sábado, 5 de fevereiro de 2005


Nos 70 anos da publicação de "As Associações Secretas" por Fernando Pessoa

A Revista da Maçonaria, sob direcção de Paulo Noguês, reaparece neste seu número 3 (Dez/Jan./Fev. de 2005), com um conjunto de textos significativos. Em primeiro lugar refira-se a homenagem feita a Luís Nunes de Almeida, por Luís Conceição e Carlos Santamaria, ambos da Respeitável Loja de S. João Convergência, nº501 a Oriente de Lisboa (G.O.L.) e da qual foi LNA primeiro Venerável. Depois um importante documento de Fernando Marques da Costa, "Cronologia das relações entre o Supremo Conselho dos Grandes Inspectores Gerais do Grau 33 do REAA para Portugal e o Gr. Or., 1840-1993"; um texto de José Anes sobre a "Maçonaria e o Islão"; um artigo de Carlos Morais dos Santos sobre "A Seara Nova", etc.

Por último, dois olhares curiosos sobre a relação entre Fernando Pessoa e a Maçonaria, um por António Arnaut (G.O.L.) e outro por Trovão do Rosário (G.L.L.P.). Dizemos curioso, no sentido que não é muito frequente virem a lume, apesar de existir um conjunto expressivo de reflexões provindo de linhagem maçónica sobre a suposta filiação maçónica de Pessoa, de entre os quais refira-se, mais perto de nós, o livro de José Anes, "Fernando Pessoa e os Mundos Esotéricos" (Ésquilo Edições) e "O Pensamento Maçónico de Fernando Pessoa", por Jorge de Matos (Hugin). Existem outros, de circulação mais restrita, onde a questão é objecto de copioso debate.

Passados 70 anos da publicação do artigo de Fernando Pessoa no Diário de Lisboa (4/02/1935) intitulado "As Associações Secretas", em defesa evidente da Maçonaria e contra o projecto-lei do deputado José Cabral, o interesse sobre a sua filiação maçónica do poeta mantém-se. Tenha sido ou não Fernando Pessoa iniciado em qualquer obediência ou Ordem, como a da Suprema Ordem do Real Arco, seja a da Estrita Observância, ou da A.'. A.'. (Ordem Argenteum Astrum) ou mesmo numa Loja Martinista, e tenha ou não existido ligações entre o poeta e o mistério da Quinta da Regaleira, o certo é que o tema parece inesgotável.