sexta-feira, 20 de abril de 2007


Até tu ... Soares!

O dr. Mário Soares, o original Mário Soares que o bom siso (antigo) louva, não precisava de ser o "bombeiro" do actual grupelho socialista. Retirado estava, virtuoso ficava. Nem devia participar numa peça velha e por demais gasta, de misantropia partidária e ímpeto evangélico, invocando, sem discernimento algum, personagens tão diferentes entre si – em carácter, robustez ética e intelectual - como Ferro Rodrigues e José Sócrates. As palavras proferidas, aqui, presumidamente irreflectidas, transformam doravante o PS num imenso vaudeville, em que deploravelmente o dr. Soares ombrearia, lado a lado, com o inefável Jorge Coelho em actor principal, os manos Sócrates & Silva Pereira como excelentes debutantes, a inenarrável criatura dos brados José Lello como palrador e José Junqueiro, o homem dos raids ministeriais, como empresário. O dr. Mário Soares estará, talvez, desgastado. Mas convinha não abusar do enorme capital que granjeou e não desbaratá-lo entre gente pouco recomendável. Senão caímos no eterno problema da democracia: "é que quando o povo toma o palácio esquece-se sempre de puxar o autoclismo" [corrigenda de uma outra de Millôr Fernandes]. Não há vaidades transparentes. O dr. Soares devia sabê-lo.