domingo, 2 de março de 2008


Anúncio completamente grátis

V. Excia - evidentemente com autorização governamental - anda atulhado na vidinha, com pouca vibração para a avaliação do vizinho(a), tosse com frequência quando depara na TV com a Sra. Ministra da Avaliação ou o dr. Jorge Coelho? V. Excia - evidentemente com autorização governamental - recorre ao cardápio de moléstias quando sente afrontamentos e tonturas ao ouvir o sr. Albino Almeida falar dos "nossos filhos", caindo em abatimento prolongado, que nem os banhos de mar o aproveitam? V. Excia - evidentemente com autorização governamental – corre ao cozimento de figos ou a um chá de sabugueiro, quando um calafrio irrompe por todo o seu corpo quando, em caridade cristã, ouve o sr. Valentim Loureiro fazer copiosos elogios à Sra. Ministra da Avaliação? V. Excia, que não frequenta as "moutas" da literatura nem ornamenta a livraria - evidentemente com autorização governamental – tem arremedos de manifesta coqueluche todas as 3ª feiras da semana, na prelecção do sr. M. Sousa Tavares, e corre a aplicar um chá da Índia ou mesmo um cataplasma de mostarda nos pés, para o desejado tratamento?


... então não hesite. Contra o cansaço doloroso, sono agitado, calafrios insidiosos ou insónia Cavaco Silva - em casa, no escritório ou na escola -, eis que chegou: "O Xarope São João - o melhor para a tosse, bronchites e constipações". O único que não sugere comentários a V. Excia, aos comentadores e ao país. Compre já!

Typos Lvsitanus: o chefe par(a)lamentar

Arrasta consigo uma freguesia ardente, amanuense ou não, ainda dos bons tempos do Quartier Latin à Porta Férrea (Coimbra me mata!). As alegres criaturas que lhe cobiçam o lugar (olhem o sr. Vitalino Canas a sorrir), invejam-lhe a barba, a pose, a voz e as medalhas. Porém, a historiografia é o seu infortúnio. É que noutros tempos, o chefe par(a)lamentar fez brejeirices anti-fascistas com os camaradas de luta. A ocasião era, evidentemente, dos românticos. E, o nosso typo par(a)lamentar deixou de praticar há anos, quando contraiu a doença da maturidade. Traz atestados de bom porte democrático e distribui-os diariamente aos indígenas. Quer homenagem! Um pedestal no Largo do Rato e estátua na aldeia que o viu nascer. Confuso, admira-se por os seus exercícios venatórios da mocidade lhe caírem aos pedaços entre os amigos, conhecidos, simples cidadãos. Há coisas que não se esquecem! Tomem nota.

Ontem, durante o debate par(a)lamentar, o chefe par(a)lamentar vestiu a sua bela farda de chefe par(a)lamentar para interpelar o senhor Presidente do Conselho de Ministros, sugerindo que sua Excelência enchesse a boca de promessas de obras públicas indígenas. O engenheiro, nada mouco, após considerar que estava perante uma sábia pergunta, não se fez rogado. E zás, perfumou a paróquia de estradas macadamizadas, avenidas à beira-mar, autoroutes ligeiras, trens de aluguer. Tudo isso acompanhado pelo olhar de rara cobiça do sr. Mário Lino.

Eis como está a garagem política nativa. Um must!

Aviso à navegação

Aos varios estaminés, sujeitos muito bem ornamentados, blogs de passe & outros estabecimentos afins, queremos dizer - doucement - que nós por cá somos assim.

"Não ser de nenhuma seita e de nenhum partido, de nenhum club, de nenhum grémio, de nenhum botequim e de nenhum estanco, não ter escola, nem irmandade, nem roda, nem correligionários, nem companheiros, nem mestres, nem discípulos, nem aderentes, nem sequazes, nem amigos, é possuir a liberdade, é ter por amante a rude musa aux fortes mamelles et aux durs appas, cujo beijo clandestino e ardente põe no coração a marca dos fortes, mas requeima nos beiços o riso dos engraçados" [in Ramalho Ortigão, Farpas, VI tomo]

Inútil insistirem. Nós somos o dono da nossa manada. Façam, portanto, a fineza de encaixar as V. cabeças para onde foram talhadas.

Agradecido!

sábado, 1 de março de 2008


Os sapatos de Manuel Pinho

Manuel Pinho - o extraordinário ministro da Economia - foi à feira internacional de calçado de Milão e, pelo que espirituosamente nos diz, às compras de sapatos italianos. Presume-se que o "biqueiro" ministro estava com o fito de catrapiscar algum Prada sport línea, talvez um Ferragamo, quiçá um Gucci, ou até mesmo uns clássicos (os nossos preferidos) Dolce & Gabbana. Temos de lhe gabar o gosto, à falta de outros abonos. No intervalo das esmeradas compras, Manuel Pinho tinha ainda tempo de arrazoar sobre o calçado lusitano, levantando a tenda indígena em terras italianas. Fica sempre bem, para mais tarde recordar, afirmativas tresvariadas como estas:

"Eu vinha cá comprar sapatos italianos, mas fiquei tão impressionado com a qualidade dos sapatos portugueses que vou levar sapatos portugueses. Vinha comprar sapatos italianos porque têm um óptimo nome em termos de design".

Calamitosos tempos ... estes, para ministro! Passo!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008


A Manifestação

Os senhores professores acudiram à chamada da honra e da dignidade do seu trabalho e manifestaram-se em plena rua, às claras, sem ocultação. Não houve lugar a manobras ou tempos de substituição. Eram eles próprios.

Os senhores professores desafiaram sua excelência o eng. Sócrates, a cabeça intelectiva de Maria de Lurdes, a "ordem" estabelecida e a sabatina pretensiosa do sr. M. Sousa Tavares. Não foi demais!

Os senhores professores conhecem bem, porque conhecem, todos essas autorizadas figuras que (agora) tão sabiamente falam em educação e ensino. Na altura havia rigor, esforço e trabalho, existiam faltas e, pasme-se, até alunos e professores. Conhecem-nos, por isso - a todos esses antigos estudantes -, muito bem.

Os senhores professores e, presume-se, os cidadãos de Portugal, estão proibidos de se reunirem na via pública sem a devida autorização para tal. Muito bem! Mais de 3 (três) indígenas – a lembrar outros tempos – será, certamente, uma curiosa e honrada manifestação de indignação que não acolherá decerto o bom humor policial e a gramática do sr. Sócrates, mas dará certamente valor ao empenho e à dignidade de quem trabalha. Podem estar certos disso.

A SEDES

A nova (velha) SEDES, nascida nos seus tempos ociosos de 1970, acordou do leito onde dormitava repetindo os mesmos pensamentos e pesadelos de antanho. Quem pousa os olhos na última "tomada de posição" com que brindou os indígenas, tem a convicção que os srs. Rui Vilar, Miguel Gaspar, Morais Leitão, Artur Santos Silva, Ferreira do Amaral, João Proença (cof!cof!) e outras luminárias desta burilada epopeia da modernidade Sócratista, andavam muito folgados e necessitar de "movimento". O ar santo com que frequentavam a sinecura governativa era, afinal, um ilusório disfarce, uma roupagem desalentada, uma caluniosa deturpação. Os da nova SEDES nunca, jamais, lograram cair no erro, na cegueira, na má fé e na fábula de um Portugal desenvolvido, moderno & fraterno, a acreditar na magia ministrada pelo eng. Sócrates.

A rapidez com que os seus autores foram admoestados pelo inefável Vitalino Canas, seguido de perto pela comissão dos bons costumes do reyno, diz-nos bem do estado calamitoso ou o "difuso mal-estar" em que nos encontramos. Mas não era necessário. Porque tal evocação é coisa que em qualquer localidade, empresa, instituição, largo ou romaria, é sentida e dita à boca cheia. Mas, é evidente, que os senhores da SEDES não frequentam esses antros de má vida. E fazem bem! Que os deuses os salvem!

O Tolo

"... Tolo bom é aquele que faz o que lhe mandam, que é bem inclinado mas que, tirado desta carreira, tem cabeça de pedra e cal e nada mais compreende. Sempre muito metido consigo, pede o que necessita, não faz prejuízo aos outros e alguns há que até se condoem da pobreza alheia (...)

Tolo manso é aquele que não só não faz mal mas até nada faz; foge de tudo, de nada entende; come se lho dão; tudo para ele é novo; não tem na terra pena nem glória e, finalmente, vive reduzido ao pasmo de uma criança de dois anos (...)

Tolo por arte é o que tem mais juízo, porque justamente vive no mundo como a espadana na borda do rio que, quando é mais forte a corrente de água, dobra-se para ir com ela e quando esta não lhe chega, novamente se endireita e torna ao seu antigo estado (...)

Tolo presumido é o que morre nas mãos da sua vaidade, cuida que em toda a parte mata caça mas como não conhece o alvo, gasta debalde toda a sua pólvora. Em tudo fala, em nada acerta e até é tão confiado que presume saber o que lhe é vedado a ele e aos mais homens (...)

Tolo que em tudo se mete, tem a cabeça como uma selha de eirozes vivas. Andam-lhe as ideias sempre a ferver e a saltar. Se tem a mania de Picador é pouca a cerveja preta que vem de fora para as quedas que dá. Se presume de valente leva mais maçadas do que leva o milho na eira (...) Fala muito e sempre a quebrar o fio do falamprório, como linha podre quando se dobra (...)"

[José Daniel Rodrigues da Costa, in O Espreitador do Novo Mundo, 1802 (?), aliás, in O Almocreve de Petas, Lisboa, Estúdios Cor, 1974]

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008


Leilão Biblioteca Jorge de Brito - 19, 20 e 21 de Fevereiro

A ex-Colecção Comandante Ernesto Vilhena, Biblioteca Jorge de Brito, vai a leilão nos próximos dias 19, 20 e 21 de Fevereiro, pela nova firma "A Leiloeira" (Rua Agostinho Lourenço, 20 C - ao Areeiro, Lisboa). Trata-se de mais um notável leilão dessa valiosa e (quase) infindável colecção do Comandante Ernesto Vilhena, actual Biblioteca de Jorge de Brito.

O Catálogo para o leilão, que tem a pena do livreiro José Vicente (consultor da leiloeira para os livros e manuscritos), com peças raras e muito estimadas, pode ser consultado aqui.

A não perder.

domingo, 17 de fevereiro de 2008


Em Coimbra ...

Os Amigos da Cultura - Debate público - dia 20, Teatro Gil Vicente, 17 horas

Leonardo - revista de filosofia portuguesa

"Leonardo é uma iniciativa da mais nova geração da Escola da Filosofia Portuguesa. O que queremos significar é o seguinte: primeiro, que integramos uma tradição poética e filosófica que se iniciou com Sampaio Bruno e formalizou num "organon" principial com Teixeira de Pascoaes e Leonardo Coimbra na Renascença Portuguesa. Depois, surgiram os continuadores com a geração de José Marinho, Álvaro Ribeiro e, mais tarde, Orlando Vitorino, que desenvolveram a doutrina e sistematizaram as teses. A geração dos mais velhos está ainda representada por António Telmo (...)

Pertencer à geração da Escola da Filosofia Portuguesa exige um compromisso espiritual: é de sua livre opção que, todos nós, os da Leonardo, aceitam conviver em tertúlia segundo o magistério que vai de mestre a discípulo e que caracteriza a iniciação filosófica e literária assegurada sem interrupção, desde há 150 anos, ao longo das sucessivas gerações. Todos nós, os da Leonardo, ouvimos a palavra de viva voz de mestres e o que nos distingue é sermos heterodoxos e livres na exegese e na hermenêutica. Todos nós, cumprimos os requisitos que nos foram transmitidos por Álvaro Ribeiro, necessários á compreensão da filosofia portuguesa: acreditar em Deus e possuir, de alguma forma, formação esotérica (...)

Todos nós, os da Leonardo, cumprimos em diverso grau o segundo aspecto. O esoterismo não é ocultismo, nem se confunde com a paixão oriental. A operação é racional, ordinal e o teorema desenhável. O movimento é íntimo, individual e necessário à autognose. Sem tradição, ou seja, o que nos vem da herança, perde-se a razão da palavra e do verbo e inveja-se a ordem no mundo (...)"

[ler mais aqui - sublinhados nossos]

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008


Leilão Particular na Junta de Freguesia do Bonfim - amanhã pelas 15 horas

Amanhã, dia 16 de Fevereiro pelas 15 horas, decorre um Leilão Particular constituída por Raras Primeiras Edições de Garrett, Eça, Wenceslau de Morais, Eugénio de Castro, Pascoes, Pessoa, Sá-Carneira, Régio, António Botto, Almada Negreiros, Totga, etc. 888 Cartas de José Régio, 7 Cartas de Abel Salazar, e muito mais – no Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim (Porto), a cargo da Livraria Manuel Ferreira, do Porto.

Uma notável Biblioteca Particular vai à praça, hoje na cidade do Porto. Organizado pelo livreiro-antiquário Manuel Ferreira, da cidade do Porto, este leilão de raras edições literárias, que abarca os mais admiráveis poetas e prosadores portugueses, bem como um conjunto de cartas autógrafos de Abel Salazar e José Régio, é um evento de muita importância, dadas as valiosas peças em praça.

A não perder. Ver Catálogo aqui.

Temos andado ... assim!

"Non exiguum temporis habemus, sed multum perdimus"

Uma estucha a vidinha. De medonha que é não tem havido lugar, por estes lados, a recitações ou comentários da paróquia. Temos folgado da bloga! Andamos afastados dos campos estremecidos da poesis e da política paroquial. A miséria é tanta, a destruição tamanha, tão sólida e duradoira, que nos retirámos quase moribundos. A derrocada do país é total. E irremediável. Nunca tão poucos fizeram tanta ruína ... sozinhos. O sinistro cárcere que se instalou no reyno - por mais protestos de liberdade que existam – e o espectáculo vergonhoso da derrocada das instituições (e dos homens), é uma usurpação e uma maldição agonizante. O protesto, outrora radiante por tão bramado que era, resta hoje um tumulto que apenas arde nas nossas almas. A época das flores tarda. E curiosamente – tomem nota – falta ainda muito para o mês de Abril.

Mas – dizem alguns - a vida lá fora corre. E, na blogosfera, pelo que se vai sabendo, a paciente minúcia no arquejo da política destes tempos de trevas ou essa antiga & curiosa habilidade receituária de genuflexão ao(s) poder(es), exercício herdada da defunta União Nacional, são virtuosamente revelados por estes senhores e outros mais. Longe vai o tempo onde a bloga irradiava intelecto e elevação. Hoje a blogosfera, afogada que está em encómios aos diferentes raminhos partidários, é apenas um comércio político. Por isso, o roteiro, o aparato, a bizarria e o gosto (Oh! O gosto!!!…) da cantilena política oficial, o rinchar desse gentio bajulador (sem espinha vertical) e todos esses protagonistas das récitas Sócratistas, têm o "sabor decorativo" de outrora.

Paz às suas almas.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008


In-Libris – Livros de Janeiro

A In-Libris (Porto) apresenta para este mês de Janeiro, de novo, um conjunto de peças raras, esgotadas e de muita estimação de Albert Cim [Le Livre. Historique - Fabrication - Achat - Classement - Usage et entretien], Almada Negreiros [A Invenção do Dia Claro, 1921], António José Saraiva, António Maria Lisboa, Armando da Silva Carvalho, Avelar Brotero [Flora Lusitanica, ...], Camilo Pessanha, Eduardo Sequeira Beira Mar, 1889], Eloy do Amaral, Ezra Pound, Fernando Echevarria, Fernando Pessoa [ed. especial da Mensagem], Gastão Cruz, Fiama H. Pais Brandão, Jeronymo Cortez [Segredos da Natureza, ...], Luiza Neto Jorge, Pedro Dufour [História da Prostituição, ...], Pedro Veiga (Petrus) [Os Modernistas Portugueses], Rafael Bluteau, Raul de Carvalho, Visconde de Lagoa [Glossário Toponímico da Antiga Historiografia Portuguesa Ultramarina], lote de livros de culinária e gastronomia [como o Cozinheiro Completo, ou Nova Arte de Cozinheiro e de Copeiro, ..., 1849], a estimada História do Regímen Republicano em Portugal e uma rara obra da bibliografia surrealista mandada (re)editar por Cesariny de Vasconcelos e Cruzeiro Seixas: "Reimpressos Cinco Textos Colectivos de Surrealistas em Português de que são Autores" [Lisboa, Tip. Peres, 1971].

A consultar on line.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008


Cavaco & Sócrates, Cia Lda

O dr. Cavaco Silva, em mais uma formidável estopada sobre a ruinosa governação do sr. Sócates & amigos, em visitação extraordinária ao reyno, saiu-se, na sua prosaica vacuidade e a propósito da questão do Serviço Nacional de Saúde, das tropelias e malfeitorias do ministro Correia de Campos e da (ainda) indulgente crispação dos nativos sobre esse senhor, com um "acalmem-se", "vamos ao diálogo". A alegoria do dr. Cavaco, que não deve ter animado a estrivária dos paroquiandos, está longe da velha máxima da D. Constança – "Habituem-se! Vamos continuar" – pertença do sábio rosa, ao que dizem depositário do maior intelecto indígena, António Vitorino. Mas é do mesmo fino recorte.

O dr. Cavaco que se cuide! Depois do seu ardor estremecido pelo tricotado d'Alcochete, após a piedosa discursata sobre o putativo terrorismo que vem aí ao virar da esquina, o dr. Cavaco, nesta mãozinha dada hoje ao corpo ministerial socrático, arrisca-se a uma nova comoção dos indígenas, fartos desta inteligentzia doméstica. A afronta do dr. Cavaco & Sócrates, Cia Lda, é um atropelo ao bom senso e paciência de qualquer um. O folheto posto a circular pelo dr. Cavaco é um insulto, perante o descalabro total desta governação e deste país. O gentio começa a impacientar-se. Estão calados, por demais. Ninguém os vê sorrir. Ninguém os vê chorar. Vem aí borrasca! Quem ficar, que se cuide.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008


Almanaque Republicano – Actualização

"O Almanaque Republicano tem percorrido, em renovação espiritual, assuntos, factos e figuras, aditando, de passagem, notas biobibliográficas & recenseando obras admiráveis (...)

Tal inventariação assim desenhada, afastada a condição tarefeira do crítico/historiador (que não somos) ou o pretexto de devaneio de uma qualquer erudição (que não possuímos), não é (pitorescamente) um simples capricho de coleccionistas (sem dormir nocturno). Mas significa, pelo arquivo de fontes e pelo repertório apresentado a todos vós (e nós), a expressão do sentimento & gozo de (re)valorizar uma época das "mais interessantes da história da sociedade portuguesa contemporânea". Curiosamente, pelas várias crises (espirituais, culturais, económicas e políticas) então sustentadadas e nunca dirimidas, as conflitualidades de antanho parecem estar de novo a renascer no Portugal de 2007, tal a profusão de indícios a esse respeito. A "canibalização" (para utilizar uma feliz expressão de Miguel Real, in "A Morte de Portugal") política e a "humilhação" a que assistimos sugerem que não se tem em conta as figurações que os reiterados eventos da história nos legou. O que é espantoso! (...)"

[in Ano de 2007: os melhores livros - ler tudo aqui, aqui e aqui]

Como os tempos exigem memória(s), inspiração, desejo sobre o desejo (que a vidinha anda desenfeitada e algo escravizada pelo(s) poder(es) desta rapaziada iluminada que nos caiu sobre as nossas cabeças), o Almanaque Republicano, literatura farta que faz a forte gente, dá relevo (aqui, aqui e aqui), sem exaltação ou sustento, ao "Ultimato Inglês de 11 de Janeiro de 1890" e seus posteriores desenvolvimentos. E porque afinal, há que dizê-lo, "isto anda tudo ligado", presta-se a facultar biografias e bibliografias, notas e factos que se pode reunir. À vossa benevolente atenção, pois!

A ler e consultar o Almanaque Republicano. Sempre ao V. dispor!

Saúde e fraternidade.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008


In-Libris – Livros sobre Cultura Judaica

A In-Libris (Porto) abre o seu 1º Catálogo do ano com "um excelente lote de livros de recente aquisição sobre Cultura Judaica". Antigos e modernos, a temática Judaico-Portuguesa, Marranismo, História, estão aqui presentes.

Temos, assim, obras raras e estimados de Alexandre Herculano, Alexandre Teixeira Mendes, Anne London & Bertha Kahn Bishov [The Complete American-Jewish Cookbook], António José Saraiva, Cecil Roth, César da Silva, Charles Dellon, Damião de Góis, David Augusto Canelo, Elvira de Azevedo Mea & Inácio Steinhardt, Grace Aguilar, Herlander Ribeiro, João Pinto Delgado et al [Marrano poets of the Seventeenth century. An Anthology of the Poetry of ... Edited and translated by Timothy Oelman. s.d.], Mendes dos Remédios, Miguel Real, Moses ben Nahman [Commentaries on the Pentateuch], Nicolau Emérico [O Manual dos Inquisitores, Afrodite, 1972], Paul Goodman ["a edição é dedicada ao Yehidim e às pessoas idosas da congregação espanhola e portuguesa dos Judeus (Shaar Ashamaim)"], Raul Rego, Richard Zimler, Roberti Bellarmini [Polttiani. // Societatis Ieufu, // S.R.E. Cardinalis // Inftitutiones linguæ Hebraicae, poftremo // Recognitæ, ac locupletatæ. // Huie editione accefferunt Tabulæ duæe, quarum prima Hebraica linguæ elementa praecipua, altera vero omnium coniugationum tam analogarum quam anomalaram varieratem comprehendi:Item Linguae Syriacis characteribus edita. // Coloniæ Allobrogvm, // Apud Petrum de la Rouiere. // M. D.C. XVI.], Samuel Usque, Théodore Vibert [La race Semitique, 1883]

A consultar on line.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Discursos que "impõem respeito"



"Frases que impõem respeito"

"O que eu acho faraónico é fazer o aeroporto na Margem Sul, onde não há gente, onde não há escolas, onde não há hospitais, onde não há cidades, nem indústria, comércio, hotéis e onde há questões ambientais da maior relevância que é necessário preservar" [sr. Mário Lino]

"Até estou convencido que um aeroporto na Margem Sul JAMAIS teria o aval de Bruxelas, dadas as mesmas questões ambientais" [Ministro Mário Lino - Jornal de Negócios, 24/5/2007]

“O aeroporto na margem sul era o mesmo que transformar o Norte do Alentejo em Brasília” [Eng. Mário Lino – Jornal de Negócios, 24/5/2007]

"Para construir o aeroporto na margem sul era preciso transportar para lá milhares de pessoas" [Mário LinoJornal de Negócios, 24/5/2007]

"Um aeroporto na margem sul tem um defeito: precisa de pontes. Suponham que uma ponte é dinamitada? Quem quiser criar um grande problema em Portugal, em termos de aviação internacional, desliga o norte do sul do país" [padrinho Almeida Santos no final da reunião da Comissão Nacional do PS]

O Tratado preventivo e a carneirada

O sr. Sócrates, com o dr. Cavaco pela mão e o fodaz Barroso de permeio, entendeu não referendar o Tratado (dito) de Lisboa. Fez bem! Muito bem!

Sabe-se como é difícil explicar à carneirada do Largo do Rato qualquer retórica de teor constitucional (atente-se, apenas, no lustre intelectual do sr. Vitalino Canas, para ver a dificuldade de tudo isso) e imagine-se, portanto, o trabalhão que seria ensinar a gramática do Tratadus à canalha. Suspeitamos que nem o dr. Vital Moreira, agora afincadamente a labutar nas Novas Oportunidades Socratistas, conseguiria, mesmo com o auxílio (bestial) da labita do dr. Miguel Abrantes, dar conta do recado. Os indígenas lusos são admiravelmente analfabetos, deliciosamente insanos, inspiradamente discretos para a coisa pública. E ficam emocionados no acto referendário. Não o praticam. De todo!

Incapaz de analisar o que quer que seja - para as dúvidas e outras minúcias técnicas têm sempre à mão, entre outras prosas, a provisória opinião do dr. Júdice, a oração presidencial do dr. Cavaco ou a coluna enfatuada do sr. Henrique Monteiro -, o nativo português não distingue a substância do Tratado no meio daquele ajuntamento de palavras, perde-se nos capítulos, não vê a elevação de forma dos seus protocolos e corre as emendas como se estivesse num arraial. Tal maravilha hermenêutica justifica o serviço pátrio do Senhor Presidente do Conselho de Ministros. E a ordem expressa do governo da União Nacional, a todos os seus vassalos. Absolutamente!

Assim sendo, a aprovação preventiva do Tratado (dito) de Lisboa, pelos óptimos cús alapados no cadeiral de S. Bento, faz todo o sentido. Estamos, pois, com o sr. Presidente da União Nacional. Bem-haja!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008


In Memoriam Luiz Pacheco

"Pode-se gostar ou não gostar, de Pacheco; pode-se estimar ou odiar Pacheco - não se pode é ignorá-lo. Este sátiro de três ao vintém, libertino de extracção caseira; redutor da vulgaridade e da grosseria, alcoólico, intriguista maior, retirante de todos os sítios, lítera do sec. XIX, ressurrecto em truculência, saltimbanco, incongruente, inconsequente - fez da literatura um meio de vida e desta um universo próprio (...)

Aí está ['Textos Malditos'] a degradação de um certo viver quotidiano; a lucidez militante de uma criatura que recusa os prestígios fáceis; as tonterias de uma prosa singularmente ladina e asseada, quero dizer: viva e sem enxúndia; o traço de união entre a miséria e a gloria (...)

Luiz Pacheco é a antítese do caligrafismo, seja: bate-se contra a frase padreca de uma literatura se santões e de arcanjos de asa branca. A estória sem historinha, a dilaceração sem uma lágrima (...)"

[Baptista-Bastos, Diário Popular, 22/12/77]

Foto in jornal Público, com a devida vénia

Bons Dias

"Hão-de reconhecer que sou bem criado. Podia entrar aqui, chapéu à banda, e ir logo dizendo o que me parecesse; depois ia-me embora, para voltar na outra semana. Mas, não, senhor; chego à porta, e o meu primeiro cuidado é dar-lhe os bons dias. Agora, se o leitor não me disser a mesma coisa, em resposta, é porque é um grande malcriado, um grosseirão de borla e capelo; ficando, todavia, entendido que há leitor e leitor, e que eu, explicando-me com tão nobre franqueza, não me refiro ao leitor, que está agora com este papel na mão, mas ao seu vizinho. Ora bem! (...)

Feito esse cumprimento, que não é do estilo, mas é honesto, declaro que não apresento programa (...)

Portanto, bico calado. No mais é o que se está vendo; cá virei uma vez por semana, com o meu chapéu na mão, e os bons dias na boca. Se lhes disser desde já, que não tenho papas na língua, não me tomem por homem despachado, que vem dizer coisas amargas aos outros. Não, senhor; não tenho papas na língua, e é para vir a tê-las que escrevo. Se as tivesse, engolia-as e estava acabado (...)

Boas Noites"

[Machado de Assis, in Diálogos e Reflexões de um Relojoeiro, Ed. Civilização, Rio de Janeiro, 1956 - sublinhados nossos]

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007


Leilão da Biblioteca de Diogo e José Bayolo Pacheco de Amorim – II sessão

Hoje pelas 21 horas decorre o segundo dia do Leilão da Biblioteca dos Professores Doutores Diogo e José Bayolo Pacheco de Amorim, que está a ser organizado pela livraria de Luís Burnay, conforme aqui dissemos.

Algumas referências: Iardim da Sagrada Escriptura ..., de Fr. Cristóvão de Lisboa, 1653 / Livro de Marinharia. Tratado de Agulha de Marear de João Lisboa, 1956 / Chronica del rey D. Pedro I, ..., de Fernão Lopes, 1760 (2ª ed.) / O Veo levantado, ou o Maçonismo desmascarado; ..., anónimo [José Agostinho de Macedo], 1822 / O Segredo Revelado ou a Manifestação do Systema dos Pedreiros Livres, ..., de José Agostinho de Macedo, 1809 / Príncipes d'Économie Politique ..., por T.R. Malthus, Paris, 1820 (1ª ed. francesa) / [Ms] Livro de Horas. Igreja católica. Liturgia e Ritual, sec. XV / Manvale Secvndvm. Ordinen almae Bracarensis Ecclesiae, 1562 (of. António Mariz) / Poblacion General de España ..., de Rodrigo Mendez de Silva, Madrid, 1675 / Dicionário Geographico das Províncias e possessões portuguezas no Ultramar, ..., por José Maria de Souza Monteiro

terça-feira, 11 de dezembro de 2007


Hoje - Leilão da Biblioteca de Diogo e José Bayolo Pacheco de Amorim

Vai hoje e amanhã a leilão – Hotel Roma (sala Veneza) pelas 21 horas - alguns livros antigos e manuscritos da Biblioteca dos Professores Doutores Diogo e José Bayolo Pacheco de Amorim, organizado pelo livreiro-antiquário Luís Burnay.

A magnífica e valiosa biblioteca, com importantes e raras peças setecentistas e oitocentistas, de um classicismo invejável, a par de um precioso lote de manuscritos do século XV a XVII, é absolutamente notável. Daremos conta das peças a leilão para o dia de amanhã (12 de Dezembro)

Um leilão notável e a não perder.

Leilão – Pintura Moderna e Contemporânea

No próximo dia 13 de Dezembro (21.30h) na rua de Santo António à Estrela, 31B (Lisboa) vai decorrer um Leilão de Pintura Moderna e Contemporânea, a cargo da Leiria e Nascimento. Apresenta quadros de Álvaro Lapa, Antoni Tapiés, António Martinez, António Saura, António Soares, Artur Bual, Artur Loureiro, Artur Varela, Augusto Barros, Cândido Costa Pinto, Carlos Botelho, Cesariny de Vasconcelos, Costa Camelo, Domingos Pinho, Domingos Rego, Guilherme Parente, Henrique Tavares, Isabel Laginhas, J. J. Ramos, Jorge Barradas, José de Guimarães, Júlio Pomar, Júlio Resende, Leonel Moura, Luis Neuparth, Maria Fernanda Amado, Manuel Gregório Pereira, Mónica Morais, Noronha da Costa, Onik Sahakian, Rocha Pinto, Stuart Carvalhais, Vieira da Silva, entre outros.

O Catálogo ser consultado on line.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007


Noite Marinheira

"A ternura é húmida" [Raul Brandão]

Afonso Duarte disse num poema:"vive-se de olhar uma flor/contar-lhe as pétalas". Estamos exaustos dessa preguiça demorada. Que o amor não me engana. Viemos compor a seiva da língua, (des)prender a manta, embaraçar o silêncio e voltamos de novo.

"Muito à flor das águas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira
"

Para quem levanta a cabeça, sem esquecimento. Para quem demora o olhar, pelo mar fora. Para quem o segredo morre sem grito ... nesta noite marinheira vos damos

Frei Fado d'El Rei - Que o amor não me engana


Boa Noite!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007


Catálogo da Livraria Manuel Ferreira

Saiu o LXXXVI Catálogo de Livros raros e Esgotados da Livraria Manuel Ferreira (Rua Dr. Alves da Veiga, 89, Porto). Peças estimadas e curiosas, edições quinhentistas, manuscritos setecentistas, raros folhetos, alvarás, peças curiosas e invulgares sobre Tabacos e Vinhos, colecção dos Inventários Artísticos de Portugal, Monografias, História, Teatro, etc.

Algumas referências: D. AVRELII AVGVSTINI HIPPONENSIS EPISCOPI ..., de Santo Agostinho, 1546 / Dicionário de citações, de A. Tenório de Albuquerque, Rio Janeiro, 1957-1960, VIII vols / Conjunto curioso de Alvarás setecentistas / Conjunto estimado de Manuscritos [Documento históricos sobre o Brasil assinados pelo Marquês de Pombal; Bulas e Graças Concedidas à Ordem de S. Jerónimo / Imposto do Subsidio Literário em Viana do Castelo / ...] / Homens de Outros Tempos, por J. M. Teixeira de Carvalho, 1924 / Guignol's Band, de Celine, 1944 / Congresso Internacional de História dos Descobrimentos. Actas, Lisboa, 1961, VII tomos / Chroniques Chevaleresques de L’Éspagne et du Portugal ..., de Ferdinand Denis, 1839, II vols / Os Primórdios da Maçonaria em Portugal, de Silva Dias, 1986, II vols em 4 tomos / A Capella de Santo Abdão na Correlhã (Ponte de Lima), de Luís de Figueiredo Guerra, 1924 / História da Literatura Portuguesa Ilustrada, dir. Forjaz de Sampaio, 1929-42, IV vols / O Estado e a Revolução do Direito, por Campos Lima, 1914 / Pólvoras. Explosivos Modernos e suas Aplicações, de Luís Mardel, 1893-96, II vols / D. Carlos. História do seu Reinado, de Rocha Martins, s.d. / Reflexões sobre o Pauperismo ou as Classes Indigentes da Sociedade, por José Borges Pacheco Pereira, Braga, 1857 / O Algarve (Notas Impressionistas), por Júlio Lourenço Pinto, 1894 / Obras de Eça de Queiroz (ed. do Centenário), Lello & Irmão, 1946-48, XV vols / A Velha Casa, por José Régio, 1945-73, VI vols / O Século. Número Extraordinário Comemorativo do Duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal, Lisboa, 1940

And Now Something Different

"Dê um coice no mundo e passará a viver com ele no melhor dos entendimentos" [Swift]

Há governos maus, outros demasiado infames. Uns são seriamente decadentes, outros piedosamente manipuladores. Há governos com o vício do disparate, outros são calamitosos de tanta soberba. Alguns não caem nas boas graças dos indígenas, outros ficam nas mãos dos lacaios partidários. Há governos curiosamente fanáticos, outros nem vergonha têm de esconder esse luxo, da idiotia nativa. Uns são incompetentes por nada fazerem, outros ineptos por tudo controlarem. Há governos laboriosamente reaccionários, outros usam cínicas terapias reaccionárias para enganarem e dominarem. Alguns zelam pouco pelo Estado, outros vivem a obrar virtuosas bravatas sobre o Estado. Há governos que têm a inocente arte de cair no espectáculo da política, outros vivem para ilusão e para elogio do seu próprio espectáculo. Alguns são trapalhões, outros pastam numa trapalhada de doutas opiniões. Mas todos bem animados e sempre, como sabem dizer, a Bem na Nação. Foi sempre assim, sempre assim será. O velho Botas de S. Comba deixou-nos bons e curiosos herdeiros. Sem nenhuma dúvida.

O que há de novo no governo doméstico do sr. Sócrates & Cia, e que não ensombra ou atropela as historietas de antanho, é que todo esse novo cobertor - da destruição organizada, da incompetência generalizada, da admoestação pífia, da arrogância funcional, da ameaça e humilhação, da submissão abjecta -, virtuosamente puxado por um grupelho de falsários "reformadores", consegue tudo isso ao mesmo tempo. As últimas semanas revelaram, ainda mais, a esquizofrenia dessa emproada gente e o fantástico espírito com que governam a paróquia. E a miséria moral do país e de todos nós.

Idiotia & Felicidade

"Como pode ser-se idiota e, ao mesmo tempo, feliz (...)

Pois explico já. A idiotia e a felicidade são ideias muito vagas, difíceis de cingir em conceitos de circulação universal, digamos. Mas, pensando melhor, acho que certa idiotia é susceptível de conferir ao idiota seu proprietário (ou seu prisioneiro) uma espécie de segurança em si própria que o levará, em determinados momentos, julgo eu, a uma beatitude muito próxima do que se pode chamar estado de felicidade (...)

Não se espante, por conseguinte, o leitor de que um qualquer idiota possa, ao mesmo tempo, ser feliz. É, até, assaz corrente. Há idiotas que se consideram inteligentíssimos, o que é uma forma muito comum de idiotia, e extraem dessa certeza alguma felicidade, aquela maneira de felicidade que consiste em uma pessoa se julgar muito superior à que a rodeiam (...)

Os idiotas, de modo geral, não fazem um mal por aí além, mas, se detêm poder e chegam a ser felizes em demasia podem tornar-se perigosos. É que um idiota, ainda por cima feliz, ainda por cima com poder, é, quase sempre, um perigo ..."

[Alexandre O'Neill, Idiotia & Felicidade, in "Uma Coisa em Forma de Assim", 1985 - sublinhados nossos]

domingo, 25 de novembro de 2007


Letra de Forma

"... Letra de Forma será uma página de crítica e opinião, prosseguindo no espaço digital aquela que foi a minha actividade na imprensa ao longo de muito anos. Como tal, e de acordo com a defesa que sempre fiz de que a crítica deve ser também uma actividade profissionalizada, este espaço, diferentemente da generalidade dos blogs, é também ele feito numa base profissional. De algum modo, aliás, retomam-se assim questões que tem vindo a suscitar importantes controvérsias sobre as relações dos espaços críticos na imprensa e nos blogs, e sobre se eventualmente estes estão a contribuír para o definhamento de tais espaços no meio imprenso. O anacronismo do título, Letra de Forma, é também uma resposta pessoal: aqui se escreverá tal como na imprensa, interessando menos, mesmo muito pouco, algumas das interacções características da blogosfera ..."

[Augusto M. Seabra, in Uma página de crítica - ler mais aqui]

O final deste infausto ano, que não deixa saudades tão merdoso que foi, ensaia subtis venturas futuras. A chegada de Augusto M. Seabra à blogosfera – sempre muito afoita por lindismos políticos mansos com o poder – é uma boa notícia. Uma óptima notícia.

Leilão - Photographs, Rare & Photography Books and Advertising Art

Novo leilão, já devidamente anunciado pelos jornais [ver Público de 23/11/07] e que tem entusiasmado os amadores de fotografias e bibliófilos, da Leiloeira Potássio4 [Rua dos Navegantes, 16] no dia 6 de Dezembro próximo, a cargo de Luís Trindade.

Um conjunto de peças de colecção, valiosas e de enorme raridade, desde uma curiosa foto do Paço das Escolas da Universidade de Coimbra (1870), uma fotografia de Sarah Bernhardt com dedicatória a Silva Pinto, um conjunto valioso de fotos de Fernando Pessoa e familiares, a tão conhecida foto do poeta F. Pessoa acompanhado pelo jornalista Augusto Ferreira Gomes descendo o Chiado, o manuscrito (definitivo) de Indícios de Oiro de Mário de Sá-Carneiro, livros de recortes que pertenciam a Mário de Sá-Carneiro, os dois primeiros exemplares da revista inglesa Blast [1914] em que participaram T.S.Eliot e Erza Pound, um livro hermético do sec. XVI [De Secretis Libri XVII Ex varilis Authoribus collecti ..., de Johann Jacob Wecker, 1582] que estava na posse de Fernando Pessoa, vários e curioso cartazes editados pelo Estado Novo, fotografias de Sebastião Salgado. O Catálogo pode ser consultado on line.

A não perder.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Esta Noite ... estivemos (quase) assim!

"Antes do começo
Antes do nenúfar da origem ...
" [Ernesto Sampaio]



[descoberta feita por entre as "coléras da noite" e a "sombra dos olhos", via A.S.F.]

Ysabella ... Gracias

Boletim de Novembro da Livraria Moreira da Costa

Saiu o Boletim de Novembro da Livraria Moreira da Costa (Rua de Avis, 30, Porto). Peças raras, estimadas e curiosas de/sobre Camilo, Revistas Literárias, Monografias, História, Literatura, etc. Pode ser consultado on line.

Algumas referências: Diccionario Exegético que Declara a Genuína, e própria significação dos vocábulos da LINGUA PORTUGUEZA, adoptados unicamente pelos Sabios da Naçaõ ..., por Francisco Luiz Ameno, 1781 / O Aristarco Portuguez. Revista Annual de Crítica Litteraria. Coimbra, Impr. Univ. 1868 / Homenagem a Camilo no seu Centenário, de António Baião, 1925 / O Século e o Clero, de João Bonança, 1872 / Camillo Homenageado. O Escriptor da Graça de da Belleza, Famalicão, 1920 / O Mosteiro de S. Marcos, de J. M. Teixeira de Carvalho, 1922 / O Romance d'um Homem Rico, de C. C. Branco, 1861 / Cidade Nova. Rev. Coimbra, I série, nº1 (Set. 1949) à VI série, nº1, (1959) / Os Ratos da Inquisição, de António Serrão de Castro, 1883 / Iniciação à Bibliofilia, por João José Alves Dias, 1994 / Camilo e as Caturrices dos Puristas, de Eduardo José Pinheiro Domingues [João Curioso], Rio de Janeiro, 1924 / Camillo Castello Branco e Silva Pinto, ..., Lisboa, 1918 / A Astronomia Moderna e a Questão das Parallaxes Sideraes, por Henrique de Barros Gomes, 1872 / L'Illsustration Horticole. Journal special des Serres et des Jardins, ..., 1855-1869, XIII vols / Journal des Jornaux de La Comune, ..., 19 Mars au 24 Mai 1871, Paris, Garnier Frères, 1872, II vols / Dolos, Homens & Bestas, de Joaquim Madureira [Braz Burity], Porto, 1931 / Essai sur la Tactique de L'Infanterie, ..., por Gabriel Pictet, Geneve, 1761, II vols / Codigo Pharmaceutico Lusitano ou Tratado de Pahrmaconomia, ..., por Agostinho Albano da Silveira Pinto, Coimbra, Impr. Univ., 1841 / O Professor Maximiano Lemos, por Alberto Saavedra, Porto, 1923 / O Pensamento de Salazar, Ed. SNI, 1944-1966, XXX fasc. / D. Miguel I, obra anónima [António Ribeiro Saraiva] c. pref. José Agostinho Macedo, Lisboa, 1829 / Iniciação. Cadernos de Informação Cultural, de Agostinho da Silva, 1940-43, XI fasc.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O TRABALHO

 
"- Como está a sair o trabalho?

- Uma merda!, diz o escritor-que-detesta-escrever com a náusea de quem está positivamente farto da amante.

Mas não está.
"

[Alexandre O'Neill, Achegas para a compreensão do caso de o-escritor-que-detesta-escrever, in "Uma Coisa em Forma de Assim", Presença, 1985]

quinta-feira, 15 de novembro de 2007


In-Libris – Livros de Novembro 2007

Mais livros disponíveis este mês na In-Libris (Porto).

Apresenta obras estimados de literatura, monografias portuguesas, culinária, gastronomia e tabaco, revistas, apresentando curiosas peças de Al Berto, Alexandre O’Neill, Aquilino Ribeiro, Camões, Cruzeiro Seixas, Dante Alighieri, João Cabral de Melo Neto, Jorge de Sena, Júlio Dantas, Leite de Vasconcelos, Luiz Pacheco, Ovídio, Rebello da Silva, Trindade Coelho, Vergílio Ferreira, Vicente Aleixandre, etc.

A consultar on line.

A comissão política reunida

"A democracia seria ideal se não tivesse sovaco; tudo! tudo, menos tal cheiro de suor honrado" [Paula Ney]

Conforme rezam alguns escribas mais afoitos, parece que hoje reuniu a Comissão Política Nacional dos amigos do sr. Sócrates. Os bravos e alegres folgazões que adornam tal comissão de festas andavam muito folgados: há três meses que não aliviavam o espírito socialista do sr. Presidente do Conselho de Ministros.

Os nativos andavam, por isso, pesarosos. Com muita razão. Nestes dias passados não se ouviu mais o riso do dr. José Lello – puro, cintilante e vicioso – o que dá sempre matéria para qualquer croniqueta proveitosa. Não voltámos a conhecer o génio venatório do sr. Vitalino Canas (até agora) e nem mesmo brotou (salvo ... seja!) qualquer invulgar suspiro da dr. Edite Estrela, evidentemente para enobrecer os indígenas filiados na agremiação. Enfim, três santos meses em que não se ouviu tartamudear nenhum "bem-haja! sr. Presidente do Conselho de Ministros".

Adivinhou-se, portanto, neste encontro festivo, a ocasião (assim consta, pelo gorjeio de Vitalino Canas) para cintilar a tremenda luz operária do sindicalista João Proença. Até mesmo se pode antever o ecoar da voz possante de Marcos Perestrello, coisa que terá encantado, decerto, os infaustos comissionistas; do mesmo modo, amanhã saberemos o efeito do ardente eco político dessa inolvidável figura que é Miranda Calha. Ou humedeceremos com a presuntiva lição oratória do ex-estudante Alberto Martins, agora a banhos no seio socrático, que não se negará à empolgada assistência.

Entretanto nas soçobradas Concelhias, sem o arrimo de outrora e convulsas de terror socrático, alguém apontará a impostura daquilo tudo. Mesmo que o dr. Vítor Ramalho se afadigue em juras públicas socializantes, sente-se e ouve-se por todo o lado vitupérios sem fim. O vernáculo regressa em força, pois o hálito da rosa anda fétido. E ninguém correu a avisar o dr. Jorge Coelho. Não há direito. Ingratos!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007


1º Boletim Bibliográfico da Livraria Antiquária do Calhariz

Saiu o 1º Boletim Bibliográfico da Livraria Antiquária do Calhariz, de José Manuel Rodrigues (Largo do Calhariz, 14, Lisboa). Peças estimadas e raras (muitas referentes ao Brasil) de História, Genealogia, Poesia, Romance, Ensaio, Monografias, um conjunto de curiosos Alvarás brasileiros do sec. XIX, revistas literárias & muito mais.

Algumas referências: Engomadeira, de J. Almada Negreiros, 1917 / Poezias de Pedro de Andrade Caminha, Lisboa, 1791 / Árvore. Folhas de Poesia, 1951-53, V vols / Adereços Endereços, de J. Carlos Ary dos Santos, 1965 / Estado Actual das Pescas em Portugal, Lisboa, IN, 1891 / O Capitalismo Moderno e as suas origens em Portugal, por Bento Carqueja, 1908 / Os Jardins ou a Arte de Aformesear as Paisagens, trad do poema de Mr. Delille por Barbosa Bocage [ed. Impr. Régia do Brasil], 1812 / Motivos de Beleza, de António Botto, 1923 / História de D. Pedro II, por Pedro Calmon, Rio de Janeiro, 1975, V vols / Os Caminheiros e Outros Contos, de J. Cardoso Pires, 1949 / Obras invulgares e raras de C. C. Branco [A Filha do Arcediago1854; Archivo Bibliographico, nº1, Jan 1895 ao nº14, Fev 1896, XIV numrs; Esboços e Apreciações Litterarias, 1865 / O Caleche, por C. C. Branco (raro), etc.] / Revista de Ex-Libris Portuguezes, dir. Castro e Solla, 1916-1927, VI vols / Alguns Mitos Maiores, de M.C. Vasconcelos, 1958 / Conversa de Rotina, de Rui Cinatti, 1973 / O Criacionismo, por Leonardo Coimbra, 1912 / Colecção de Opúsculos relativos à Historia das Navegações ..., Lisboa, Acad. Real Sciencias, 1944 e 1955 / Contraponto. Cadernos de Critica e Arte (nº1 de 2 numrs), 1950 / Critério. Revista mensal de cultura, 1975-76, VIII numrs / Tanto, de Saul Dias, 1932 / Fel, por José Duro, 1898 / O Manuscrito na garrafa, de Daniel Filipe, 1960 / Graal, rev dir. Couto Viana, 1956-57, IV numrs / Apresentação do Rosto, de Herberto Helder, Ulisseia, 1968 / Pecado, de Pedro Homem de Mello, 1942 / Alma Errante, de Eliezer kamenezky, 1932 / Erro Próprio, de A. Maria Lisboa, 1962 / Exercício sobre o sonho e a vigília de Alfred Jerry, de A. Maria Lisboa. s.d. / Litoral, rev mensal cultura, dir. Carlos Queiroz, 1944-1945, VI vols / Variedades sobre objectos relativos às Artes, Commercio e Manufacturas, por José Accursio das neves, 1814-17 / Revista Oceanos, nº1 ao nº 49 / Obras várias de Luiz Pacheco / Apenas uma Narrativa, de António Pedro, 1942 / Historia de Portugal nos sec. XVII e XVIII, por Rebello da Silva, 1860-71, V vols

sábado, 10 de novembro de 2007


Norman Mailer [1923-2007]

"Estamos todos gozando sem fruição, um gozo sem prazer, quantitativo. Antes, tínhamos passado e futuro; agora, tudo é um enorme presente" [N. Mailer]

Nascido em New Jersey nos tempos idos de 1923, Norman Mailer, ao longo da sua vida de controvérsia, de rebeldia e, ao mesmo tempo, de curiosa boémia, fez de tudo um pouco, enchendo de assombro os desarvorados indígenas americanos (e não só).

Este auto-intitulado "conservador de esquerda", engenheiro industrial, jornalista ou contador de estórias (no que dá no mesmo), tropa nada embaraçado no II G. M., estudante da Sorbonne, comentador político (do american way of life) sem pasmo mas de riso civilizacional (coisa que entretanto desapareceu na bruma do politicamente correcto), chauvinista militante e femeeiro encartado, novelista ácido, biógrafo de altos astrais, violento no trato e no corte-e-costura cavalheiresco ["Once more, words fail Norman", disse uma vez Gore Vidal, depois de ser agredido por Mailer, que lhe tinha chamado isso mesmo ... "violento"], ensaísta e romancista, bebedor sempre virtuoso, teatrólogo e escriba de roteiros fílmicos, morreu hoje, com 84 anos. Intensos, eloquentes, brutais. Como deve ser.

Até sempre Mailer!

sexta-feira, 9 de novembro de 2007


Leilão de Livros e Manuscritos – dias 12,13 e 14 Novembro

Vai a leilão um conjunto de Livros e Manuscritos valiosos e muito estimados nos dias 12, 13 e 14 de Novembro (sempre pelas 21 horas) - no Amazónia Lisboa Hotel (ao Jardim das Amoreiras), em Lisboa -, organizado pelo livreiro & leiloeiro Pedro Azevedo.

O magnífico e luxuoso Catálogo publicado por Pedro Azevedo para o leilão revela um conjunto assinalável de peças raras de Bibliografia, Folhetos vários, História, Genealogia, Literatura, Revistas e Periódicos, bem como um lote de importantes Manuscritos. E, como sempre, os lotes vêm descritos no Catálogo com notas biobibliográficas preciosas, que fazem a felicidade do amador de livros.

Um leilão notável e a não perder.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007


Almanaque Republicano - Primeiro Aniversário

"Alma! Eis o que nos falta. Porque uma nação não é uma tenda, nem um orçamento uma bíblia". [Guerra Junqueiro]

Faz hoje um ano que lançámos o Almanaque Republicano. Exemplar único da Alma Republicana, na blogosfera indígena. Pouso de genuína "ascendência portucalensis". Lugar dum tempo de antiquíssima saudade, e que em boa hora retomámos em merecida ventura. Eis, passado um ano, o canto, a gesta e a demanda admirável de uma "geração sonhadora, generosa e messiânica", como aqui dissemos.

(…)

Na nossa incursão à Alma Republicana surge, por isso, um abraço humílimo, restaurado, ao antiquíssimo cantar do "espírito lusitano" que a tradição fez sorrir. Os "nossos antigos" [Antero] não morreram, mas ainda não estão. Por isso continuamos em "velada d'armas". O Édito dessa anunciação ainda é o rasto do nosso versejar. Ainda é o alento que rompe sombras, "pois não há sono no mundo" [F. Pessoa].

E por isso temos tenção de continuar. Entretanto um abraço.

in Almanaque Republicano

quinta-feira, 1 de novembro de 2007


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V. Excia anda irritadiço com a sua situação financeira e os situacionistas da União Nacional, sente arrepios de frio socrático correndo na espinha quando depara na TV com a bestial figura de Jorge Coelho e vocifera em espirituosa abundância na leitura das ordenanças da Sra. Ministra da Instrução? V. Excia sente-se advertido, por amor da Europa e pela pia caridade do sr. José Miguel Júdice, com as prevaricações por si feitas ao Exmo. Senhor Presidente do Conselho de Ministros e teme pelo seu mísero lugar e dos seus, tanto como se comove com um discurso do sr. Alberto Costa? V. Excia sente um frémito de medo a invadir-lhe o escritório e a casa, pressentindo o roçar do espectro do agente do SNI, o dr. Augusto Santos "Chávez", que sobre as janelas misteriosamente voa? V. Excia, agora apático, titubeante e um pouco madraço, faz tenção de deambular em liberdade e sem tristes lembranças pela sua própria casa, sem ser incomodado pelos espias da governança e o horror de ouvir a voz e o suspiro do sr. M. Sousa Tavares?

... então não hesite. Contra olhares errantes, fugidios, insidiosos ou contra a propaganda do governo ou do DN, em sua casa ou na da vizinha, eis que chegou: "Stores Confortâble". Os únicos que dão felicidade a V. Excia e ao país. Compre já!

Temos andado ... assim!

... a cavalgar o mundo, perdidos nas distâncias e nas almas. Parecemos lobos em deserto puro. Mas não muito! Fugimos à nova noite negra política que se instalou definitivamente entre nós. Não temos nada a dizer, não temos nada a contar. Não adormecemos ainda mas também não vemos o sol. Estamos cansados de estar cansados. De nós, todo "o destino é insuportável". A canalha já pouco nos importa e as manobras de todos vós não deixam de ser um raminho de dia de defuntos. Podem ser assunto civilizador mas o relógio da vida está parado. Sempre, e continuadamente, parado. Quisemos descansar de tanto palavreado inútil, de tanta propaganda pífia, de tanta soberba. Por isso só nos ocorre esse lugar-comum quanto exacto: temos a vida e os governantes que merecemos.

Mas estamos de volta. Para o que der e vier.

Bom dia!