segunda-feira, 12 de abril de 2004


Vértice [nº 1, Maio 1942, …]

"Revista de cultura e arte" editada em Coimbra (1942), sob direcção de Carmo Vaz, Raul Gomes, Joaquim Namorado, e que ainda se publica (a partir de 1988, sob direcção de Francisco Melo), acompanhou o movimento neo-realista (de que foi perfeito porta-voz) e outras tendências, promovendo intensas reflexões, debates culturais, estéticos e políticos que marcaram a época. A par da "doutrinação critica e literária" que cedo revelou, do combate estético-literário comprovado ou da "divulgação ideológica" propagandeada, a sua longevidade e uma activa rede de colaboradores torna a Vértice incontornável na história literária e política portuguesa. Da vasta colaboração havida (pode-se consultar o seu Índice de Autores (para os primeiros 45 anos), recolhido por Carlos Santarém Andrade, 1987) registe-se os seguintes: Cristóvão Aguiar, Luís de Albuquerque, Álvaro Sampaio, Aníbal de Almeida, Eugénio de Andrade, Armando Bacelar, José Oliveira Barata, Baptista Bastos, Mário Braga, , Nuno Bragança, João Freitas Branco, Casimiro de Brito, Alexandre Cabral, Gomes Canotilho, Jesus Caraça, Papiano Carlos, Orlando de Carvalho, Jaime Rodrigues Viana, Ferreira de Castro, Fernando Catroga, João José Cochofel, Eduardo Prado Coelho, António Vale (Álvaro Cunhal), Augusto da Costa Dias, Saul Dias, Mário Dionísio, Afonso Duarte, Rui Feijó, Alberto Ferreira, José Gomes Ferreira, Vergílio Ferreira, Lima de Freitas, Eduardo Geada, Aureliano Lima, Campos Lima, Irene Lisboa, Maria Gabriela Llansol, Eduardo Lourenço, Álvaro Manuel Machado, João Medina, José Manuel Mendes, José Ferreira Monte, Adolfo Casais Monteiro, Vital Moreira, Sidónio Muralha, Fernando Namora, Rebordão Navarro, Vitorino Nemésio, Avelãs Nunes, Carlos de Oliveira, Fernando Assis Pacheco, José Cardoso Pires, António Pedro Pita, Júlio Pomar, Cândido Portinari, Paulo Quintela, Julião Quintinha, Luís Francisco Rebelo, Alves Redol, José Régio, Aquilino Ribeiro, Armindo Rodrigues, Urbano T. Rodrigues, António Ramos Rosa, Vítor de Sá, Mário Sacramento, Abel Salazar, Arquimedes da Silva Santos, Piteira Santos, António José Saraiva, José Saramago, José Sasportes, António Sérgio, Joel Serrão, Antunes da Silva, Gaspar Simões, José Carlos Vasconcelos, Alberto Vilaça, Mário Vilaça,

"Não pode a uma revista de cultura portuguesa ser indiferente a politica nacional e muito menos no momento em que se decide o Futuro, o nosso próprio Destino. Vértice toma posição apoiando as revindicações dos democratas portugueses, enquadrando-se no seu movimento em prol de eleições onde o país possa manifestar livremente a sua vontade..." [nº17/21, in Dicionário das Rev. Lit. Portuguesas, de Daniel Pires]

"…Romeu, tu conheces o Namorado?
- O poeta Joaquim Namorado, o director da revista Vértice, de Coimbra?
- Esse mesmo.
- É claro que conheço. Não te esqueças que eu sou colaborador da Vértice.
- Dizem, não sei se é verdade mas dizem que foi o Namorado quem, para iludir a PIDE e a Censura, camuflou de "neo-realismo" o tão falado "realismo socialista" apregoado pelo Jdanov...
Ri-se, abana afirmativamente a cabeça.
- É capaz de ser verdade, o Namorado sempre gostou de brincar às escondidas com a PIDE e a Censura ... Lembras-te daqueles pensamentos na contracapa de cada número da Vértice?
- Sim, estou a ver.
- Pois o Namorado, durante alguns números, publicou pensamentos do Karl Marx mas assinados com o pseudónimo Carlos Marques. E um dia aparece na redacção um agente da PIDE a intimidar: "Ó Senhor Doutor Joaquim Namorado, avise o Carlos Marques para ter cuidadinho, que nós já estamos de olho nele"... [in Romeu Correia]