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Curiosa separata da Revista Brasileira de Geografia, nº 4, Ano VII, com um trabalho de Moacir M. F. Silva, intitulado "Como se distribuiu a iluminação pública do Rio de Janeiro", datada de 1946. Refere os "ciclos" por que passou a iluminação da cidade "como serviço público organizado" [iluminação a azeite, a gás e iluminação eléctrica]. Situa a "iluminação pública a azeite de peixe" no final do sec. XVIII [no tempo de José Luís de Castro].
"Era especialmente carne de baleia que fazia objecto de ativo comércio no Rio-de-Janeiro. Entravam as baleias em Maio à procura das águas mais tranquilas da baía (Guanabara) para a época da cria e até fins de Agosto permaneciam numerosas (...) Eram os principais produtos, além da carne, o chamado azeite de peixe, as barbatanas e os resíduos chamados borra (galagala) que, ligados à cal do Reino davam às edificações uma consistência notável (...) Os depósitos de azeite eram na Lapa dos Mercadores e no Bairro de São-José (...) Cada baleia, calculava-se então, dava 16 pipas de azeite e 15 arrobas de barbatanas" [citado, pelo autor, da Historia da Cidade do Rio-de-Janeiro, de Delgado de Carvalho, 1926]
Diz-nos Moacir Silva que, antes da iluminação a azeite de peixe, a cidade por mais de duzentos anos ["desde a sua fundação em 1565 até finais do sec. XVIII"] "dormiu inteiramente à escuras".
"Naqueles tempos o povo recolhia-se cedo; ao anoitecer fechavam-se quase todas as casas, havia limitado numero de lojas de comércio, e sendo as ruas tortuosas, estreitas, sem calçamento, nem iluminação, tornava-se perigoso o transito nocturno, especial emente nas ruas em que não havia os lampeões dos nichos ..." [citação do autor da obra O Rio-de-Janeiro, sua história, monumentos, etc., do Dr. Moreira de Azevedo, 1877, II vol.]
Apresenta Moacir Silva o edital de 3 de Janeiro de 1825, onde se estabelece o "horário de recolher": "No verão, depois das 10 horas da noite, e no Inverno, depois das 9, até a alvorada, ninguém se poderá isentar de ser revistado. E para que todos saibam dessas horas, o sino da Igreja de São Francisco de Paula e do convento de São-Bento dobrarão pelo espaço de meia hora, sem interrupção. Todas as portas das casas de residência deverão ser fechadas logo que anoiteça. Depois dos toques de sinos, ninguém poderá ficar parado nas ruas, bem como nas portas das tabernas". E porque foi tal edital saído da pena do desembargador Francisco Alberto Teixeira de Aragão, "o povo passou a chamar o sino da Igreja de São Francisco de Paula, o «Aragão»".
A iluminação a gás ocorre nos meados do sec. XIX (25 de Março de 1854). Refere-se que a "Praça D. Pedro II, as ruas do Ouvidor, Rosário, General Câmara, São-Pedro e Primeiro de Março", foram as primeiras "que tiveram lampeões de gás". A partir daí o calçamento a paralelepípedos das ruas teve lugar. Até 1828 a iluminação "estava a cargo da Intendência Geral da Polícia" e manteve-se até fins de 1933 quando desaparece para dar lugar à iluminação eléctrica ["a partir de 1 de Janeiro de 1934 toda a iluminação pública está sendo feita por electricidade"].