domingo, 28 de fevereiro de 2010

IN MEMORIAM JOSÉ MINDLIN 1914-2010


"Je ne fay rien sans gayeté" [tema do ex-libris de J. Mindlin, retirado do livro de Montaigne, "Ensaios"]

[Mindlin] "ensina que a mais importante qualidade de um bibliófilo não é a fortuna, ou a erudição, mas a paciência"

"a gente procura o livro e o livro procura a gente"

Morreu em S. Paulo o mais estimado bibliófilo de língua portuguesa, o promotor da cultura e da arte, e principalmente do livro e da sua leitura. José Mindlin, leitor incansável e onívoro, jornalista efémero, secretário da cultura do Estado de S. Paulo, advogado, ex-empresário [da empresa Metal Leve], membro da Academia Brasileira de Letras e devoto amante do livro raro, coleccionou ao longo da sua vida mais de 60 mil volumes, com perto de 20 mil fazendo parte de uma Brasiliana absolutamente notável. Como diz: "A Biblioteca foi crescendo por si mesma".

Com preciosa e vasta erudição sobre os assuntos bibliográficos, o coleccionador Mindlin, como bibliófilo apaixonado, preocupava-se com a ilustração, o aspecto gráfico, a edição, o papel, a encadernação, a tipografia – "o aspecto físico". Curiosamente, se os clássicos não lhe eram de todo estranho, os autores modernos (jovens e desconhecidos) atraíram-no, sem explicação plausível. Mas era a emoção [que não deixava transparecer ao livreiro vendedor] do exemplar do livro raro e a sua incessante busca (e sorte) que o motivava. As suas histórias em torno da compra de raridades bibliográficas [ver José Mindlin, "Uma Vida entre Livros", Companhia das Letras, 1997], a sua "garimpagem" quase doentia e extravagante (com a cumplicidade de sua esposa Guita, o que não deixa de ser bem curioso para alguns amadores de livros), indicam que não se trata aqui de um simples acumular de livros, mas de um projecto intelectual de vida. "Uma felicidade extravagante", como diria J. L. Borges [cf. "Memórias de uma Guardadora de Livros”, de Cristina Antunes (conservadora da Biblioteca Guita & José Mindlin], Escritório do Livro, 2004]

A ler sobre bibliofilia brasileira e o livro raro: o belíssimo exemplar, "Uma Vida entre Livros", de José Mindlin, Companhia das Letras, 1997 / "O Bibliófilo Aprendiz", de Ruben Borba de Moraes / "Uma Vida", de Plínio Doyle, Ed. Casa Rui Barbosa / "Memórias Esparsas de uma Biblioteca", com José Mindlin & "Memórias de uma Guardadora de Livros", com Cristina Antunes, Escritório do Livro, 2004 / "No Mundo dos Livros", de José Mindlin, Agir.

LOCAIS: O Bibliófilo José Mindlin / Páginas de Vida / Morre o bibliófilo José Mindlin / Morte do bibliófilo José Mindlin.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

ILHA DA MADEIRA - SOLIDARIEDADE!



" ... Estas são sempre as casas. E se vamos morrer nós mesmos,
espantamo-nos um pouco, e muito, com tais arquitectos
que não viram as correntes infindáveis
das rosas, ou as águas permanentes,
ou um sinal de eternidade espalhado nos corações
rápidos.
...
Falemos de casas como quem fala da sua alma ...
"

in A Colher na Boca (1953), de Herberto Helder [nascido no Funchal em 1930 e, aí mesmo, meteorologista nos tempos idos de 1954]

[idem postado no Almanaque Republicano]

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

HOJE ... ANDÁMOS ASSIM!


... sem carnavais, em conforto sossegado e sem nouvelles decadentes da coisa pública. De companhia e com boa qualidade de vinho! Na volta pela freguesia colhemos (surripiámos ... por vigia dela) esta singular converseta (ali em cima guardada) na Casa das Letras, versão facebookiana da Oficina das Letras. Ficámos um homem completo. Esta noite, em perfeita "sacanagem", irá correr por demais. Deixamos Jorge Amado mover a quadra:

"O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha
"

Boa noute!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

NOTÍCIAS DA FRENTE


"Fartar, gatos, que é dia de Entrudo"

É conforme eminentes sábios, que no minguante de Fevereiro se apanham as canas & vimes para "fazer cestos e obras grossas" [de novo o grande Palladio dixit]. E que ao se ouvirem os primeiros trovões do ano, há lugar a geada e, claro, pouca fruta [à atenção do Sr. Pinto da Costa]. Deste modo, os ensaios para novíssima biblioteca de V. Excia estão consolidados. A garimpagem bibliófila [na feliz dica de mestre Mindlin] será, pois, generosa, mesmo se o cabedal da fortuna está sombrio, por mor do sr. Teixeira dos Santos. É ocasião para enterrar os monos, ou couve-flores, dos novíssimos poetas indígenas, organizar o arquivo, limpar e colar lombadas, fazer anotações à margem e, principalmente, retirar os velhos livros dos nossos estimados clássicos dos armários. O coleccionador é um arrumador, apaixonado.

Depois? Bem depois ...

"Um pouco de sol
Num nada de sal
Virgem na praia.
Azul seu raio a medo o olhar criou.
Tão redonda na onda arfa uma saia?
Foi ela ou o meu dizer que se afogou?
" [Vitorino Nemésio ... claro!]

- a semanada não será suficiente sem ir ao Leilão da Livraria Antiquária do Calhariz (sob direcção de José Manuel Rodrigues), nos dias 17-18-19 (21 horas) na Casa da Imprensa, à Rua da Horta Seca, 20. Trata-se do Leilão de uma "valiosa e variada Biblioteca composta de Livros e Manuscritos, com destaque para Impressões Quinhentistas, Seiscentistas, História, Religião, Ciência, Literatura Clássica, Descobrimentos, Viagens, Arte, etc". Os leilões de José Manuel Rodrigues são aliciantes e desafiadores. Nunca se deve perdê-los! Voltaremos ao tema amanhã, mas entretanto pode consultar AQUI a referência feita pelo nosso camarada A. Mendonça, no Almanaque Republicano.

- a Livraria In-Libris compôs, para o amador de livros, um interessante Catálogo que reúne um ajuntamento de peças bibliográficas curiosas e incontráveis. Desde logo "Les Caractères de la Tragédie, publié d’aprés un manuscrit atribué a la Bruyére" (1870), uma peça de colecção; depois, mesmo a propósito destes infaustos tempos, a vibrante prelecção de Santo Agostinho (na edição da saudosa livraria Atlântida) “Contra os Académicos"; segue-se a rara edição do "Obscuro Dominio" de Eugénio da Andrade, com desenhos e sobrecapa de José Rodrigues; ainda as "Canções" de mestre António Botto, na sua melhorada 2ª ed.; para bibliófilos encartados, apresenta-se o "Catálogo das Obras Impressas nos Séculos XV e XVI", em II vols, com magnificas ilustrações; alguns livros publicados pela lendária & etc.; a curiosa narrativa d’A Grande Catastrophe do Theatro Baquet, de Jaime Filinto (1888); a rara peça poética de Garrett, "Lyrica de Joao Minimo" (1829); o estimado "Deux Cents Patiences Napoléon", pelo Barão Hugues, obra familiar para o jogo das paciências, e muito fresco para as noites de espera da demissão do sr. Sócrates; as competentes "Memorias de un Librero Catalon", pelo livreiro Antonio Palau y Dulcet; e o mais que AQUI pode voluptuosamente garimpar.

- informa-se, tardiamente é certo, que saiu novo Catálogo da contagiosa Livraria Bizantina, acima do Tavares Rico, sob direcção do nosso habilitado livreiro Carlos Bobone. Temos saudades desse generoso lugar de culto (o Tavares e a Bizantina), pelo que prometemos ser breves.

- está online o inexcedível Boletim (nº98) do livreiro J. A. Telles da Sylva, que, como sempre, reproduz copiosa informação sobre as peças bibliográficas e os seus autores. De consulta obrigatória para o amador de livros.

- a não perder as "Últimas Aquisições" da Livraria Olisipo, ancorada no Largo Trindade Coelho (Lisboa). No caminho vá visitar a Artes & Letras, mesmo ao lado. Pode, de permeio, beber um tinto (ou branco) no curioso estabelecimento que fica entre essas duas livrarias. E que era um dos locais de "desporto líquido" do mestre Luís Pacheco. Talvez a sua alma inspire V. Excia ao dever do ofício.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

AMANHÃ – DIA DO PRÉ DO DR. VITOR CONSTÂNCIO


É já amanhã que o viril dr. Vítor Constâncio, o funcionário público mais douto e de mais forte cabedal da paróquia (25.000 Euros/mês), recebe os aplausos morigerados dos laboriosos financeiros do BCE. O dia de amanhã presenteia esse maravilhoso funcionário público português que ao longo da sua estimada vidinha nunca acertou o que quer que fosse, foi pródigo em cambalhotas financeiras e um desastre na avaliação de desempenho. Apanhado ao acaso pela "estória" do deficit, este nosso faroleiro indígena, ganha o pousio no cadeiral do BCE, lugar de culto dos inadaptados do trabalho. É uma honra para a fazenda lusa e uma bisonha esperança para o funcionalismo estadual. Estamos orgulhosos e de parabéns!

Assim, com infinito regalo, a rede social do Facebook – mural de prazer e de altíssimo gozo – não se esqueceu desse enternecido patriota e lançou um curioso Grupo, de grande generosidade, que dá pelo lascivo nome: "GRUPO A FAVOR DE QUE VITOR CONSTÂNCIO GANHE O SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL”.

A inchada proposta, tem a seguinte ornamentação: “O Govenador do Banco de Portugal ganha mensalmente 25000€! E é contra o aumento do salário mínimo nacional. Achamos justo que o senhor Vítor Constâncio - funcionário público - passe a ganhar o salário mínimo nacional: 475€. E já agora que o seu salário seja "congelado" como a restante função pública em 2010”.

E, aqui, se apresenta a fragorosa defumação do dr. Constâncio. Carpe diem ... Vítor!

FOLIES, FRESQUES, FORCES ET FAIBLESSES DU BIBLIOPHILE


"... Je veux dire par là qu'il y aurait tant à dire sur le caractère du bibliophile ou plutôt pour être plus juste sur sa physiologie, qu'un livre reste à écrire sur le sujet. Une approche purement psychologique du sujet en quelque sorte. Que cela ne vous empêche pas de nous signaler des travers et des éclats de génie que vous jugerez propres au bibliophile et qui pourtant s'attachent plus à son aspect physique ou son comportement. Tout ici sera bon à prendre, pour nous esclaffer des autres ou rire de nous-même, tenter une amélioration par biblio-blogo-thérapie ..."

ler TUDO AQUI

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

SÓCRATES, A FECHADURA E A RUA


"A liberdade é sempre e só liberdade dos que pensam de outro modo”" [Rosa Luxemburgo]

Estes "estupendos" 5 anos, com marca e talento do sr. Sócrates & amigos, obraram uma fazenda em ruína, uma propaganda sinistra, uma paróquia raivosa. O compêndio político destes dias faz mesmo esquecer o infausto tempo do dr. Cacavo & amigos e suas posteriores sequelas. Um grupo de sujeitos repugnantes (e disciplinados) tomou de assalto a coisa pública, banqueteou-se sem cerimónia, armadilhando meticulosamente tudo de passagem. Não há nenhum lugar na paróquia onde essa catrafilada de gente não esteja presente. Para glória de poucos, vergonha de alguns e miséria de tantos!

O actual arresto das contas públicas e a servidão fascizante imposta à canalha da rua e do trabalho, não é mais que a reprise desse espectáculo indecoroso de apropriação da res publica por esses grupos de interesses e que confortavelmente se instalaram na vida pública. A barulheira, que por ai vai, em volta da putativa liberdade de imprensa será sempre uma récita abeiçada de mestre-escola, demagógica e populista. Todos os governos, sem excepção, usaram e abusaram da intimidação e propaganda para esmagar as investidas contra os interesses e estratégias do seu grupo. E, de outro modo, sempre existiram jornalistas, acofiados ao poder, sem lealdade e dever deontológico, que tranquilamente souberam ser pulhas. Nada de novo, nenhuma desilusão.

O que há de original, por agora, é que o disfarce caiu de vez e tocou a rebate. Muito por culpa da situação económica e financeira, mas, principalmente, pela falta de carácter que manifesta o sr. Sócrates, mais os seus sensaborões amigos. Inúteis, vaidosos e histriónicos, o ajuntamento dos amigos da governação agravou a chinfrineira e a multidão, de pés para a cova, percebeu-a. A pirotecnia jurídica levada a cabo pelo sr. Procurador, o sanfonar irado do sr. Lacão, as brejeirices incansáveis de Santos Silva ou a prosápia de José Lello, agravou por demais a coisa. Curiosamente, também pela blogosfera, os muito arranjadinhos Abrantes ruminaram lascivas lendas em prol do altíssimo chefe Sócrates & amigos. Muitos receberam o prémio Simplex, uns tantos ainda cismam piedosas intenções, outros já trataram das feridas. A alma humana é, de facto, um abismo!

Entretanto, parece que a extenuante lide pela "liberdade de imprensa", presumidamente desatrelada que está dos interesses económicos do grupo prevaricador, vale uma petição, uma burlesca manif e um consequente orgasmo político. Ao que se sabe, o sempre rijo João Miranda, por uma vez, recolheu a sua vocação liberal e aderiu a essas "manifestações organizadas por blogs e SMS". O que, como se sabe, "são aquilo com que uma certa esquerda sempre sonhou". Está, pois, o nosso João Miranda, quase um professorzeco arremelgado contra o poder, quiçá um enternecedor sindicalista, desses que singram pela rua, essa putain respectueuse. Que tudo lhe corra bem, na sua reclusão de revolucionário, é o que desejamos. E aos demais!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

RESERVADO AO VENENO



Hoje é um dia reservado ao veneno
e às pequeninas coisas
teias de aranha filigranas de cólera
restos de pulmão onde corre o marfim
é um dia perfeitamente para cães
alguém deu à manivela para nascer o sol
circular o mau hálito esta cinza nos olhos
alguém que não percebia nada de comércio
lançou no mercado esta ferrugem
...
não é uma pátria
não é esta noite que é uma pátria
é um dia a mais ou a menos na alma
como chumbo derretido na garganta
um peixe nos ouvidos
uma zona de lava
hoje é um dia de túneis e alçapões de luxo
com sirenes ao crepúsculo
...
hoje não é um dia para fazer a barba
não é um dia para homens
não é para palavras

António José Forte (Uma Faca nos Dentes)

domingo, 24 de janeiro de 2010

BASIC SPACE



"Basic space, open air
Don't look away, when there's nothing there

I'm setting us in stone
Piece by piece, before I'm alone
Air tight, before we break
Keep it in, keep us safe
"

The xx - "Basic Space"

Boa noute!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

COOPERATIVA BONIFRATES - 30 ANOS


30 ANOS DA COOPERATIVA BONIFRATES

A Bonifrates, guarita de vozes em lábios cânticos, vive há 30 anos. Essa "Casa", que se estende pelos tempos de Coimbra, foi uma aventura de bem amar o Teatro, uma lição de cumplicidade de corpos & afectos, um movimento de reinventar a arte, um exercício de respiração doce e livre. Na luz da cidade de Coimbra, os 30 anos de caminho da Bonifrates foram sempre essa arte de desmitificação do real, inteligente e criadora, nesse sonho de respiração colectiva ou arte de representar. 30 anos de narrativas, de inquietudes poéticas, de exercícios sacros. Exemplares!

Á Cooperativa Bonifrates muitas felicitações. Ao João Maria André, Rui Damasceno, João & Cristina Janicas, à Xana (Silva), ao Fernando Taborda, entre outros, a nossa gratidão.

ESTILHAÇOS - 29 de Janeiro 2010, 22 horas, Cine-Teatro de Condeixa

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

BIBLIOTECA DO DR. LAUREANO BARROS


LEILÃO – BIBLIOTECA DO DR. LAUREANO BARROS (II Parte)

DIAS DO LEILÃO: 21 a 23 e (ainda) do dia 27 a 30 de Janeiro – 21 HORAS
LOCAL: Junta de Freguesia do Bonfim (Campo 24 de Agosto), Porto
CATÁLOGO(s) Online: AQUI

Trata-se da “segunda parte do leilão da biblioteca, pertencente ao distinto bibliófilo Dr. Laureano Barros, uma das mais valiosas bibliotecas particulares do século XX

Este Leilão dividido em 3 partes, teve a sua primeira parte em Maio de 2009 e a terceira parte ainda com data a anunciar


Nesta segunda parte destacamos o excepcional espólio de manuscritos e edições de Luiz Pacheco [originais manuscritos e dactiloscritos], que apresentaremos para venda em exclusivo no último dia [dia 30 de Janeiro]; as «Leis Extravagantes» de Duarte Nunes de Leão, datadas de 1569; a edição original de «» de António Nobre: de Almada Negreiros [ver Livro II, pp 150-162] salientamos a polémica edição do «Manifesto Anti-Dantas», «K4 Quadrado Azul», «Bailados Russos em Lisboa», assim como a muito esclarecedora edição d’«A Questão dos Painéis»; entre outras, as revistas «Orpheu» e «Manifesto» estarão disponíveis nesta segunda parte; de Almeida Garrett [a Garretiana vai da p. 86 à p. 101, do Vol. I], «Viagens na Minha Terra», «Folhas Caídas», o semanário «O Chronista» totalmente redigido por Garrett; de Herberto Helder, a raríssima edição publicada por Luiz Pacheco nas edições Contraponto, «O Amor em Visita», «A Colher na Boca», segundo livro do autor, assim como o raríssimo catálogo de uma exposição de pintura de Maria Paulo, com texto em prosa de Herberto Helder.

Entre muitos outros, salientamos ainda autores incontornáveis da cultura portuguesa como Frei Bartolomeu dos Mártires, Francisco Rodrigues Lobo, Francisco Manuel de Melo, António de Sousa Macedo, Francisco Sá de Miranda, Damião de Gois, Fernão Lopes, António Pereira de Figueiredo, Tomás António Gonzaga, Agostinho de Macedo, Alexandre Herculano, Guerra Junqueiro, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Gomes Leal, Wenceslau de Moraes, Manuel Laranjeira, Egas Moniz, Vitorino Nemésio, Fernando Namora, Pedro Homem de Mello, Vergílio Ferreira, Alexandre O’Neill, António Maria Lisboa, António Gedeão, ana hatherly. [via Livraria Manuel Ferreira]

AMANHÃ – DIA 21 DE JANEIRO (pelas 21 horas) e DIAS SEGUINTES

Catálogo(s) online - AQUI

A não perder.

domingo, 3 de janeiro de 2010

VOTOS PARA 2010



"Desejamos que os leitores, as livrarias e as editoras independentes resistam a mais um ano de bombardeamento dos grandes grupos"

Foto: Holland House Library (Kensington, Londres, Setembro de 1940). A livraria (onde agora funciona um teatro ao ar livre), construída em 1605 (por Sir Walter Cope), sofreu sucessivas investidas, desde a ocupação pelo exército de Cromwell (Guerra Civil) até à sua devastação pelos bombardeamentos (Blitz) da Luftwaffe na II Guerra Mundial. A curiosa foto (tirada por um fotógrafo anónimo para a agência Fox Photos), datada da manhã seguinte ao bombardeamento, mostra três homens, aparentemente descontraídos perante o caos instalado, a seleccionar e folhear livros que escaparam a mais um noite de terror. A livraria manteve-se em ruínas até 1952. [clicar na foto]

via Livraria Letra Livre, com forte abraço!

sábado, 2 de janeiro de 2010

ALMANAQUE REPUBLICANO: Historiografia Contemporânea Portuguesa de 2009


ALMANAQUE REPUBLICANO: Historiografia Contemporânea Portuguesa de 2009 - 10 Livros

"O homem não é uma inutilidade num mundo feito, mas o obreiro dum mundo a fazer" [Leonardo Coimbra]

O Almanaque Republicano, sopro de antiquíssimos cantares & memória saudosa da "forte gente", é um pouso aberto da alma republicana (qualquer que seja a sua viagem iniciática), um cântico largo aos "apóstolos de 5 de Outubro". Dada à luz por dois cavalleiros d’alma lusitana, mais que trabalho sobre a "pedra bruta" será sempre essa "virtude de posição" (R. Proença), esse locus de passagem, independente e liberta, esse ponto ou condição de "retrocesso ao seu princípio deslumbrado".

Para recusar a fadiga destes dies irae (culturais e políticos), diremos que, para V. caros ledores, nesta hora e pensamento nas comemorações do Centenário da República, entre nós habita o sonho interior da "República Nacional" (Sampaio Bruno) como padrão de vida ética e de tolerância, essa "cidade humana" fraterna e livre. Isto é, cumpre não esquecer a exaltação de um republicanismo como "conjunto de liberdades vivas" (R. Proença). Como será devido!

Como anteriormente – AQUI, AQUI e AQUI – regressamos, sem pretensões críticas ou conflitos de interpretações, aos textos e peças que, este ano findo, a historiografia contemporânea portuguesa publicou de mais marcante (...)

... a nossa escolha para 2009, que ocorre num período conturbado da nossa história, sendo a rememoração da Historiografia Contemporânea Portuguesa de 2009, será sempre para nós um devir, até porque "o que há de vivo na tradição não é no passado, mas no presente que existe", como diria Raul Proença. [J.M.M. - ler todo o texto AQUI]

Historiografia Contemporânea Portuguesa de 2009 - 10 Livros

1. História da Primeira República Portuguesa – coord. Fernando Rosas, Maria Fernanda Rollo (Tinta da China)
2. Vem aí a República! 1906-1910Joaquim Romero Magalhães (Almedina)
3. A Crise da República e a Ditadura MilitarLuís Bigotte Chorão (Sextante Editora)
4. Cunha Leal, Deputado e Ministro da República: um notável rebeldeLuís Farinha (Biblioteca da Assembleia da República/Texto Editora)
5. Estados Novos, Estado NovoLuís Reis Torgal (Impr. da Un. de Coimbra)
6. Afrontamento político-religioso na Primeira República: enredos de um conflitoAntónio Teixeira Fernandes (Estratégias Criativas)
7. As Mortes que Mataram a Monarquia – Luís Vaz (Via Occidentalis)
8. Henrique Tenreiro. Uma biografia políticaÁlvaro Garrido (Temas e Debates)
9. Candidatos da Oposição à Assembleia Nacional do Estado Novo: um Dicionário – Mário Matos e Lemos, coord. Luís Reis Torgal (Biblioteca da Assembleia da República/Texto Editora)
10. A Maçonaria e a Implantação da República: documentos inéditos [Simões Raposo/Carvalhão Duarte] – coord. Alfredo Caldeira e António Lopes (Grémio Lusitano/Fund. Mário Soares)

in ALMANAQUE REPUBLICANO

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009


2010 - FELIZ ANO NOVO

"Para ti, para que não julgues que a dedico a outra" [Almada]

"A doçura mata.
A luz salta ás golfadas.
A terra é alta.
Tu és o nó de sangue que me sufoca.
Dormes na minha insónia como o aroma entre os tendões
da madeira fria. És a faca cravada na minha
vida secreta. E como estrelas
duplas
consanguíneas, luzimos de um para o outro
nas trevas"

Herberto Helder - "Dedicatória"

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009



FELIZ NATAL!

HOT CLUBE


O reportório destes tempos infaustos, que são os nossos, todos os dias observa anacronismo curioso. Gasta-se farto cabedal em lindismos culturais para a canalha, sempre de fazer corar de inveja os nobres empresários made in sr. Van Zeller ou vibrar por genuflexão essas verduras neoliberais abundantes no mercado cultural indígena, que parecemos estar num respeitável e civilizado país.

Não existe um único autarca, bem estabelecido no ramo, que não lance tão alucinantes prebendas ou festividades na sua paróquia – como o pífio Red Bull, circuitos majestosos para gente fabulosa, incensuráveis jogatinas de futebol, desfile de putedos intelectuais pelas charnecas literárias ou artísticas, ranchos musicais autorizados pelo povo anónimo, e por ai fora -, delapidando a fazenda e o erário público, evidentemente sempre a bem dos paroquianos. Nunca ninguém viu o fundo desse original saco financeiro, pelo que deve ser de peso e sem medida.

Entretanto o património arquitectónico jaz em ruína, as ancestrais associações culturais restam em incrédulo esquecimento, as artes esvaem-se sem honra nem afronta e espólios inteiros "fogem" para o estrangeiro. O absurdo silêncio sobre esses destroços públicos, que envergonha qualquer alma civilizada, imortaliza os “nossos” intelectuais e políticos.

O Hot Clube, lugar de culto na divulgação & promoção do jazz, solicita há anos apoio a quem de direito para ter uma casa funcional e de conforto. Nada se conseguiu. Como sempre, tudo ficou por fazer. E agora, quando a situação é trágica e o "crime" não aproveita ninguém (ou não será assim?), o que fazer para limpar a inépcia do município e o disparate disto tudo? Esperemos.

ALFARRABISTAS



- texto publicado na revista Illustração Portuguesa, nº97, de 30 de Dezembro de 1907, pags. 862-864 [ler online na Hemeroteca Municipal]

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

DO PODER


"Nunca além do poder, se encarou o paiz; nunca o estado servio de ponto de apoio, do centro promotor do progresso individual e social. Tem-se empunhado o poder, como meio de acquisição de fins privados, de clientela: tem-se sido governo, mas não se tem governado.

A governação, tem sido convertida em uma espécie de Igreja militante, em que só são admittidos os iniciados nos mistérios da seita theocratica do poder, que fazendo-se a donatária exclusiva do paiz, se tem collocado, por esse exclusivismo mesmo, muito longe de poder governar, curando como lhe cumpria dos interesses públicos. Em semelhante modo de ser, taes interesses não podem ser attendidos; por que o interesse máximo de taes administrações, não pode ser outro, senão o interesse dessas parcialidades, de que fallamos; impor e sustentar uma situação anómala, em que as facções vigoram e dominam; em que o paiz enfraquece e se desmoralisa."

Francisco Joaquim de Almeida Figueiredo, in "Instrucção Publica e Governo", Lisboa, Impr. Commercial, 1854 [via off. de E. de Sousa, em bom papel e asseada edição]