segunda-feira, 21 de abril de 2008


Leilão de Livros, Manuscritos e Obra Gráfica - 22 e 23 de Abril

A novíssima Leiloeira "Renascimento" põe à venda – amanhã dia 23 de Abril, seguindo dia 24 – um estimadíssimo rol de livros, manuscritos e obras gráficas, de invulgar e rara oportunidade para bibliómanos. Do Catálogo, elaborado por José F. Vicente e que é composto por importantíssimos peças literárias, destacam-se um conjunto apreciável de revistas literárias e obras únicas (e raras) de quase todos os maiores e mais admirados escritores e poetas lusos.

Esta invulgar colecção que vai à praça – na rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro), nº 20, pelas 21.30 horas -, pela sua riqueza literária, marca o aparecimento desta nova leiloeira e traz a felicidade dos amantes dos livros e obras raras.

A não perder. Ver Catálogo aqui.

Uma entrevista lamentável

O inefável António Ribeiro Ferreira [ARF], desocupado da lide informativa, entendeu apadrinhar uma entrevista zelosa à senhora Ministra da Educação. O sr. ARF deu à luz um conjunto de disparates, com o conúbio de Maria Lurdes Rodrigues [MLR], sobre o sistema educativo, a organização escolar e o trabalho de professores e alunos, inenarrável. A declaração de interesses final do senhor jornalista é elucidativa. Sem o mínimo estudo, instrução e percepção sobre o assunto, o sr. ARF faz mau jornalismo, como quase todos os que se metem nessa aventura de opinar sobre a educação e o ensino – e são já muitos, desde os putativos comentadores dos jornalecos indígenas àqueles que, largamente, militam fantasiosamente na blogosfera.

Cuida o sr. ARF, e cuidam todos os comentadores que tricotam admiráveis prosas sobre o ensino, que os professores são meros funcionários administrativos - seres desprezáveis e de vida fácil – sem labor profissional, cultural ou intelectual. Cuida o sr. ARF, e cuidam todos os comentadores de testada altiva, que os cursos e diplomas que os professores (orgulhosamente) exibem e nos diversos ramos do saber, não lhes servem para nada. E que qualquer ARF ou ministra da educação podem soluçar, jubilosamente, autorizadas apreciações sobre a docência, o ensino e a educação pública, sem nenhum contraditório. Cuida o sr. ARF, e cuidam todos os comentadores investidos de idiotas toleimas, que os professores são meros papagaios transmissores/reprodutores do conhecimento cientifico, sem discurso, exercício e acção pedagógica visível e que, na sua natureza educacional, só debitam aquilo que (presumidamente) na folclorização das faculdades aprenderam. E que qualquer ARF ou ministra da educação podem, em piramidal discursata e em aleluias de ruído gratuito, passar atestados de imbecilidade a docentes, que ao longo da sua profissão têm feito inúmeros (e, por vezes, inenarráveis) investimentos culturais, formativos e pedagógicos, conforme a tutela e a administração escolar muda de humores. Cuida o sr. ARF, e cuidam todos os ofegantes comentadores afectados pela "inteligência" ministerial, que o debate e o conflito que reina e persiste no ensino público e na educação não vai deixar sequelas insanáveis entre docentes (ofendidos e injuriados que estão a ser) e os seus grosseiros detractores. Cuidam – caso curioso -, mas enganam-se!

Da lamentável entrevista ficam aqui, apenas, duas singelas questões, que persistem no enrodilhar da argumentação ministerial. Dado o alvoroço revelado na entrevista e pela montra das adulterações feitas no que se disse, não tínhamos, nem espaço nem paciência para mais. Sobre a funcionalização da função docente e a verticalização da sua carreira, mecanicamente e abusivamente tomada de experiências teóricas de outras profissões e a que a professora MLR denomina, com imensa graça sociológica, de novo "paradigma", falaremos um dia.

A primeira questão é simples: a senhora ministra da educação, na sua cegueira teórica, considera que via o desditoso antigo ECD, a progressão da carreira fornecia professores "mais experientes, mais graduados e melhor remunerados mas [que] isso não correspondia a nenhuma responsabilidade", mas ao mesmo tempo no seu novo e santificado ECD coloca, justamente, tais docentes como professores-titulares, ao abrigo do que prosaicamente denomina "meritocracia", num concurso duvidoso e insano. Estamos conversados!

A segunda questão é tão simples como curiosa: a senhora ministra da educação entende (não por experiência própria, como se sabe) que as "nossas escolas tinham um défice dessa responsabilização individual, dessa exigência de trabalho de equipa" e assegura que com a nova organização da administração escolar, com a nova avaliação dos docentes, tal facto é superado. Ora está provado que o que existia, de facto, nas escolas era um trabalho colectivo e em equipa. Do processo ensino-aprendizagem, com as planificações feitas em grupo curricular e validadas em sede de Conselho Pedagógico, até ao trabalho na chamada Escola Cultural e/ou informal, era visível o esforço em equipa dos docentes. Evidentemente que a professora MLR desconhece o que é um projecto educativo, a dimensão organizativa da escola e a construção de uma escola democrática. Não era do seu tempo tais modernices. E que agora pense, com o processo avaliativo (e competitivo) que defende e face ao maior caos curricular que aprontou nas Escolas, que o trabalho pedagógico em equipa sairá reforçado, só revela desconhecimento e falta de consideração pelos professores. De facto, é preciso ter atrevimento. Muito atrevimento!

segunda-feira, 14 de abril de 2008


O Tribunal Constitucional ou o limite do elogio

"Não é sisudo o juiz que tem jeito no que diz e não acerta no que faz" [popular]

O espírito de cobrança política que, em curiosos Plenários, os ilustres conselheiros do Tribunal Constitucional [T.C.] coligem, via apreciação de pedidos de inconstitucionalidade requeridos por grupos de indígenas, não granjeia boa estimação. Que o dr. Cavaco, ou o cérebro do dr. Vitorino, entendam, seguindo com os olhos a beca e o colar dos ilustríssimos conselheiros, que o Palácio Ratton não se deixa "envolver na espuma conjuntural da conflitualidade político-partidária", não só não é boa doutrina como carece de fundamento.

Conhecendo-se o Acórdão nº184/2008 do T.C., onde surge fundamentada a improcedência do pedido de inconstitucionalidade do artigo 46.º, nº3 do ECD, assim como as normas contidas nos artigos 10.º, nº8 e 15.º, do DL nº15/2007, e atendendo, em tese, que o chorado dos conselheiros do Palácio Ratton pode, se devidamente confrontado, estar conforme os preceitos que o direito autoriza, fica sempre a dúvida, por força da redacção dada e face aos vícios materiais aí existentes e não considerados, que a garantia de constitucionalidade observa o "jogo político" ou "direito de estratégias" do receituário constitucional. As curiosas, excessivas e disparatadas (re)interpretações dos doutos conselheiros sobre "meritocracia" ou "cultura de excelência e qualidade", como constam no Acórdão, parecem sair directamente da boca do sr. Sócrates, tal o meticuloso ânimo aí revelado pelos dignos pares.

Não está em causa a legitimidade (por indirecta que seja), nem (talvez) o "modus de escolha" dos conselheiros, mas tão só a ideia que o sentido normativo da Constituição está (como no caso acima referido) ausente, havendo lugar apenas às estratégias políticas dos diversos clientes.

De facto, são tão evidentes as violações dos princípios constitucionais da proporcionalidade (porque excessiva e desproporcionada face aos resultados assumidos) no que o caso diz respeito ao artigo 46º., n.º3 do ECD; é de tal forma visível a arbitrariedade de diferenciações de situações (tomadas) iguais; é tão escandaloso a omissão de averiguações (ex officio) conducentes a entender o que os doutos conselheiros ex abundanti referem como a "avaliação externa das escolas" (sem nunca compreenderem do que se trata e como será feita) , tão só único e putativo referencial para a atribuição da percentagem máxima (de Muito Bom e Excelente) a atribuir aos docentes (que curiosamente os doutos conselheiros consideram de igual formatação aquela que ocorre à avaliação de desempenho dos demais trabalhadores da Função Pública, o que não sendo verdadeiro é demasiado grave para um Tribunal); que ilustra bem a insensatez de tão ilustrados juízes.

Com tudo isto, o precioso trabalho do Tribunal Constitucional embaraça, definitivamente, a jurisprudência nativa, por muitos que sejam os encómios e os discursos ataviados do dr. Cavaco e do sábio Vitorino. Vós o sabeis!

In-Libris – Catálogo

A In-Libris (Porto) apresenta on line um curioso Catálogo de livros de "Cultura Portuguesa", entre os quais: a reprodução fac-similada do Real Teatro de S. Carlos de Lisboa (de Francisco da Fonseca Benevides), a Farsa de Raul Brandão, o estimado Guia Histórico do Viajante no Bussaco (por Augusto M. Simões de Castro), A Selva e os Emigrantes de Ferreira de Castro (ed. comemorativa do 50 anos da vida literária do escritor), a rara separata da revista Ocidente "A Doçaria de Beja na Tradição Provincial" (de Castro e Brito), a obra de B.C. Cincinato da Costa "L’Enseignement Supérieus de l’Agriculture en Portugal" (1900), a colecção de Estudos Nacionais do Instituto de Coimbra (19 vols), literatura infantil (com desenhos de Stuart Carvalhais), o livro póstumo de Augusto Gil "Rosas desta Manhã", a estimada edição da História do Regimen Republicano em Portugal, o Inquérito ao Livro em Portugal de Irene Lisboa, o curioso livro de Adão A. Nunes "Peixes da Madeira" (1953), a revista literária Renovação (1925-26), a colecção completa dos Cadernos da Antologia Sociológica de António Sérgio e as suas Cartas de Problemática.

A consultar on line.

terça-feira, 8 de abril de 2008


O embaraçado da moleza dos dias ficou

Dizem-nos que não existe mais o pregão da "mulher do mingau", ali na Bahia ao romper do sol. Que o "ofício de janelar", que as mocinhas na sua infinita ventura observavam, anda disfarçado entre a vadiagem da noite e a (des)graça da vidinha. E que, até mesmo, as Caponas, mulheres sábias da velha cidade, já não respondem ao chamamento. Enfim, parece que já ninguém gosta de esperar na própria alcova.

Andar a "ruar" (perigoso termo entre os nossos respeitáveis indígenas), já não dá em desaforo. Andar a vagabundar, sem errar nunca (lá dizia o Barão de Itararé) sempre foi a parte "mais gostosa". Mais trabalhosa.

E, meus amigos, em verdade vos digo: na Bahia o mundo ainda não ruiu de todo.

Para os nossos pacientes ledores

António Nóbrega - Truléu, Léu, Léu, Léu, Léu


Bom dia!

domingo, 30 de março de 2008


Arreganhar o dente

"O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente

Gente que seja decente
nem docente
nem docemente
nem delicodocemente

Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente

Gente que enterre o dente
que fira de unhas e dente
e mostre o dente potente
ao prepotente

O que é preciso é gente
que atire fora com essa gente"

Ana Hatherly

José Miguel Júdice: o teorizador

O dr. Júdice, enlevo da rapaziada do sr. Sócrates e seu estimado caudilho, teve uma vida na mocidade (presumidamente) agitada no nacionalismo-revolucionário e continuada, após Abril 74, no requinte enternecido do MDLP. Com o retrato – quando jovem - de Primo de Rivera em décor empolgante, Júdice, que é um abismo de mistério, enfastia-se agora do mundo e reclina-se no cómodo sófa da vidinha indígena. Hoje ergue o báculo democrata, ensaia graciosas cenas com o sr. António Costa e expõe opiniões na TV (com o benevolente dr. António Barreto). O seu talento político de continuidade é de uma meticulosidade obscena. Mas a fé ideológica, essa que adquiriu outrora, mantêm-se. O gentio letrado - como se sabe - nunca se aborrece.

"... Não havendo em Portugal uma tradição nacional-revolucionária (quando muito o nacional-sindicalismo poderá ter tido, o que é discutível, alguns ingredientes esparsos) e mesmo que houvesse – dado o carácter especifico das posições nacionalistas revolucionarias – a grande tarefa actual parece ser a reformulação de uma doutrina adequada às necessidades actuais e próximas da sociedade portuguesa.
A função de um jornal político nacional-revolucionário terá de ser enquadrada neste condicionalismo (…)

Tem faltado à 'Política' [nota: revista de doutrina e acção, dirigida por Jaime Nogueira Pinto, I Série, Ano I, nº1 (Novembro 1969) à II Série, nº 24-25 (Fevereiro 1974), com a colaboração de José Valle de Figueiredo, António Pinheiro Torres, Goulart Nogueira, António Marques Bessa, Pacheco de Amorim, Miranda Barbosa, José Miguel Júdice, Cazal Ribeiro, Rodrigo Emílio, entre outros] uma inequívoca linha ideológica interna que obste à incorrecta identificação por largos sectores da opinião publica da 'Política' com a extrema-direita, reaccionária e conservadora (...)

Quanto ao trabalho teórico de crítica do capitalismo, nas suas várias formas, e do pensamento marxista, é confrangedoramente diminuto. Como consequência disto os desviacionismos teóricos (sobretudo no ataque a formas neo-capitalistas pela defesa inconsciente de outras formas capitalistas) que impedem o desempenho de um papel de 'organizador colectivo' que se impunha.
Claro que muitos destes vícios são mascarados pelos 'contrapontos', onde Jaime Nogueira Pinto exprime o melhor que a 'Política' tem (...)

De um mal sofre ou tem sofrido a actividade nacionalista: mais agarrada aos princípios do que a realidades (...)
Resulta daqui, que a maior parte dos que se confessam nacionalistas não tenha qualquer ideia sobre a resolução dos problemas concretos do dia-a-dia (...)

Se há divórcio entre o País Real e o País Legal – como há; se há divórcio entre a classe política e o país – como há – assume importância grave que essa separação exista também entre o nacionalismo e os problemas nacionais,
Mais grave ainda é que não tenha havido uma rotura – urgente – entre aqueles elementos nacionalistas que têm uma visão revolucionária da vida nacional (e internacional) e haja ainda quem ande a reboque de personalidades ou notáveis ou conservadores ou patrioteiros do seu (e nosso) capital (...)"

[José Miguel Júdice, "Política em questão", in revista Política, nº 24-25, 15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 1974, p. 4-6 - sublinhados nossos]

Leilão de Biblioteca - 31 Março e 1 de Abril

Sob direcção do livreiro-antiquário José Manuel Rodrigues (Livraria Antiquária do Calhariz, Largo do Calhariz, 14, Lisboa) vai à praça uma "valiosa e variada Biblioteca composta de Livros e Manuscritos, com destaque para Obras de Literatura Clássica e Modernista, Camoneana, Queirosiana, Descobrimentos, Porto, Teatro, África, Religião, Arte, Ex-Libris, etc." amanhã, dia 31 de Março e no dia seguinte (1 de Abril), na Casa da Imprensa (Rua da Horta Seca, 20, Lisboa), pelas 21.00 h.

Algumas referências para o 1º dia: revista Acção Realista (1924-1926) / revista Alma Nacional (1910, 34 nms) / Obras de Almada Negreiros / Lote de livros e opúsculos de Moses Bensabat Amzalac / o raro nº único da revista Anathema (1890) / Lote de livros sobre Angola / Obras de João de Araújo Correia / Obras de J. C. Ary dos Santos / a estimada Bibliotheca Lusitana de Barbosa Machado / Obras do Padre Manoel Bernardes / a colecção completa e rara d’O Bibliophilo (1849) / a invulgar publicação Boletim da Academia de Ex-Libris (33 nms) / publicações de Bordallo Pinheiro (A Paródia e a Comedia Portugueza) / a colecção completa da revista Cadernos de Literatura (Coimbra) / uma estimada Camoneana / obras de A. Feliciano de Castilho / várias peças raras de M. Cesariny de Vasconcelos / obras procuradas e esgotadas de João Chagas / a reimpressão da colecção dos nms do Velho Liberal do Douro (1833) / a colecção completa da publicação do Congresso do Mundo Português (19 vols) / Obras de Jaime Cortesão / obras para o estudo do Direito em Portugal / Lote importante e curioso de Documentos e Memórias para a História do Porto / um conjunto de peças de Fernando Emygdio da Silva (com dedicatória do autor) / várias pastas de arquivos contendo Ex-libris / obras de Ferreira de Castro / a revista Folhas de Arte (1924) / obras conhecidas e valiosas de Henrique Galvão (et al) / a gazeta miguelista Gazeta de Lisboa (1829) / gravuras diversas / peças várias de História do Porto.

A não perder.

quarta-feira, 26 de março de 2008


Mudança - por João Paulo Guerra

"O Diário de Notícias de ontem publicou uma interessante comparação entre a legislação laboral tal como os socialistas a defendiam, enquanto oposição ao governo PSD/CDS, e aquilo que o PS agora preconiza na qualidade de governo.

O que pode concluir-se da comparação é que diversas medidas do Código Laboral de Bagão Félix, então criticadas na declaração de voto dos socialistas, são agora ultrapassadas em diversos aspectos anti-laborais pelo próprio PS.

O que é que mudou nestes cinco anos? O carácter das relações entre o capital e o trabalho, as regras dominantes da economia, a relação entre poder económico e político? O que mudou foi o PS. Aliás, vários acontecimentos da vida política centraram-se nestes últimos cinco no supremo desígnio de liquidar o PS que havia.

Em muitas questões essenciais, o actual PS e o PSD são gémeos separados à nascença. Mas há um aspecto fulcral que os distingue: o PS tem mais facilidade em fazer a vida negra ao mundo do trabalho que a direita propriamente dita. Ou seja: o PS liquida direitos laborais em nome dos trabalhadores o que, por razões históricas e de registo de patente política, condiciona a contestação às suas políticas. Na oposição, o PS capitaliza a contestação às mesmíssimas políticas que, uma vez no governo, põe em prática. Esta regra teve um hiato excepcional durante a liderança de Eduardo Ferro Rodrigues, "ministro dos pobres" no governo e contestatário consequente da política laboral da direita na oposição. Arrumado politicamente Ferro Rodrigues, mais nenhum obstáculo se levantou a que o PS faça no governo igual ou pior que aquilo que critica à direita quando está na oposição. Chamem à mudança "cabala" ou outro palavrão qualquer"

[João Paulo Guerra, in Diário Económico - sublinhados nossos]

In-Libris – Mais livros do mês de Março

A In-Libris (Porto) apresenta on line, um conjunto curioso de livros, entre os quais a rara revista Athena, a edição fac-similada da Presença, o Cours d’Architecture que comprend les ordres de Vignole ..., o Almanaque do Palco e das Salas (1926), o Canto da Nossa Agonia (de Casais Monteiro), o estimado livro de B. C. Cincinnato da Costa e Luiz de Castro "Le Portugal au point de vue agricole" (1900), o Atlas de Botânica de António Xavier Pereira Coutinho, a procurada monografia "No Alto Minho. Paredes de Coura" de Narciso Alves da Cunha, poesia de Afonso Duarte, António Nobre, Ana Hatherly, José Régio, Pedro Homem de Melo (O Rapaz da Camisola Verde, 1954), António Correia de Oliveira, Luis Guedes, David Mourão Ferreira, um Guia de Turismo de Guimarães, a rara monografia "Quatro dias na Serra da Estrela" de Emídio Navarro e uma outra monografia "Serra do Gerez" de Tude Martins de Sousa.

A consultar on line.

terça-feira, 25 de março de 2008


Maria Lurdes Rodrigues

"...Maria de Lurdes Rodrigues não pode ficar à espera de receber outra vez o apoio do primeiro-ministro. Depois disto, é seu dever sair do cargo. E não é, como diz constantemente, a mais fácil das soluções. É a medida necessária para que haja soluções. A saída da ministra é, viu-se agora, uma questão de segurança nacional. É a mensagem necessária para a comunidade escolar, alunos e professores, entenderem que o relaxe, a desordem e o experimentalismo desenfreado chegaram ao fim. Que não há protecção política que os salve já da incompetência do Ministério, da DREN e de tudo o mais que nestes três anos nos trouxe à vergonhosa situação que o vídeo do YouTube mostrou ao país e ao Mundo ..."

[Mário Crespo, in Jornal Notícias, 24/03/08 (ler aqui) - via Ramiro Marques]

"... O professor hoje, em Portugal, vive com dificuldades de vida e com medo, esse terrível medo que se apoderou da quase totalidade da população portuguesa. Tenho já o tempo de vida bastante para poder ter observado, durante mais de 20 anos, a evolução duma certa corporação científica, e ter verificado nela a instalação e o alastramento desse processo de destruição progressiva do professor português. E é preciso registar que, a despeito de casos isolados de resistência heróica, esse processo de destruição tem produzido os seus efeitos.

A coisa vai mesmo mais longe – a política do medo não atingiu apenas uma determinada camada social ou profissão. Não, essa política foi a todos os sectores da vida nacional e a todos os núcleos de actividade privada e pública, procurando transformar-nos num povo aterrado, reduzido à condição deprimente de passarmos a vida a desconfiar uns dos outros. Mas o que é curioso, nesta questão, é que, ao fim e ao cabo, não se conseguiu apenas que os pequenos tenham medo uns dos outros e dos grandes, ou os indivíduos tenham medo das instituições. O próprio Estado foi vitima do seu jogo e acabou por ser tomado de medo dos cidadãos ..."

[Bento de Jesus Caraça, in Conferências e Outros Escritos, Lisboa, 1978, p. 203 - via Almanaque Republicano]

segunda-feira, 24 de março de 2008


Almanaque Republicano – Actualização

"... a instrução pública é um arroteamento" [Alexandre Herculano]

Saber ler, escrever e contar, uma instrução pública popular – como direito e obrigação do Estado – e uma educação cívica de homens livres, estiveram sempre na alma socializante e romântica do republicanismo. Mesmo se o "saber ler, escrever e contar" fosse condição de uma técnica de aquisição, a doutrina republicana era entendida como "a entrada da vida" ou o "pão de espírito" que a educação portuguesa necessitaria e a administração republicana assim o exigia.

Na luta contra o analfabetismo, com a "instrução pública" função e domínio do Estado e, ao mesmo tempo, garantia do cidadão, em tal tarefa generosa e educativa, estão sempre presentes os princípios estimados do republicanismo: municipalismo, federalismo e associativismo. Para os republicanos "abrir uma escola, era fechar uma prisão", por isso a educação, no sentido de formar vontades, mentalidades ou "integração na civilização" [Bernardino Machado], era uma tarefa prioritária do ideário republicano (...)

Num momento particularmente difícil - como o de hoje - em que o ensino público e a educação são objecto da mais subversiva e assustadora contra-reforma, num estranho conúbio entre um economicismo doentio & as trapalhadas e os negócios da educação com interesses corporativos, o Almanaque Republicano - feito por dois professores devotos da instrução - irá publicar um conjunto de textos, documentos e memórias, acompanhadas de notas bio-bibliográficas, de pedagogos e professores que, com entusiasmo, participaram na causa comum da instrução pública republicana.

Saúde e fraternidade

in Almanaque Republicano - Dossier A Instrução Pública e a República

A Ministra e o Código da Estrada

Como responso à "insolência" de uma herege jornalista - a propósito da real eficácia desse seu "estimado" código (o Estatuto do Aluno) no caso particular do deplorável acontecimento passado numa escola do Porto -, a senhora ministra da educação retorquiu-lhe com a sábia interpelação:"O Código da Estrada impede os acidentes?".

Entende Maria de Lurdes Rodrigues, via sua "alma falante", que o ensino e a instrução se comparam, na sua natureza psico-pedagógica, com um serviço de estradas, a carecer de formalidades, licenças e "passes" válidos. E que mesmo assim sendo, tendo as licenças de trânsito passadas, a DGV, perdão, o Ministério da Educação não se responsabiliza com a duvidosa conduta dos seus utentes.

Há, lamentavelmente, um equívoco em tudo isto. É que não consta que a dra. Maria Lurdes Rodrigues conduza ou tenha licença de condução. Ao que se diz, foi viajante, com despacho e transporte de bagagens, desse inefável anarquista aposentado, João Freire. E não se lhe conhece, até a carreira parar na 5 de Outubro, nada de substantivo no campo teórico & prático em "condução" pedagógica, "radares" curriculares ou em "acidentes" educacionais. Quanto muito estudou o regulamento temporário dos engenheiros e outros residentes da profissionalização. Mas foi tudo!

Mas ficará, na sua gloriosa biografia & para o murmurar de futuras retóricas governamentais, o seu contributo para a lexicologia política. Decerto a estudar em qualquer escola de sociologia, que se preze e onde se estude.

domingo, 16 de março de 2008


In-Libris – Livros de Março

A In-Libris (Porto) apresenta para este mês de Março, um conjunto de folhetos [sobre a República, Norton e Matos, etc.] & peças raras ou obras esgotadas de merecida estimação de Abranches Ferrão, Agostinho de Campos, Alberto de Serpa, Alexandre O’Neill, Almada Negreiros, Ana Benavente, Anselmo Vieira, António Sérgio, Augusto Gil, Bento Carqueja, Botto Machado, Carlos Bento da Maia, Cunha Leal, D. António Bispo do Porto, Dante, Eça de Queiroz, Eugène Pelletan, Fernando Pessoa, Ferreira de Castro, Gabriel Gkisley, João Baptista de Castro, João Cabral de Melo Neto, Joaquim Costa, Jorge de Sena, Leopoldo Berchtold, Lúcio d’Azevedo, Luiza Neto Jorge, Mariana Alcoforado, Mário Azevedo Gomes, Mário Ventura, Miguel Torga, José Cardoso Pires, José Jobim, José Régio, Mário Domingues, Paulo Gaspar Ferreira, Pasteur, Pedro Veiga (Petrus), Rousseau, Samuel Johnson, Vieira Transtagano.

A consultar on line.

Quem se mete com o PS ...

... leva com 7.000 (sete mil) almas, que graciosamente viajaram de "Elvas, Resende, Reguengos, Montalegre, Idanha-a-Nova, Guimarães, Castelo Branco” de lábios abertos e olhos entaramelados para a cidade do Porto, no comício dos 3 anos de governo.

A energia desses validos da União Nacional, contou ainda com a presença rija de altos funcionários do Governo, como a laureada Maria Lurdes Rodrigues (exterminadora da escola pública), o sr. Manuel Pinho (enternecido ministro da coisa económica), o irresistível Augusto Santos Chavez (restaurador do conchego democrático), o cintilante padrinho Almeida Santos (génio da civilização indígena), o vigário par(a)lamentar Alberto Martins (astro da pia Assembleia Nacional), o alevantado José Lello (sábio pensador do futebol) & outras inclemências da rosa.

Consta que foi imponentíssima a recepção, com o brilho e o aparato de antanho. As caprichosas toilettes da estação, em louvor do sr. Presidente do Conselho, colheram grande luzimento e apreço, principalmente entre o corpo da blogosfera acreditado junto do governo e que vem comentando com brilho e inexcedível competência técnica a situação da nação.

Do grupo excursionista, registe-se a eloquente prelecção, com que deliciou o espírito da canalha, feita pelo sr. Jorge Coelho – e que nos disse não têm "qualquer cargo político ou partidário" sendo "um cidadão que trabalha e vive do seu trabalho" -, que após trepidante fugidela da consultoria da Mota & Engil, e ainda ofegante de vitalidade e talento, excedeu com as suas impressões inapagáveis o espírito dos fiéis. O auditório aplaudiu freneticamente, em especial quando o sr. Coelho fez a oração de louvor à defunta educação. Por último o eng. José Sócrates disse qualquer coisa, decerto importante que, seguramente, o sr. José Miguel Júdice esclarecerá e o sr. Henrique Monteiro ilustrará no seu jornal.

Eis tudo!

sábado, 8 de março de 2008


Respeito & Solidariedade com os Professores

"Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua
"

[Sophia de Mello Breyner]

Hoje - Manifestação de Professores (14.30) na Pr. Marquês de Pombal, Lisboa

In Memoriam de Maria Gabriela Llansol [1931-2008]

"Maria Gabriela Llansol nasce em 31, de um pai bibliófilo, de uma mãe extremosa e de um avô que intentona, e é deportado. Estudos de Direito. Advocacia rejeitada, para se vir encontrar num dos lugares filosóficos decisivos: viver com miúdos” [in Depois de os pregos na erva ..., 1973]

"... Escondeu-se para escrever; mas, antes, começou por ler no livro em que possuía a sua infinita felicidade
permanecia no princípio mas não tinha princípio; era o próprio princípio e, por consequência, não havia princípio; um no outro estava como o amado no seu amigo; e este amor que os une tem o mesmo valor que num e noutro, a mesma igualdade ...

Leio um texto e vou-o cobrindo com o meu próprio texto que esboço no alto da pagina mas que projecta a sua sombra escrita sobre toda a mancha do livro. Esta sobreposição textual tem por fonte os olhos, parece-me que um fino pano flutua entre os olhos e a mão e acaba cobrindo como uma rede, uma nuvem, o já escrito ..." [in O Livro das Comunidades, 1977]

"... Era uma vez um animal chamado escrita, que devíamos, obrigatoriamente, encontrar no caminho; dir-se-ia, em primeiro, a matriz de todos os animais; em segundo, a matriz das plantas e, em terceiro
a matriz de todos os seres existentes ..." [in Causa Amante, 1984]

quinta-feira, 6 de março de 2008


O insulto do dr. Vital Moreira!

O artigalho – em tom arrogante, grosseiro, sem brilho, nem substância – do impudentíssimo dr. Vital Moreira no jornal Público [4/03/08], intitulado “Os Professores”, é uma desafronta e um evidente insulto aos docentes (de todos os graus de ensino), aos cidadãos contribuintes e suas famílias, à classe governativa e, curiosamente, é injurioso face à obra intelectual do saudoso professor Vital Moreira. A propósito da atitude & crítica fundamentada, persuasiva, de vigilância necessária e séria dos (diversos) docentes à desastrosa e infeliz política (des)educativa do governo, o dr. Vital Moreira insiste num panfleto que é mais uma sensaboria em torno das virtudes governamentais. O discurso (inqualificável) revela, entre uma curiosa e zelante psicose conspirativa, uma angústia pouco esclarecida e não resolvida sobre o problema (e importância) da educação, do ensino público, da Escola e da classe docente, do mesmo modo que está sempre oculto o "encargo da prova" feito pelos docentes (desde o início), em toda esta questão.

O expediente insidioso do dr. Vital Moreira [VM], ao considerar que a putativa "luta" [VM dixit] dos docentes se centra "na defesa de interesses profissionais", ou não fossem para VM as pouco cariciosas corporações um caso nefando pátrio, é um costumeiro e intratável pregão, com "boa" escola mas de muito atrevimento. Picarescamente, o sábio VM deixa de fora dessa arrazoada funesta, e sem a mínima reserva, a confraria dos empregados da política, as luminárias dos partidos e sua indiscreta clientela.

O piedoso VM, nesse presuntivo enxurro corporativo (em que o "arrumo" ou o critério de leitura está ausente), estabelece uma curiosa "dissidência" entre as ditas corporações (docentes, médicos, juízes, funcionários públicos em geral) e a população ou canalha. Esta, ajoelhada e vergada às "corporações" - "forças de conservação e de reacção [mais] do que mudança" (tese afinal "que não é em geral verdadeira", como se estuda em qualquer manual de história ou direito) -, veria espantada "passar" as tradicionais "reformas" (pelo que se presume, nunca consumadas), das quais eram directamente (e unicamente) "beneficiárias". Esta pouco meticulosa quanto desaprumada (o contexto field-dependent da medida argumentativa, não aparece nunca) especialidade na argumentação de VM terá os seus encantamentos entre a boçal classe política, em especial a juventude partidária, ou em algum raminho de comentadores até, mas não colhe o génio entre aqueles que estudam, conhecem e vivem a realidade do ensino e da educação em Portugal.

A composição do dr. VM, portanto, não identifica os problemas presentes da educação; não define os objectivos educacionais do governo e as metas a alcançar com a putativa "reforma"; não compreende o que é a escola, o seu espaço escolar e a comunidade envolvente; não distingue a especificidade da profissão docente entre as suas congéneres; não reconhece a importância dos muitos estudos sobre a autonomia e gestão das escolas, a avaliação de professores e alunos ou o estatuto da carreira docente; não avalia a justeza da argumentação técnico-pedagógica usada pelos professores para explicar o seu mal-estar; não é sensível à humilhação pública da classe docente; não justifica os métodos e procedimentos autistas, arrogantes e anti-democráticos praticados pelo ME; não relaciona essas práticas autoritárias e humilhantes com a ignorância existente sobre todas essas supracitadas matérias, por parte do grupo residente no ME; nem aceita a responsabilidade do seu comportamento em toda esta questão.

O dr. Vital Moreira esforça-se por saber admirar a lide da governação. Mas não basta. Tem de estudar mais, ser mais convincente, mais verdadeiro e menos injurioso. E exibir mais respeito pelos docentes deste país, alguns dos quais foram seus alunos. Para que seja ouvido e lido, com estima e consideração. Se então o merecer!

[Foto retirada do blog do meu caro amigo Ademar Santos, com a devida vénia]

domingo, 2 de março de 2008


Hoje ... estivemos assim ... assim!

Andamos em curiosa arrumação musical. Entre o monte de lixo da vida política indígena, abrimos a luz e a suavidade das noutes ... com música. Também as fechamos, mas isso é glória nossa que não queremos ver aqui delapidada. Estamos, por isso mesmo, quase cantadores de feiras & discos piratas. Valha-nos a santa Asae!

Para finíssimos & requintados ledores, eis

Modest Mouse - Education

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V. Excia - evidentemente com autorização governamental - anda atulhado na vidinha, com pouca vibração para a avaliação do vizinho(a), tosse com frequência quando depara na TV com a Sra. Ministra da Avaliação ou o dr. Jorge Coelho? V. Excia - evidentemente com autorização governamental - recorre ao cardápio de moléstias quando sente afrontamentos e tonturas ao ouvir o sr. Albino Almeida falar dos "nossos filhos", caindo em abatimento prolongado, que nem os banhos de mar o aproveitam? V. Excia - evidentemente com autorização governamental – corre ao cozimento de figos ou a um chá de sabugueiro, quando um calafrio irrompe por todo o seu corpo quando, em caridade cristã, ouve o sr. Valentim Loureiro fazer copiosos elogios à Sra. Ministra da Avaliação? V. Excia, que não frequenta as "moutas" da literatura nem ornamenta a livraria - evidentemente com autorização governamental – tem arremedos de manifesta coqueluche todas as 3ª feiras da semana, na prelecção do sr. M. Sousa Tavares, e corre a aplicar um chá da Índia ou mesmo um cataplasma de mostarda nos pés, para o desejado tratamento?


... então não hesite. Contra o cansaço doloroso, sono agitado, calafrios insidiosos ou insónia Cavaco Silva - em casa, no escritório ou na escola -, eis que chegou: "O Xarope São João - o melhor para a tosse, bronchites e constipações". O único que não sugere comentários a V. Excia, aos comentadores e ao país. Compre já!