terça-feira, 14 de agosto de 2007


Remigração

"Não me interessam mais nem as estrelas, nem as formas do mar, nem tu" [Cecília Meireles]

Após clamores das musas da venerável Bahia (que a magia é um trabalho iluminado) tomamos o pouso. Agora, e de novo, regressamos aos termos dos Campos do Mondego ... mar ao fundo. E digo-vos: atravessar de margem a margem o mar é uma "mareada" tal que nem um "aluá", feito por uma grande ialorixá, olvidaria. Enquanto isso, o humor caprichoso da bela Oxum sumiu-nos de vez. E Iemanjá foi para o mar. Não mais oferendas a podem acolher. Mas, ainda assim, a "água corre fazendo o ruído dos braceletes de Oxum". O tempo passou. O "despacho" com que cultivamos o olhar foi matéria de feitiço. E o poema, a espera da hora.

Sobre a Bahia de Todos os Santos cumpriu-se o prenúncio de Seu Jorge Amado:"eu te mostrarei o pitoresco mas te mostrarei também a dor". Ali tudo é gente acostumada, que a caminhada é sempre longa e saudosa. O fado do povo da Bahia uma labuta pesada, tortuosa, sofrida. E ao mesmo tempo alegre e intensa. A prosa, essa, é comprida, segura, balançada, sensual. As histórias, lindas! O protesto do mar vadio foi, para nós, uma simples malandragem. Ah, e o povo do candomblé, capoeiristas & outras irmandades um assombro de ternura. Mirámos a eternidade sem levantar a cabeça. Não foi pouco ...

Axé