quarta-feira, 1 de outubro de 2003

TVI, JOSÉ MANUEL FERNANDES & OUTROS EDUCADORES




"A vida não é de abrolhos. É de abr'olhos. A vida não é de escolhos. É de escolhas" [O'Neill]

TVI - Uma miserável atitude

O facto, o comentário e a informação estão em alegre promiscuidade no jornal da noite da TVI. Nada os distingue pela boca dessa inenarrável Manuela Moura Guedes. Na TVI a devassa da vida privada, a difamação e a calúnia são lugar de marca da estação. A pornografia televisiva está de volta. Hoje, a pretexto da concorrência, essa assombrosa estação de televisão atirou a ignomínia em todos os bombeiros do país, de modo miserável e pífio, a propósito da questão das empresas de material de combate a fogos e da sua pertença por comandantes de bombeiros. A pseudo noticia, que há muitos anos se sabia e que nunca foi considerado importante para debate público, foi estrategicamente atirada para o lume brando do voyeurismo dos espectadores da TVI. O share assim o obriga. Foi um linchamento público em directo, perante o gozo da jornalista e a aceitação tácita do Miguel Sousa Tavares (MST). Antes, a mesma Manuela, tinha considerado e apoiado as escutas telefónicas a todos os portugueses em geral e ao senhor Procurador e ao Presidente da Republica, em particular. Mesmo após as tentativas de apaziguamento da ira jornalística pelo incauto MST, que argumentava para a perigosidade da generalização das escutas, a pivot da TVI replica ao pálido MST a possibilidade de tais personagens poderem estar implicados no caso da pedofilia, pelo que se justificava as escutas. Inacreditável. A peixeirada, digna de um qualquer big-brother, foi execrável. E a questão que se coloca, cada vez mais, é: o que faz correr Manuela Moura Guedes, José Eduardo Moniz e Miguel Paes do Amaral?

José Manuel Fernandes - O grande educador

"... E naquela pequena casa, o socialismo começa às 7,30 h de cada manhã" [J.M.F., in "Luísa, operária de profissão", Voz do Povo, nº 246, 25/04/ 1979]

O artigalho d'hoje - A ameaça nuclear iraniana - do Publico pelo grande educador das massas, José Manuel Fernandes, é uma sumária justificação e uma quixotesca apologia do ataque armado ao Irão. O que fica exarado pela varredura "democrática" desse extraordinário jongleur Fernandes é que perante o programa nuclear iraniano "tem de [se] estar à altura da ameaça"; e que o povo, na sua infinita bondade, tem de "perceber que, ao lidar com regimes autoritários, não pode confiar apenas nas promessas dos seus dirigentes". Nós, humildes cidadãos, agradecemos a preocupação. Porém, seria conveniente dizer, por desfastio, que o sermão gratulatório do grande educador às massas, está atrasado pelo menos na sua pessoa vinte e três anos. Bem sei que "só um burro não volta atrás", eu que o diga que bem percebo disso, pois sou um simples almocreve. Mas saber que o educador Fernandes andava em tempos idos de 1979 a defender a "democracia" albanesa em várias papeletas, torna custoso soletrar a magnitude dos seus artigos. Afinal, para que esses regimes autoritários pudessem existir (supondo-se que não nasceram por geração espontânea) muito contribuiu a prestação do outrora jornalista da Voz do Povo e actual grande educador das massas liberais. E já agora: quando prevê ou autoriza o apontar das armas à China? Convém que se saiba, para nos pormos a salvo. Agradecido