sexta-feira, 13 de junho de 2008


Porreiro, pá!

Os irlandeses disseram não ao Tratado de Lisboa. Infelizmente! Mas mesmo se a comédia do processo de ratificação do Tratado de Lisboa, totalmente forjado dentro das boticas partidárias e via as alcovas parlamentares, tinha os seus dias contados, não era de esperar tamanha magnitude da vitória do Não nesta estranha Irlanda. Sabe-se – agora – pela demagogia e trapaça usada pelos partidários do Não, que a presumida iluminação intelectual dos irlandeses não é bem diferente da nossa. Que lá como cá, a opinião pública não é documentada nem se esclarece, não tem voz e portanto não existe. E que a transparência e a democracia, assuntos sempre na boca dos políticos mas que curiosamente não praticam, é hoje (como sempre assim foi e será) condição necessária e urgente para um projecto comum de construção da Europa. Mais até que qualquer Tratado de Lisboa, com ou sem a bênção desse inefável par Barroso-Sócrates. Ou dos seus amigos europeus.

Com o Não ao Tratado de Lisboa, perderam a arrogância aqueles que tem sempre razão e nunca se enganam. Perderam aqueles que usam e abusam da manipulação e de promessas aos cidadãos, alarvemente. Perderam todos os que julgam a Europa uma quintarola sua e que os eleitores se compram ou se deixam comprar como qualquer artigo de uso e deito fora. Perdeu o fala-barato sr. Barroso, que não entende – mas devia – o significado de democracia participativa. Perdeu o sr. Sócrates, mas também o inqualificável Gordon Brown. E vai perder o sr. Brian Cowen, se tentar mentir aos seus concidadãos, avançando com novo referendo, como o inenarrável Barroso pretende. Não aprenderam a lição. Até quando?