sábado, 24 de fevereiro de 2007


Pátria assim!

"Para se amar uma pátria assim, com tal pompa e tal doçura,
com tamanha e tão delicada memoria de ternura,
será preciso que ela seja escrava, ao mesmo tempo, de um passado
glorioso, e de um presente cujo escândalo seja
em vileza diária a demissão de um povo, à culpa do estrangeiro
que reinará nos palácios e nas praças, usurpando o verdadeiro
senso de que só escravo se torna quem o era já.
...
Mas nós não temos de estrangeiros outros mais que nós. Não dá
portanto o que pensamos para tais doçuras.
Pois de nós mesmos - porcos - não brotam pátrias puras"

[Jorge de Sena, in 'Má Vlast', de Smetana, in Poesia II, Moraes, 1978]