-comunicações sobre a poesis aos crentes; ou que dizer, desse luzeiro dos jornais, suspicaz filósofo encartado no seu isolamento de vida de cão, no Independente, e que conseguiu à sua custa baixar supinamente a tiragem do seu jornal, tal o bom-gosto e o bom-senso que o move; afinal, a trombeta assim esgrimida por tais personagens, iluminada com tão íntegros profissionais da imprensa como subscritores, explica-nos bem a brandura que têm com a direcção dos seus jornais. É que, de facto, não há qualquer diferença entre o engenheiro Saraiva e os seus pares Ribeiro Ferreira ou Inês Serra Lopes. Não é tempo de fustigarem os seus directores, meu caros bloguistas, em vez de mandar missivas por portas travessas?