segunda-feira, 10 de outubro de 2005
A Movida Autárquica
"Que é o meu nada, comparado ao horror que vos espera" [Rimbaud]
Afinal a movida das autárquicas, pronto a pensar (local) dos indígenas e colunistas encartados, continua viva e pelo que se presume, recomenda-se. A animação foi séria, pelo que daqui a 4 anos haverá glória em seu nome. A decadência será brilhante.
Depois de arruadas animadas que transformam putativos eleitos em imprudentes foliões de rua, o entretimento do vasto rebanho de eleitores, correndo contra o tempo, a corrupção ou as chagas das desgraças do dia-a-dia, foi um repasto noticioso nestas semanas infindáveis. Felizmente a choldrice acabou. Para recomeçar doutro modo, dentro de dias. Adivinha-se, por aí, a excitante seara informativa presidencial.
A gestão da miséria eleitoral ou o discurso prosaico da vitória foi esta noite desanimadora. O mavioso pastor Jorge Coelho presume que o manto das medidas anti-sociais do seu governo não amargou aos eleitores. Entretanto o inefável José Lello disse qualquer coisa, mas ninguém entendeu. Por seu lado, o enérgico Marques Mendes, doutoralmente, enxuga muitas lágrimas pela estrondosa vitória laranja em terras da democracia - a Madeira. E, enquanto isso, o fenómeno Isaltino considera que ganha com o apoio, em Oeiras, de licenciados e outras intelligentzias. A coisa promete.
Por outro lado, o engenheiro Sócrates, inestimável em comemorações, assegura-nos que legislativas não são autárquicas e que o governo segue dentro de momentos. Desculpai, pois, a interrupção. Para os lados de Felgueiras, a patrona do gentio local, embala numa cansativa discursata anti-sistema. Quase chorámos. Nessa altura, Filipe Menezes deleita-se à beira de Gaia. Discretamente. Comovidamente. Noutro registo, à cautela e contra ventos e marés, Miguel Sousa Tavares, na TVI, benze o Papa Pinto da Costa. Pelo câmbio futebolístico, contra os mouros. E na província, o Major Valentão (para os seus amigos de Gondomar) fogosamente surpreende um microfone, ao que se supõe ainda da era PSD. Como os tempos eram outros, suspirou decerto Cavaco Silva. Entretanto, Edite Estrela assoma em Sintra, fugazmente, e sem dicionário a tiracolo. Palmas! Pelo que se sabe, o jovem Pires de Lima inquieta-se com a garotada do PP. Definitivamente, a praxe já não é o que era. Doutro modo, Jerónimo de Sousa ergue o punho. A produção foi boa. A sopa caseira estava excelente. Enquanto isso, Francisco Louça considera-se derrotado. Coisa rara e inquietante.
A movida autárquica ainda balbucia. Nós ... nem por isso.