
"
Nenhuma sandwiche é completa!" [
J.M.J.]
Estávamos em amena orquestração gastronómica – sobre o jantar divino de véspera na "
A Travessa", em Benfica [graças sr.
Vítor] -, isto é, em respeitável gozo evocativo, quando vislumbramos (por mero escapismo televisivo) um trio de admiráveis politólogos na
TVI 24, pelas nove e picos da noute. Estes
novos feitores, cuja taxinomia está para a cidadania como o mordomo está para o seu amo, são afrontosos na sua rusticidade, virtuosos nos maus costumes, ignorantes nas palavras de ordem. O comício dessa gente é sempre uma
bricolage pouco cuidada.
O trio de rapazes que desse modo flutuava na
TVI 24 manteve uma narrativa em nada diferente dos seus poderosíssimos irmãos mais velhos – o fatal
Sousa Tavares (Filho), o inenarrável
Metello, o
Cantigas do ISEG, o vómito
Rangel, o inefável
Pedro Guerreiro, o desopilado
Pedro Marques Lopes ou o medicinante estoriador
Rui Ramos. Aqueles que nos brindam cada semana com alguns truques labiais & outras baixelas políticas, para que lhes paguemos o dízimo. Os
novos feitores rogam como os velhos e aceites comentadores. Afinal, os modernos correspondentes não são mais que uma contrafação obsequiosa dos primevos. A dupla
Sócrates & Coelho está de boa saúde. Não estão, portanto, desamparados.
Do trio de politólogos de serviço à
TVI 24 – dois rapazes e uma senhora -, o zelo maior pertenceu ao conozudo
José Bourdain. O presuntivo rapaz, que é cristão-novo do
CDS, escriba do
Diabo e nas horas vagas mestral em política comparada, apareceu burlescamente via
TVI como
politólogo. O expediente idealizado pelos da
TVI é imaginativo: coloca docemente um atormentado
candidato do CDS como
expert em ladrilhos sócio-politicos, como poderia (espiritualmente) fantasiar o sr.
Emídio Rangel como director do ex-
SNI. O que seria de todo impossível! Como se sabe.
O
rapaz do CDS praticou o insulto a qualquer inteligência conhecida, foi
estéril em "política comparada" – não nos fatigou com a sua conhecida fábula de vivermos numa "
bandalheira", nunca nos ciciou da necessidade do fim da Presidência da República ou se referiu à sua patrulha campónia contra as auto-estradas – e muito industrioso em estatística, que não pratica nem conhece. Os queixumes do rapaz explicam (a descoberto) como se escorcha bem os indígenas, sem razão suficiente ou elegância critica. Mais: na sua labareda politóloga, sempre muito suspirosa,
vilipendiou a classe docente, apesar de não ser original, porquanto o sr.
Sousa Tavares (Filho) é muito mais babélico. E desenvolto!
O
rapaz do CDS, tornado politólogo pela
TVI, arremessou umas 25 horas de trabalho semanal para os professores, já se vê mondadas da conhecida colectânea estatística do sr.
Sócrates. Curiosamente estes filarmónicos da sra.
Lurdes Rodrigues jamais desembrulham da escrivaninha as horas lectivas de leccionação dos
lentes universitários, quando se trata de asnear amabilidades ou lançar testemunhos. Percebe-se porque é assim: o
abono corporativo deve ser judiciosamente garantido. Os mestrados não podem deixar de ser esses hortos (perfumados) da escolástica, que justificam perversos silêncios, entre a falta de liberdade, estudo e trabalho efectivo.
Como diria o nosso
Gonçalo Trancoso: "
o néscio calado por sábio é contado". Confere!