sábado, 19 de julho de 2008


Semanada medíocre

Sem alarido que se visse, o caminho para a recessão económica decorre em normalidade. Pelo descampado do convénio nativo começam a passar as habituais & arqueológicas figuras (o Bettencourt Resendes prevarica), enquanto outras inteligências, as que antes grasnavam oásis de crescimento e desenvolvimento, desapareceram na silly season. O tédio é imenso.

O sr. Sócrates, à beira do palco eleitoral, fala aos pobrezinhos, trazendo pela mão o extraordinário dr. Manuel Pinho. A prevenida sra. Ferreira Leite, olheiras pisadas e com algumas rugas sociais ainda frescas, nada tem a declarar sobre a crise ... a não ser (evidentemente!) o apoio inebriante à construção do novo aeroporto de Alcochete. Este será portanto a novíssima obra do bloco central dos interesses. Sorte para o dr. Coelho! Com isso, a antiga "sopradora" deixa portanto por realizar a sua grande Obra alquímica e que consistia em transformar recursos financeiros de investimentos de obras públicas em transferências sociais para os indígenas. Maldito enxofre!

Por outro lado, uma prosa pesada sobre a crise veio por intermédio de um relatório (via B.P.) do inquieto (e pouco estudioso) funcionário público do BCE, que dá ao nome de Vítor Constâncio. E compreende-se porquê: tantos anos na paróquia a reabilitar sucessivos governos do bloco central, que se cansou sentimentalmente. A dor do funcionário foi tanta que o disparate e a charge política vieram de imediato. Por seu turno, o impante dr. Cavaco Silva anda pelo "país real" pregando à canalha "a não baixarem os braços". Comovente!

Por fim, os nossos pungidos economistas - com guichet nas Universidades, jornais e TV's - como a sábia Teodora Cardoso, o sr. Daniel Bessa, o abominável César das Neves, o sr. Daniel Amaral, o cénico António Metelo, o Beleza ou o emotivo Silva Lopes, de tanta indigestão económica e entretimento orçamental cultivados estes muitos anos, desapareceram para a posteridade. Não há, por ora, exercícios didácticos sobre a crise. Recordar o que diziam, anos antes, nas suas previsões e análises macroeconómicas sobre Portugal e o mundo, olhos pousados na fancaria do sr. Sócrates e no milagre de Teixeira dos Santos, Trichet & Cia, Lda, é um trabalho bem curioso mas pouco cavalheiresco. Espanta é como persistem, com exaltação, a "vender" aulas sobre assuntos que desconhecem. De facto, o ensino anda perigoso!