terça-feira, 27 de julho de 2004


As «vacansas» de João Carlos Espada

A costumada e proverbial literatice do dr. João Carlos Espada (vide último Expresso) toma a forma de um panfleto muito libérrimo em defesa de "férias sossegadas", via a putativa "serenidade" do dr. Sampaio no caso da nomeação de Lopes & Portas, contra os "profetas da desgraça" usuais. Ao que se presume no delírio de Espada, o fantástico dr. Sampaio arfa, por ora, na sua grandeza de anti-estatista, bem aos modos inchados do antigo canhoto dr. Espada, e desassombra a ciência política indígena pelo seu "gentlemanship" avidamente soletrado pela esquerda liberal. A guia de marcha do dr. Espada pode seguir. A silly season está de volta.

O escriba de "Social Citizenship Rights ..." manifesta a sua estranheza por o "novo governo já estar a ser atacado" pela sociedade civil. Numa expressão de horror espadista, o gentil professor, num bocejo à maneira de Oakeshott, gagueja um "não há liberdade sem estabilidade e referências estáveis". Sentimos o presidente da direcção da secção portuguesa da International Churchill Society nas garras de uma tragédia sem igual. Fez bem o dr. Sampaio na sua picaresca aventura presidencial em salvar essa alma penada do anti-liberalismo.

Seja como for, o doutoral ex-camarada "Lima" continuará a arte de tresler paginas inteiras de Churchill, anunciando na próxima época escolar contrariar os dogmas "revolucionários" e "contra-revolucionários", a partir dos calhamaços de "Second World War" e "A History of English Speaking People", que a surtida aventureira das "vacansas" o impelem a transportar.  Voltará para confeccionar teses para épater os anti-liberais, falazar de liberalismo sem defeito, entre um ar gauche alvar e o fulgor poderoso do olhar inteligente. Compreende-se que confesse: "Tenho tanto para ler, que não tenho tempo para descansar". Que não se canse são os nossos votos.