segunda-feira, 21 de julho de 2008


Tabuada: "Avir-se"

"Avir-se: Lá se avenham entre si os dois apologistas do projecto. § 202

- Obs. I. Evidentemente por equivoco escreveu Castilho [no Fausto]:
‘E como se havém na emprêsa o desenhador?’
Neste caso é manifestamente o verbo avir-se, correspondente ao adjectivo avindos, que empregou na página anterior; e êsse carece de h.
Salvo êsse caso, de evidente descuido, não se poderá dizer que os mestres da língua confundissem, como alguns têm dito, com o verbo avir-se o verbo haver-se. De um e outro neles se encontram exemplos distintos.

Camões, verbi gratia, poetou:
- ‘Com o meu gado me avenho, e estou contente’
- ‘O rico com seu ouro lá se avenha’
- ‘Houve-se amor comigo
Tão brando ou pouco irado
Quanto agora em meus males se conhece’

- ‘Hajamo-nos, pois, com a nossa língua, como os romanos se houveram com a sua’ (ANT.PER. DE FIGUEIREDO).
- ‘O senso das turbas mal sabia como se houvesse com as trevas e monstros’ (CASTILHO). § 281

Obs. II. Avir na significação transitiva quer dizer ajustar, compor, conciliar, congraçar, concordar:
‘E se alguns Concelhos hão demandas ou contendas entre si, deve trabalhar quanto puder de os concertar e avir’ (Ord. I.39) § 490”

[M. S. Mendes de Morais, "Repertório Réplica de Rui Barbosa", Casa de Rui Barbosa, 1950, p.27]