sábado, 5 de março de 2005


Passa por mim no Governo!

"A generosidade é o dom do que convém, sem qualquer reparo, à compensação" [Avicena]

Temos governo. Os missionários de Sócrates são aquilo que se esperava. Abundantes tecnocratas, made in IST & outras Instituições meditabundas, consumidos pela respeitosa sebenta, alguns profanos aparentemente virtuosos e estimados profissionais da labuta política. Ainda não foi, segundo dizem o rol da eminência parda jornaleira que domestica o país, espalhado o perfume pátrio governativo, mas para nossa glória não houve recurso à tralha Guterrista em dose elevada, pelo que a epidemia está contida. Resta esperar.

Como curiosidade, refiram-se os sediciosos ecos que os comentadores costumeiros lançaram ao rebanho luso, em torno das personagens eleitas. Desde logo um sujeito, que se desconhece o que tem feito para a posteridade da pátria, de nome Van Zeller, absolutamente fascinado pela presença de Freitas do Amaral na governação. De tal modo confundiu o comércio da CIP com a azia revoltosa perante o excomungado Freitas, que julgámos recuar a 1975. E lá fomos, obedientemente, consultar o calendário. Uf! O Van Zeller afinal era um fingidor.

Depois, recebemos as instruções do monge Luís Delgado que com a sua louvável caridade liberal atestou que este Governo era pior do que o prometido, e, evidentemente, inabilitado para a função, isto depois de evocar Lopes & Portas, em reza. A noite não podia findar sem que o pensamento de Guilherme Silva, o desamparado guerreiro Santanista & Jardinista, na mais pura ex ironia, nos tenha dito cobras e lagartos desta segunda, terceira ou mesmo quarta escolha socrática. Excelente!

Por fim, ainda não tínhamos atacado o café matinal, já o camarada José Manuel Fernandes, o devoto militante que no principio dos anos oitenta não renunciava à reorganização do PC, para espanto de todos, freneticamente escrevia no seu jornal achar tumultuoso a presença de Freitas do Amaral no governo da Nação. A verdade é que Feitas do Amaral era um perigoso terrorista anti-Bush, novo Rei do Mundo para o estabelecido JMF, o que, presumimos, nos poria a guerrear com o exército americano. Cruzes, canhoto! Mas, como nos lembrámos da animada cena passada in illo tempore no Palácio de Cristal, a que decerto o camarada JMF serviu, compreendemos a reprimenda. E o fogo ardente do senhor director. Há coisas que não esquecem.