terça-feira, 23 de março de 2010

EM MUDANÇAS


"Feito de pó e tempo, o homem dura menos que a leviana melodia” [Borges]

Estamos em mudanças reparadoras. Cheios de boas intenções (vadre retro sr. Teixeira dos Santos!), zizagueando entre estantes de carpintaria muito lambiçada e trabalhos profanos hercúleos. Assim desvalidos da blogosfera militante não temos assistido à soirée piedosa & fogosa de todas as noutes. Temos, no invés, praticado a amável reflexão de mestre Heidegger:"A língua é flor da boca". Estamos, portanto, tão audaciosos como extravagantes.

Ainda tentámos, à cause da pátria, consagrar a qualidade destes dias (risonhos, para nós) a elevar o pensamento com as receitas postas a correr por esse cérebro indígena que dá pelo nome de Teixeira dos Santos. Da Mercearia Teixeira dos Santos, Lda. Confusos, decidimos preferir a originalidade (e a comédia) desse esfusiante comediante (e diseur) que se alapa há 5 anos na cadeira da governação – o sr. Sócrates. A maravilha da sua dicção, sempre a mesma com ou sem PEC, ou o auto-elogio diário ao seu carácter e distinta personalidade, é comovente.

Não se compreende, deste modo, que uns alcaiotas da política caseira vadiem, agora, indiferentes aos sábios conselhos do grande timoneiro do Largo do Rato. Não falamos dos boulevardeiros Abrantes, que há muito ultrapassaram, muito justamente, esses amadores disponíveis do sr. Pres. do Conselho, O. Salazar. Tais cérebros são, decerto, emocionantes em habilitações literárias, genuflexões e empregos, mas de uma previsibilidade reaccionária desconchavada. Referimo-nos, principalmente, aqueles suados rapazes, que dizem estar deitados na esquerda do boudoir socrático, e que ousaram profanar os seus versos panegíricos ao grupo de interesses do sr. Sócrates. Ler & ouvir o que diz o evangelista Pedro Adão e Silva, o bucólico Paulo Pedroso ou o prócere Vítor Ramalho, sobre o PEC, a economia, a justiça, a saúde e a educação, imortaliza o ridículo e põe a descoberto tais traficantes d’outrora. Ao pé deles, o sr. José Lello é inteligente! O Augusto S.S. é um clássico chamareleiro. E o sr. Vieira da Silva um perigoso marxista!

E assim andamos em grande aranzel, tormentosos nas mudanças, tolerantes na fadiga e ilustrados no sonho. Ainda estamos por aqui. Pensem nisso!

PS: aos crânios severos que sustentam a nossa caixa de correio, temos a dizer o seguinte: "Em vinte pessoas que falam de nós, dezanove dizem mal, e a vigésima, que diz bem, di-lo mal". É de Rivarol. E tal como a ele, o Inferno para nós é intuitivo. Quod abundat non nocet.